Política

Governador e outras autoridades ‘nunca tiveram vergonha na cara’

Ataque do deputado Marcelo Freixo (PSOL) ocorreu após uma segunda Audiência Pública sobre a construção da Linha 4 do Metrô

“O governador, o secretário de Transportes, o representante da Agência Reguladora de Transportes do Rio de Janeiro , todos, nunca tiveram vergonha na cara, no que diz respeito a transporte público no Rio de Janeiro.”
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“O governador, o secretário de Transportes, o representante da Agência Reguladora de Transportes do Rio de Janeiro , todos, nunca tiveram vergonha na cara, no que diz respeito a transporte público no Rio de Janeiro.”

A frase, agressiva, mostra a indignação do deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL.

Nessa fala, pronunciada no plenário da Assembleia Legislativa do Rio, ele continua cuspindo marimbondos:

“A barca é cara e não funciona; o metrô se tornou mais caro, é o metrô mais caro do Brasil e é péssimo; o sistema de ônibus, a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro faz o que quer, a Fetranspor deita e rola. O investimento nos ônibus, nas linhas é a prefeitura que faz e o empresário que lucra! Cadê a análise de custo dessas empresas, para saber se a passagem é compatível? É segredo de estado, porque o dia que mostrar, vai cair todo mundo!”

A causa da irritação do deputado foi o resultado de uma segunda Audiência Pública sobre a construção da Linha 4 do Metrô do Rio, que deverá, por compromisso com a organização da Copa, chegar “até a Barra da Tijuca.

A polêmica

Só olhando para os dois mapas acima, dá para entender o que acontece: atualmente, com 42 quilômetros, o Metrô do Rio vai da estação Uruguai – Tijuca – até a Praça General Osório, em Ipanema. Possui duas conexões para a linha que segue até a Pavuna, no subúrbio. População, Ministério Público, Políticos de diferentes partidos, Associações de Moradores, enfim, todos, fora o Governo do Estado, exigem o que mostra o segundo mapa: um traçado de rede, ligando o que já existe à Barra. Mas o governador e seu secretário de Obras já bateram o martelo e decidiram apenas prolongar, a partir de Ipanema, a linha para a Barra – mostrada no primeiro mapa.

O povão que usa o Metrô quer a ligação trajetos entre Tijuca e Gávea, e daí, pegar outra linha, em plataforma de nível diferente, rumo à Barra. O mesmo seria feito na ligação Centro/Gávea/Barra.

Com isso não haveria sobrecarga nos trens que passam pela Zona Sul, já saturados e haveria maior facilidade para alcançar a Zona Portuária, apoiando os fortes investimentos que estão sendo feitos para ser revitalizada.

Esse traçado de rede, porém, exigiria licitação, o que não acontece com o que interessa ao governo estadual. Para criar o prolongamento de Ipanema à Barra, pela concessionária, é só começar a obra – a autorização já existe. Bom, existe para a concessionária. Já o povo… deixa pra lá.

Para não alongar o texto, vou apenas reproduzir algumas opinões dos envolvidos no problema:

Vereadora Andrea Gouvêa Vieira (PSDB) – “Para tentar limpar a barra, (na Audiência Pública) Julio Lopes resolveu dar uma “boa notícia”: em 2016, o metrô terá no máximo seis passageiros por metro quadrado. ‘Com muito conforto para o passageiro.’”

Ex-prefeito Cesar Maia (DEM), em seu “ex”-blog: “Já que esse trecho à Ipanema ainda não começou, urge rever o projeto e fazer o percurso pela Gávea ao Metrô de Botafogo e posteriormente pela ligação por túnel à Tijuca.(…) Uma vez deflagrado o processo construtivo na direção Leblon-Ipanema, ele será irreversível. Por isso há pressa em mudar o pré-projeto.”

João Mauro Senise, jornalista, participante do movimento O Metrô Linha 4 que o Rio Precisa: “Os 19 trens que a concessionária disse ter comprado, são prometidos desde 2008. Até agora, nenhum deles chegou.(…)  É bom lembrar que a compra dos trens (a promessa, a promessa) foi o que levou o Governo a prorrogar a concessão até 2038!”

Carlos Frederico Saturnino, promotor de Justiça, sobre o estudo ambiental feito por uma empresa contratada pelo Estado: “Imprestável.”

Marcelo Freixo, deputado estadual pelo PSOL: “O escritório de advocacia que defende a concessionária é o da primeira-dama (do Estado), o que é outra vergonha, é um absurdo. É um absurdo o escritório de advocacia que defende a concessionária pertencer à primeira-dama. Isso é uma vergonha, isso é inaceitável! Isso, em qualquer lugar minimamente sério, geraria um processo de investigação profunda, seria proibido. É claro que há conflito de interesses, é óbvio que há conflito de interesses. É por causa disso que estão prolongando a Linha 1 do Metrô, para agradar a essa concessionária.”

Prefeito Eduardo Paes: (….?)

Governador Sergio Cabral: (….?)

Regis Fichtner, Casa Civil do Estado: “O traçado é escolha do Governo. Não há chance de mudar”.

Antonio Carlos Gusmão, presidente da CECA, Comissão Estadual de Controle Ambiental, que dá aprovação final da licença ambiental para as obras: “Se vamos ou não ter uma terceira audiência, quem decidirá será a CECA”.

Esta afirmação é apoiada – e esperada – publicamente pelos vereadores Eliomar Coelho (PSOL), Paulo Pinheiro (PSOL), Sonia Rabello (PV), Carlo Caiado (DEM), Edison da Creatinina (PV), Andrea Gouvea Vieira (PSDB); deputados estaduais Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) e Marcelo Freixo (PSOL) e os federais Alessandro Molon (PSOL) e Otávio Leite (PSDB).

Caso essa movimentação toda não resulte na construção da malha para o metrô, o Rio terá, depois da Copa, uma tripa sobrecarregada que não atenderá o problema de transportes da cidade. Uma herança – do governo Cabral – cara, inútil e funesta.

Terminando, nova cacetada: aviso aos navegantes – a passagem do Metrô Rio passará a R$ 3,20 a partir de segunda-feira, dia 2 de abril. Claro que com direito de dividir um vagão de metrô com outros cinco cidadãos, como já está acontecendo quando o trem se desloca pelo trajeto atual.

“O governador, o secretário de Transportes, o representante da Agência Reguladora de Transportes do Rio de Janeiro , todos, nunca tiveram vergonha na cara, no que diz respeito a transporte público no Rio de Janeiro.”

A frase, agressiva, mostra a indignação do deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL.

Nessa fala, pronunciada no plenário da Assembleia Legislativa do Rio, ele continua cuspindo marimbondos:

“A barca é cara e não funciona; o metrô se tornou mais caro, é o metrô mais caro do Brasil e é péssimo; o sistema de ônibus, a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro faz o que quer, a Fetranspor deita e rola. O investimento nos ônibus, nas linhas é a prefeitura que faz e o empresário que lucra! Cadê a análise de custo dessas empresas, para saber se a passagem é compatível? É segredo de estado, porque o dia que mostrar, vai cair todo mundo!”

A causa da irritação do deputado foi o resultado de uma segunda Audiência Pública sobre a construção da Linha 4 do Metrô do Rio, que deverá, por compromisso com a organização da Copa, chegar “até a Barra da Tijuca.

A polêmica

Só olhando para os dois mapas acima, dá para entender o que acontece: atualmente, com 42 quilômetros, o Metrô do Rio vai da estação Uruguai – Tijuca – até a Praça General Osório, em Ipanema. Possui duas conexões para a linha que segue até a Pavuna, no subúrbio. População, Ministério Público, Políticos de diferentes partidos, Associações de Moradores, enfim, todos, fora o Governo do Estado, exigem o que mostra o segundo mapa: um traçado de rede, ligando o que já existe à Barra. Mas o governador e seu secretário de Obras já bateram o martelo e decidiram apenas prolongar, a partir de Ipanema, a linha para a Barra – mostrada no primeiro mapa.

O povão que usa o Metrô quer a ligação trajetos entre Tijuca e Gávea, e daí, pegar outra linha, em plataforma de nível diferente, rumo à Barra. O mesmo seria feito na ligação Centro/Gávea/Barra.

Com isso não haveria sobrecarga nos trens que passam pela Zona Sul, já saturados e haveria maior facilidade para alcançar a Zona Portuária, apoiando os fortes investimentos que estão sendo feitos para ser revitalizada.

Esse traçado de rede, porém, exigiria licitação, o que não acontece com o que interessa ao governo estadual. Para criar o prolongamento de Ipanema à Barra, pela concessionária, é só começar a obra – a autorização já existe. Bom, existe para a concessionária. Já o povo… deixa pra lá.

Para não alongar o texto, vou apenas reproduzir algumas opinões dos envolvidos no problema:

Vereadora Andrea Gouvêa Vieira (PSDB) – “Para tentar limpar a barra, (na Audiência Pública) Julio Lopes resolveu dar uma “boa notícia”: em 2016, o metrô terá no máximo seis passageiros por metro quadrado. ‘Com muito conforto para o passageiro.’”

Ex-prefeito Cesar Maia (DEM), em seu “ex”-blog: “Já que esse trecho à Ipanema ainda não começou, urge rever o projeto e fazer o percurso pela Gávea ao Metrô de Botafogo e posteriormente pela ligação por túnel à Tijuca.(…) Uma vez deflagrado o processo construtivo na direção Leblon-Ipanema, ele será irreversível. Por isso há pressa em mudar o pré-projeto.”

João Mauro Senise, jornalista, participante do movimento O Metrô Linha 4 que o Rio Precisa: “Os 19 trens que a concessionária disse ter comprado, são prometidos desde 2008. Até agora, nenhum deles chegou.(…)  É bom lembrar que a compra dos trens (a promessa, a promessa) foi o que levou o Governo a prorrogar a concessão até 2038!”

Carlos Frederico Saturnino, promotor de Justiça, sobre o estudo ambiental feito por uma empresa contratada pelo Estado: “Imprestável.”

Marcelo Freixo, deputado estadual pelo PSOL: “O escritório de advocacia que defende a concessionária é o da primeira-dama (do Estado), o que é outra vergonha, é um absurdo. É um absurdo o escritório de advocacia que defende a concessionária pertencer à primeira-dama. Isso é uma vergonha, isso é inaceitável! Isso, em qualquer lugar minimamente sério, geraria um processo de investigação profunda, seria proibido. É claro que há conflito de interesses, é óbvio que há conflito de interesses. É por causa disso que estão prolongando a Linha 1 do Metrô, para agradar a essa concessionária.”

Prefeito Eduardo Paes: (….?)

Governador Sergio Cabral: (….?)

Regis Fichtner, Casa Civil do Estado: “O traçado é escolha do Governo. Não há chance de mudar”.

Antonio Carlos Gusmão, presidente da CECA, Comissão Estadual de Controle Ambiental, que dá aprovação final da licença ambiental para as obras: “Se vamos ou não ter uma terceira audiência, quem decidirá será a CECA”.

Esta afirmação é apoiada – e esperada – publicamente pelos vereadores Eliomar Coelho (PSOL), Paulo Pinheiro (PSOL), Sonia Rabello (PV), Carlo Caiado (DEM), Edison da Creatinina (PV), Andrea Gouvea Vieira (PSDB); deputados estaduais Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) e Marcelo Freixo (PSOL) e os federais Alessandro Molon (PSOL) e Otávio Leite (PSDB).

Caso essa movimentação toda não resulte na construção da malha para o metrô, o Rio terá, depois da Copa, uma tripa sobrecarregada que não atenderá o problema de transportes da cidade. Uma herança – do governo Cabral – cara, inútil e funesta.

Terminando, nova cacetada: aviso aos navegantes – a passagem do Metrô Rio passará a R$ 3,20 a partir de segunda-feira, dia 2 de abril. Claro que com direito de dividir um vagão de metrô com outros cinco cidadãos, como já está acontecendo quando o trem se desloca pelo trajeto atual.

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