Política

Personagens do ‘mensalão’: Roberto Jefferson, o acusador

O homem que revelou o suposto esquema hoje desafia o STF e duvida de condenação

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Aos 59 anos, Roberto Jefferson se define em seu blog como motociclista e cantor amador. Há até foto do ex-deputado em cima de uma Harley Davidson. A aparente tranquilidade contrasta com o personagem teatral responsável pela queda da cúpula do PT e de figuras chaves do primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva em 2005. Uma administração, ironicamente, apoiada pelo petebista.

Em junho de 2005, uma entrevista de Jefferson ao jornal Folha de S.Paulo causou a maior crise política do governo Lula e o tornou conhecido nacionalmente. O ex-deputado revelou a existência de um suposto esquema de mesadas de 30 mil reais a parlamentares aliados em troca de apoio ao governo. A entrevista foi dada dias após o petebista ser envolvido em notícias sobre possíveis desvios nos Correios. Um vídeo divulgado à época mostrava Maurício Marinho, então funcionário da estatal, recebendo propina de empresários. O homem dizia ter o consentimento de Jefferson. Acuado e se sentindo abandonado pelo governo, o presidente do PTB partiu para o ataque ao cunhar na entrevista a expressão “mensalão”.

Pouco depois, surgiu com ataques (e um olho roxo) na CPI dos Correios. Na comissão, declarou que o “mensalão” continuou a funcionar mesmo após Lula ser informado do suposto esquema. As mesadas, segundo ele, eram entregues por meio de uma agência do Banco Rural em Brasília. A revelação o lançou ao papel de homem-bomba: em setembro de 2005, ele foi cassado por quebra de decoro parlamentar ao apresentar acusações sem provas. Em juizo, desmentiu a tese do pagamento regular a deputados.

Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF), que traz Jefferson entre os 38 réus no processo sob as acusações de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, ele recebeu valores do suposto esquema. Documentos apreendidos no Banco Rural e nas agências de publicidade de Marcos Valério indicam Jefferson e colegas do PP, PL, PMDB e PTB como beneficiários.   

A PGR sustenta que em 2003 foram repassados mais de 1 milhão de reais ao então presidente do PTB, José Carlos Martinez, em troca do apoio ao governo Lula. Quando Jefferson assumiu o cargo em dezembro daquele ano, teria recebido cerca de 4,5 milhões de reais. Algo que o ex-deputado admite, mas alega ser parte de um acordo com o PT para a doação de 20 milhões de reais nas eleições municipais do ano anterior.

A defesa de Jefferson afirma não haver “fundamento fático” para as acusações de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo os advogados, o PTB apoiou o PT desde o segundo turno das eleições presidenciais e fazia parte da base governista com o Ministério do Turismo. Além disso, o réu não teria conhecimento da suposta origem ilícita do dinheiro.

Os principais personagens do ‘mensalão’:

Os advogados de Jefferson também adotam a tese de que Lula sabia do esquema e deveria ser um dos réus no julgamento. O ex-deputado, porém, defende o contrário.

Deputado federal por seis mandatos seguidos, entre 1983 e 2005, o petebista tem fama entre os opositores de ser dono de umaopinião mutante. Alguns fazem questão de ressaltar os indícios de seu envolvimento com corrupção nos Correios, além de ter atuado na tropa de choque do governo Collor. Até seus familiares políticos evitam fotos ao seu lado para campanhas. Essa inconstância também reflete em suas filiações políticas: esteve no MDB e PP, antes de aportar no PTB, partido do qual foi líder na Câmara entre 1999 e 2002.

Atualmente, Jefferson diz não pensar em ser condenado. Desafiou, inclusive, o STF ao dizer que isto não ocorrerá. Operado de um tumor malígno no pâncreas, o ex-deputado atribui ao mensalão a doença.

Aos 59 anos, Roberto Jefferson se define em seu blog como motociclista e cantor amador. Há até foto do ex-deputado em cima de uma Harley Davidson. A aparente tranquilidade contrasta com o personagem teatral responsável pela queda da cúpula do PT e de figuras chaves do primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva em 2005. Uma administração, ironicamente, apoiada pelo petebista.

Em junho de 2005, uma entrevista de Jefferson ao jornal Folha de S.Paulo causou a maior crise política do governo Lula e o tornou conhecido nacionalmente. O ex-deputado revelou a existência de um suposto esquema de mesadas de 30 mil reais a parlamentares aliados em troca de apoio ao governo. A entrevista foi dada dias após o petebista ser envolvido em notícias sobre possíveis desvios nos Correios. Um vídeo divulgado à época mostrava Maurício Marinho, então funcionário da estatal, recebendo propina de empresários. O homem dizia ter o consentimento de Jefferson. Acuado e se sentindo abandonado pelo governo, o presidente do PTB partiu para o ataque ao cunhar na entrevista a expressão “mensalão”.

Pouco depois, surgiu com ataques (e um olho roxo) na CPI dos Correios. Na comissão, declarou que o “mensalão” continuou a funcionar mesmo após Lula ser informado do suposto esquema. As mesadas, segundo ele, eram entregues por meio de uma agência do Banco Rural em Brasília. A revelação o lançou ao papel de homem-bomba: em setembro de 2005, ele foi cassado por quebra de decoro parlamentar ao apresentar acusações sem provas. Em juizo, desmentiu a tese do pagamento regular a deputados.

Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF), que traz Jefferson entre os 38 réus no processo sob as acusações de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, ele recebeu valores do suposto esquema. Documentos apreendidos no Banco Rural e nas agências de publicidade de Marcos Valério indicam Jefferson e colegas do PP, PL, PMDB e PTB como beneficiários.   

A PGR sustenta que em 2003 foram repassados mais de 1 milhão de reais ao então presidente do PTB, José Carlos Martinez, em troca do apoio ao governo Lula. Quando Jefferson assumiu o cargo em dezembro daquele ano, teria recebido cerca de 4,5 milhões de reais. Algo que o ex-deputado admite, mas alega ser parte de um acordo com o PT para a doação de 20 milhões de reais nas eleições municipais do ano anterior.

A defesa de Jefferson afirma não haver “fundamento fático” para as acusações de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo os advogados, o PTB apoiou o PT desde o segundo turno das eleições presidenciais e fazia parte da base governista com o Ministério do Turismo. Além disso, o réu não teria conhecimento da suposta origem ilícita do dinheiro.

Os principais personagens do ‘mensalão’:

Os advogados de Jefferson também adotam a tese de que Lula sabia do esquema e deveria ser um dos réus no julgamento. O ex-deputado, porém, defende o contrário.

Deputado federal por seis mandatos seguidos, entre 1983 e 2005, o petebista tem fama entre os opositores de ser dono de umaopinião mutante. Alguns fazem questão de ressaltar os indícios de seu envolvimento com corrupção nos Correios, além de ter atuado na tropa de choque do governo Collor. Até seus familiares políticos evitam fotos ao seu lado para campanhas. Essa inconstância também reflete em suas filiações políticas: esteve no MDB e PP, antes de aportar no PTB, partido do qual foi líder na Câmara entre 1999 e 2002.

Atualmente, Jefferson diz não pensar em ser condenado. Desafiou, inclusive, o STF ao dizer que isto não ocorrerá. Operado de um tumor malígno no pâncreas, o ex-deputado atribui ao mensalão a doença.

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