Política

Para Dilma, Lava Jato tem o objetivo de tirá-la do cargo

A presidenta e seu círculo íntimo sabiam que uma investida contra Lula estava sendo gestada

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O Palácio do Planalto ainda avalia como enfrentar as consequências políticas da investida da Operação Lava Jato contra o ex-presidente Lula, mas por lá não há surpresa, nem dúvidas de que o País caminha para a radicalização e de que o principal cérebro anti-Lula das investigações é o juiz federal Sergio Moro.

Há dias era possível ouvir de ministros palacianos que era questão de tempo algum tipo de ação incisiva sobre Lula. Para um deles, Moro parecia ter diversos elementos à mão e estar “tateando, procurando como chegar ao ex-presidente”. 

Na véspera da investida, outro dizia que Moro “não tem coragem de mandar prender o Lula, mas de resto vai autorizar tudo: buscas, apreensões etc”. Dizia mais: haveria sangue nas ruas, devido à reação de partidários do ex-presidente, se algo mais sério acontecesse contra Lula. 

A recente troca do titular da Justiça precipitou-se exatamente pelo sentimento, no partido e no Planalto, de que era iminente uma investida contra Lula – substituição para a qual contribuiu o crescente convencimento da presidenta Dilma Rousseff de que a Lava Jato adquiriu um viés político: tirá-la do cargo. 

Segundo um ministro do Planalto, José Eduardo Cardozo, ex-titular da Justiça e agora na Advocacia-Geral da União, também desistiu de sobreviver no posto graças ao “fator Lula”. Convencido de não ser mais possível mudar os rumos da Lava Jato, Cardozo não teria imposto resistência à sua saída por temer entrar para história petista como aquele em cuja gestão na Justiça algo sério poderia acontecer a Lula – e a Dilma. 

Dias atrás, Cardozo recebera na Justiça alguns deputados petistas, interessados em investigar irregularidades que teriam sido cometidas pelo ex-presidente FHC para ajudar um filho dele com a jornalista Miriam Dutra. Eles aproveitaram para pressionar Cardozo a tomar providências contra o que consideram perseguição da Polícia Federal contra Lula. Resposta dele: não há o que fazer.

Em outro gabinete do Planalto, ouvia-se há dias que o responsável por colocar a Lava Jato no encalço do ex-presidente não era a Polícia Federal, nem o Ministério Público Federal, este último autor do pedido de busca e apreensão realizada nesta sexta-feira 4 em imóveis de Lula bem bem como de seu depoimento. O cérebro seria o próprio juiz Moro, responsável por autorizar os pedidos.

Uma desconfiança alimentada por um texto escrito pelo juiz em 2004, a analisar a Operação Mãos Limpas, causadora de um estrago político na Itália no início dos anos 1990, com o desaparecimento dos principais partidos.

Em “Considerações sobre a Operação Mani Pulite”, Moro mostra ter a visão de que no combate da corrupção política é preciso chegar sempre ao topo do sistema político. 

No texto, Moro defende “o largo uso da imprensa” no combate à corrução, como aconteceu na Itália. Para ele, se não der para condenar políticos nos tribunais, por insuficiência de provas, “a opinião pública pode constituir um salutar substitutivo, tendo condições melhores de impor alguma espécie de punição a agentes públicos corruptos, condenando-os ao ostracismo.”

Ou seja, desmoralizar um político na mídia para impedi-lo de ganhar eleições. Seria esta a estratégia de Moro com relação Lula?

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