Sociedade

“É dia de saudar sua vida”, afirma Dilma sobre Niemeyer

Oscar Niemeyer completaria 105 anos no próximo dias 15

O arquiteto Oscar Niemeyr, morto aos 104 anos, no Rio. Foto: Agência Brasil
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*Matéria atualizada às 9h40

 

A presidenta Dilma Roussef, lamentou, em nota, a morte do arquiteto Oscar Niemeyer e disse que “o Brasil perdeu hoje um dos seus gênios”. “É dia de chorar sua morte. É dia de saudar sua vida.”

De acordo com a presidenta, a história de Niemeyer “não cabe nas pranchetas”. O arquiteto “foi um revolucionário, o mentor de uma nova arquitetura, bonita, lógica e, como ele mesmo definia, inventiva”.

Dilma destacou ainda que “poucos sonharam tão intensamente e fizeram tantas coisas acontecer como ele”.

Ainda segundo a presidenta, “da sinuosidade da curva, Niemeyer desenhou casas, palácios e cidades. Das injustiças do mundo, ele sonhou uma sociedade igualitária”.

“Carioca, Niemeyer foi, com Lúcio Costa, o autor intelectual de Brasília, a capital que mudou o eixo do Brasil para o interior. Nacionalista, tornou-se o mais cosmopolita dos brasileiros, com projetos presentes por todo o país, nos Estados Unidos, França, Alemanha, Argélia, Itália e Israel, entre outros países. Autodeclarado pessimista, era um símbolo da esperança.”

Também em nota, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua mulher, Marisa Letícia, disseram estar juntos “a todo o Brasil no luto pela morte do arquiteto Oscar Niemeyer”. “Ele se vai, mas ficará sempre entre nós, presente nas linhas dos edifícios que plantou no Brasil e em todo o mundo. A monumental Brasília, onde deixou a marca de sua arte e concentrou seus sonhos de uma cidade que pudesse abrigar com carinho e conforto pobres e ricos, homens comuns e poderosos, será sempre a expressão máxima de sua genialidade e de sua generosidade.”

O arquiteto morreu à 21h55 de quarta-feira 5, vítima de complicações renais e desidratação, o arquiteto Oscar Niemeyer, de 104 anos. Ele estava internado desde o dia 2 de novembro  no Hospital Samaritano, em Botafogo, no Rio.

O quadro de saúde de Niemeyer piorou nas últimas horas, e o boletim médico assinado à tarde pelo médico intensivista Fernando Gjorup indicava piora “no estado clínico do arquiteto”.

Por causa de uma infecção respiratória, o arquiteto, que estava na unidade intermediária do hospital, apresentou um quadro de infecção respiratória, ficou sedado e respirando com auxílio de aparelhos.

Ele completaria 105 anos no próximo dias 15.

O corpo de Niemeyer foi embalsamado no laboratório da Santa Casa de Misericórdia, no bairro de Inhaúma, na zona norte do Rio, durante a madrugada. No início da manhã, foi levado em cortejo de volta ao Hospital Samaritano.

O velório será no Palácio do Planalto.

Depois, o corpo volta para o Rio, onde será velado no Palácio da Cidade. O enterro do arquiteto está previsto para sexta-feira 7 no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, decretou luto oficial de três dias na cidade. Em nota, ele disse que um dos maiores gênios que o Brasil deu ao mundo foi mais do que um arquiteto brilhante e inovador que desafiou a lógica e contorceu as formas para criar verdadeiras obras de arte.

“Ele construiu marcos e deixou a sua marca na paisagem e na história de nosso país. Carioca, ele tinha com o Rio de Janeiro uma relação especial”, disse o prefeito por meio de nota.

Para Eduardo Paes, “o Brasil e o mundo perderam hoje um homem que dedicou toda a sua vida a produzir beleza. Mas o que ele criou ficará entre nós como a lembrança de um grande carioca que fez a diferença.”

Espírito inquieto. Símbolo da vanguarda e da crítica ao conservadorismo de ideias e projetos, o carioca Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho, de 104 anos, é apontado como um dos mais influentes na arquitetura moderna mundial.

Os traços livres e rápidos criaram um novo movimento na arquitetura. A capital Brasília é apenas uma das suas inúmeras obras espalhadas pelo Brasil e pelo mundo.

Dono de um espírito inquieto e permanentemente em alerta, Niemeyer lançou frases que ficaram na memória nacional. Ao perder mais um amigo, ele desabafou: “Estou cansado de dizer adeus”. Em meio a um episódio de mais violência no Rio de Janeiro, perguntaram para Niemeyer se ele ainda se indignava, a resposta foi rápida e objetiva. “O dia em que eu não mais me indignar é porque morri.”

Em 1934, Niemeyer se formou na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. De princípios marxistas, ele resistia ao que chamava de arquitetura comercial. Até 2009, ele costumava ir todos os dias ao escritório, em Copacabana, no Rio de Janeiro. A frequência caiu depois de duas cirurgias – uma para a retirada de um tumor no cólon e outra na vesícula. Em 2010, foi internado devido a um quadro de infecção urinária.

Ao longo da sua vida, Niemeyer associou seu trabalho à ideologia. Amigo de Luís Carlos Prestes, ele se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e emprestou o escritório para organizar o comitê da legenda. Durante a ditadura (1964-985), ele se autoexilou na França. Nesse período foi à então União Soviética.

Em 2007, Niemeyer presenteou Fidel Castro, ex-presidente de Cuba, com uma escultura na qual há uma imagem monstruosa que ameaça um homem que se defende com a bandeira de Cuba. No mesmo ano, foi alvo de críticas pelo preço cobrado, no valor de 7 milhões de reais, pelo projeto de construção da sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília.

Independentemente das polêmicas, Niemeyer se transformou em sinônimo de ousadia com a construção de Brasília. Os cartões-postais da cidade foram feitos por ele, como a Igrejinha da 307/308 Sul, construída no formato de um chapéu de freira cuja obra durou apenas 100 dias.

O Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência da República, foi o primeiro edifício público inaugurado na capital, em junho de 1958. Na obra, Niemeyer colocou os pilares na fachada do prédio para simbolizar o emblema de Brasília.

A sede do governo federal, o Palácio do Planalto, compõe o conjunto de edifícios da Praça dos Três Poderes onde estão os prédios do Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional – formado por duas semiesferas simbolizando a Câmara dos Deputados (voltada para cima) e o Senado (voltada para baixo).

Porém, um dos símbolos mais visitados da capital é a Catedral Metropolitana. Construída como uma nave, o acesso ao prédio é possível por meio de uma passagem subterrânea. No teto da igreja, há anjos dependurados.

Em janeiro deste ano (2012), Niemeyer enterrou a filha Anna Maria, de 82 anos, que morreu em consequência de um enfisema pulmonar, no Rio. Desde então, segundo amigos, o arquiteto passou a sair menos de casa e ficou mais fechado.

 

 

 

*Com informações da repórter  Renata Giraldi, da Agência Brasil

*Matéria atualizada às 9h40

 

A presidenta Dilma Roussef, lamentou, em nota, a morte do arquiteto Oscar Niemeyer e disse que “o Brasil perdeu hoje um dos seus gênios”. “É dia de chorar sua morte. É dia de saudar sua vida.”

De acordo com a presidenta, a história de Niemeyer “não cabe nas pranchetas”. O arquiteto “foi um revolucionário, o mentor de uma nova arquitetura, bonita, lógica e, como ele mesmo definia, inventiva”.

Dilma destacou ainda que “poucos sonharam tão intensamente e fizeram tantas coisas acontecer como ele”.

Ainda segundo a presidenta, “da sinuosidade da curva, Niemeyer desenhou casas, palácios e cidades. Das injustiças do mundo, ele sonhou uma sociedade igualitária”.

“Carioca, Niemeyer foi, com Lúcio Costa, o autor intelectual de Brasília, a capital que mudou o eixo do Brasil para o interior. Nacionalista, tornou-se o mais cosmopolita dos brasileiros, com projetos presentes por todo o país, nos Estados Unidos, França, Alemanha, Argélia, Itália e Israel, entre outros países. Autodeclarado pessimista, era um símbolo da esperança.”

Também em nota, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua mulher, Marisa Letícia, disseram estar juntos “a todo o Brasil no luto pela morte do arquiteto Oscar Niemeyer”. “Ele se vai, mas ficará sempre entre nós, presente nas linhas dos edifícios que plantou no Brasil e em todo o mundo. A monumental Brasília, onde deixou a marca de sua arte e concentrou seus sonhos de uma cidade que pudesse abrigar com carinho e conforto pobres e ricos, homens comuns e poderosos, será sempre a expressão máxima de sua genialidade e de sua generosidade.”

O arquiteto morreu à 21h55 de quarta-feira 5, vítima de complicações renais e desidratação, o arquiteto Oscar Niemeyer, de 104 anos. Ele estava internado desde o dia 2 de novembro  no Hospital Samaritano, em Botafogo, no Rio.

O quadro de saúde de Niemeyer piorou nas últimas horas, e o boletim médico assinado à tarde pelo médico intensivista Fernando Gjorup indicava piora “no estado clínico do arquiteto”.

Por causa de uma infecção respiratória, o arquiteto, que estava na unidade intermediária do hospital, apresentou um quadro de infecção respiratória, ficou sedado e respirando com auxílio de aparelhos.

Ele completaria 105 anos no próximo dias 15.

O corpo de Niemeyer foi embalsamado no laboratório da Santa Casa de Misericórdia, no bairro de Inhaúma, na zona norte do Rio, durante a madrugada. No início da manhã, foi levado em cortejo de volta ao Hospital Samaritano.

O velório será no Palácio do Planalto.

Depois, o corpo volta para o Rio, onde será velado no Palácio da Cidade. O enterro do arquiteto está previsto para sexta-feira 7 no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, decretou luto oficial de três dias na cidade. Em nota, ele disse que um dos maiores gênios que o Brasil deu ao mundo foi mais do que um arquiteto brilhante e inovador que desafiou a lógica e contorceu as formas para criar verdadeiras obras de arte.

“Ele construiu marcos e deixou a sua marca na paisagem e na história de nosso país. Carioca, ele tinha com o Rio de Janeiro uma relação especial”, disse o prefeito por meio de nota.

Para Eduardo Paes, “o Brasil e o mundo perderam hoje um homem que dedicou toda a sua vida a produzir beleza. Mas o que ele criou ficará entre nós como a lembrança de um grande carioca que fez a diferença.”

Espírito inquieto. Símbolo da vanguarda e da crítica ao conservadorismo de ideias e projetos, o carioca Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho, de 104 anos, é apontado como um dos mais influentes na arquitetura moderna mundial.

Os traços livres e rápidos criaram um novo movimento na arquitetura. A capital Brasília é apenas uma das suas inúmeras obras espalhadas pelo Brasil e pelo mundo.

Dono de um espírito inquieto e permanentemente em alerta, Niemeyer lançou frases que ficaram na memória nacional. Ao perder mais um amigo, ele desabafou: “Estou cansado de dizer adeus”. Em meio a um episódio de mais violência no Rio de Janeiro, perguntaram para Niemeyer se ele ainda se indignava, a resposta foi rápida e objetiva. “O dia em que eu não mais me indignar é porque morri.”

Em 1934, Niemeyer se formou na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. De princípios marxistas, ele resistia ao que chamava de arquitetura comercial. Até 2009, ele costumava ir todos os dias ao escritório, em Copacabana, no Rio de Janeiro. A frequência caiu depois de duas cirurgias – uma para a retirada de um tumor no cólon e outra na vesícula. Em 2010, foi internado devido a um quadro de infecção urinária.

Ao longo da sua vida, Niemeyer associou seu trabalho à ideologia. Amigo de Luís Carlos Prestes, ele se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e emprestou o escritório para organizar o comitê da legenda. Durante a ditadura (1964-985), ele se autoexilou na França. Nesse período foi à então União Soviética.

Em 2007, Niemeyer presenteou Fidel Castro, ex-presidente de Cuba, com uma escultura na qual há uma imagem monstruosa que ameaça um homem que se defende com a bandeira de Cuba. No mesmo ano, foi alvo de críticas pelo preço cobrado, no valor de 7 milhões de reais, pelo projeto de construção da sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília.

Independentemente das polêmicas, Niemeyer se transformou em sinônimo de ousadia com a construção de Brasília. Os cartões-postais da cidade foram feitos por ele, como a Igrejinha da 307/308 Sul, construída no formato de um chapéu de freira cuja obra durou apenas 100 dias.

O Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência da República, foi o primeiro edifício público inaugurado na capital, em junho de 1958. Na obra, Niemeyer colocou os pilares na fachada do prédio para simbolizar o emblema de Brasília.

A sede do governo federal, o Palácio do Planalto, compõe o conjunto de edifícios da Praça dos Três Poderes onde estão os prédios do Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional – formado por duas semiesferas simbolizando a Câmara dos Deputados (voltada para cima) e o Senado (voltada para baixo).

Porém, um dos símbolos mais visitados da capital é a Catedral Metropolitana. Construída como uma nave, o acesso ao prédio é possível por meio de uma passagem subterrânea. No teto da igreja, há anjos dependurados.

Em janeiro deste ano (2012), Niemeyer enterrou a filha Anna Maria, de 82 anos, que morreu em consequência de um enfisema pulmonar, no Rio. Desde então, segundo amigos, o arquiteto passou a sair menos de casa e ficou mais fechado.

 

 

 

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