Sociedade

Grandino Rodas foi nomeado para eliminar os focos de tensão

Professor doutor do Instituto de Física e ex-presidente da Adusp diz não ver ponto positivo na gestão Grandino Rodas

O reitor João Grandino Rodas, a 1ª secretária da Adusp, Heloísa Borsari, e o presidente da Associação, João Zanetic. Foto: Agência USP
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A gestão de Grandino Rodas na reitoria da USP é uma das da história da universidade. Questionado sobre os pontos positivos da gestão Grandino Rodas na USP, o professor doutor do Instituto de Física João Zanetic é enfático: não tem.

Presidente da Adusp, a associação dos docentes da USP, entre julho de 2009 e julho de 2011, ele relata uma tentativa de aproximação da reitoria logo que Rodas tomou posse. “Tivemos várias conversas e em momento algum conseguimos estabelecer um diálogo profícuo.”

Os motivos? “É possível que o Rodas tenha sido nomeado para ‘pacificar’, entre aspas, a universidade. Ou seja: eliminar focos de tensão.”

Confira abaixo o relato:

“O balanço tem de ser feito num período mais longo. A escolha obviamente tem conotação política. Rodas teve uma gestão complicada na faculdade de Direito, e mais tarde foi considerado persona non grata. Um motivo de críticas de alunos e professores foi a homenagem com os nomes de banqueiros familiares de banqueiros nos auditórios na faculdade.

Ele começou a gestão tentando se mostrar aberto o diálogo. Ele me procurou para uma visita quando era presidente da Adusp. Depois, tivemos várias conversas e em momento algum conseguimos estabelecer um diálogo profícuo em relação a nossas demandas.

Nas reuniões, ele simplesmente atropelava as discussões e foi conseguindo uma penetração cada vez maior no âmbito do conselho universitário. E os estudantes e funcionários são subrepresentados no conselho.

A gestão atual aproveitou uma situação dramática da morte de um estudante, e um incidente de menor dimensão – a tentativa de prisão de 3 estudante por estarem fumando maconha, que foi noticiado pela mídia acabou de uma forma pouco educativa – para colocar a PM no campus sem que isso fosse discutido com a comunidade.

Não houve diálogo algum. Já se passaram nove meses desde a morte, e a escuridão em boa parte das regiões menos frequentadas por estudantes continua a mesma.

Em sua gestão, Rodas demonstra uma forma autoritária de gerir a universidade, com ameaça de processos judiciais. Um exemplo foi que ele entrou com interpelação judicial para que diretores da Adusp esclarecessem de que forma municiaram informações usadas para um editorial do Estadão com críticas ao reitor.

Isso mostra o cerceamento à liberdade do sindicato dos trabalhadores, que já tiveram diretor demitido em pleno exercício de direção da entidade. Foi obviamente uma demissão política.

É possível que o Rodas tenha sido nomeado para “pacificar”, entre aspas, a universidade. Ou seja: eliminar focos de tensão.

Uma meta seria instituir cursos pagos na USP via acordos inter-institucionais. É uma lógica como: “Já que a USP não pode cobrar, abriu-se o canal para que os cursos sejam cobrados por parceiros”. Essa brecha está no regimento submetido ao conselho universitário.

Por isso, eu diria que não tem algo positivo na gestão dele.

A memória que guardo da gestão é da truculência e da falta de diálogo que se intensificou na gestão dele.

Essa situação já afeta a qualidade da vida acadêmica porque a maior parte das faculdades está com quadro docente precário. Antes havia um processo rápido para preenchimento de vagas quando os docentes se aposentavam ao atingir 70 anos. Hoje esta fonte está secando, basta ver as classes superlotadas.”

A gestão de Grandino Rodas na reitoria da USP é uma das da história da universidade. Questionado sobre os pontos positivos da gestão Grandino Rodas na USP, o professor doutor do Instituto de Física João Zanetic é enfático: não tem.

Presidente da Adusp, a associação dos docentes da USP, entre julho de 2009 e julho de 2011, ele relata uma tentativa de aproximação da reitoria logo que Rodas tomou posse. “Tivemos várias conversas e em momento algum conseguimos estabelecer um diálogo profícuo.”

Os motivos? “É possível que o Rodas tenha sido nomeado para ‘pacificar’, entre aspas, a universidade. Ou seja: eliminar focos de tensão.”

Confira abaixo o relato:

“O balanço tem de ser feito num período mais longo. A escolha obviamente tem conotação política. Rodas teve uma gestão complicada na faculdade de Direito, e mais tarde foi considerado persona non grata. Um motivo de críticas de alunos e professores foi a homenagem com os nomes de banqueiros familiares de banqueiros nos auditórios na faculdade.

Ele começou a gestão tentando se mostrar aberto o diálogo. Ele me procurou para uma visita quando era presidente da Adusp. Depois, tivemos várias conversas e em momento algum conseguimos estabelecer um diálogo profícuo em relação a nossas demandas.

Nas reuniões, ele simplesmente atropelava as discussões e foi conseguindo uma penetração cada vez maior no âmbito do conselho universitário. E os estudantes e funcionários são subrepresentados no conselho.

A gestão atual aproveitou uma situação dramática da morte de um estudante, e um incidente de menor dimensão – a tentativa de prisão de 3 estudante por estarem fumando maconha, que foi noticiado pela mídia acabou de uma forma pouco educativa – para colocar a PM no campus sem que isso fosse discutido com a comunidade.

Não houve diálogo algum. Já se passaram nove meses desde a morte, e a escuridão em boa parte das regiões menos frequentadas por estudantes continua a mesma.

Em sua gestão, Rodas demonstra uma forma autoritária de gerir a universidade, com ameaça de processos judiciais. Um exemplo foi que ele entrou com interpelação judicial para que diretores da Adusp esclarecessem de que forma municiaram informações usadas para um editorial do Estadão com críticas ao reitor.

Isso mostra o cerceamento à liberdade do sindicato dos trabalhadores, que já tiveram diretor demitido em pleno exercício de direção da entidade. Foi obviamente uma demissão política.

É possível que o Rodas tenha sido nomeado para “pacificar”, entre aspas, a universidade. Ou seja: eliminar focos de tensão.

Uma meta seria instituir cursos pagos na USP via acordos inter-institucionais. É uma lógica como: “Já que a USP não pode cobrar, abriu-se o canal para que os cursos sejam cobrados por parceiros”. Essa brecha está no regimento submetido ao conselho universitário.

Por isso, eu diria que não tem algo positivo na gestão dele.

A memória que guardo da gestão é da truculência e da falta de diálogo que se intensificou na gestão dele.

Essa situação já afeta a qualidade da vida acadêmica porque a maior parte das faculdades está com quadro docente precário. Antes havia um processo rápido para preenchimento de vagas quando os docentes se aposentavam ao atingir 70 anos. Hoje esta fonte está secando, basta ver as classes superlotadas.”

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