Política

O investimento na formação de atletas brasileiros

Além de ações governamentais, as universidades também têm o papel de desenvolver estudos para dar subsídios ao crescimento do esporte

Foto: Tânia Rego / ABr
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por Paulo Teixeira*

Com o encerramento das Olimpíadas de Londres, não podemos deixar de analisar o desempenho dos atletas brasileiros e construir as projeções para 2016, ano em que o Brasil será sede dos Jogos Olímpicos.

A presidenta Dilma Rousseff esteve presente na capital inglesa no dia da abertura dos jogos, para uma reunião com a delegação brasileira e cobrou uma melhora no desempenho dos esportistas. Em 2008, nas Olimpíadas de Pequim, nossos atletas conquistaram 3 medalhas de outro, 4 medalhas de prata e 8 bronzes. Em Londres, embora tenhamos conquistado 17 medalhas – duas a mais do que a prevista meta divulgada antes do início das competições – ainda mantemos uma média aquém do esperado para quem pretende ocupar um lugar de destaque nos Jogos do Rio de Janeiro.

O número de atletas que representou o Brasil em Londres (259) também está muito abaixo de países como a China, a Rússia e do campeão mundial de atletas olímpicos em competições internacionais, os Estados Unidos, que contaram com 530 atletas em sua delegação. O resultado abaixo do desejado e o número modesto de esportistas brasileiros em competições internacionais são facilmente explicados pela deficiência nacional em políticas de incentivo ao esporte, principalmente no que diz respeito à formação de atletas olímpicos.

Atualmente, os clubes privados substituem governos e são os principais responsáveis pela formação de atletas de ponta do país, sendo que a maioria dos clubes brasileiros é freqüentada pela elite, o que dificulta o acesso popular a muitas modalidades de esportes olímpicos.

A estrutura organizacional esportiva do país é responsável por todo o processo de detecção, formação e promoção dos talentos esportivos, portanto, é justamente essa deficiência histórica que explica os rendimentos discretos da delegação brasileira ao longo da história dos jogos modernos, iniciados em 1896, em Atenas.

É evidente que a formação de esportistas começa na infância, e a educação física nas escolas deve ser parte fundamental desse processo.  Para isso, as prefeituras precisam estar envolvidas e fornecer subsídios para que escolas públicas tenham a estrutura necessária para cuidar da detecção e formação desses atletas, algo similar ao modelo adotado pelos norte-americanos, que acompanham o desenvolvimento de seus esportistas desde pequenos. E mais, podemos observar em países que investem pesado em seus talentos esportivos que a Universidade ocupa um papel central nesse processo.

Paralelamente às políticas de incentivo oferecidas pelo Governo Federal, como a Lei Agnelo/Piva, o Programa Bolsa-Atleta e a Lei de Incentivo Fiscal para o Desporto, a Universidade deve funcionar como um grande pólo de formação de talentos, complementando o trabalho dos clubes. Ao adotar um modelo de incentivo à prática do esporte e à formação de atletas, Universidades públicas e particulares receberiam incentivo público e privado e teriam a responsabilidade de “adotar” um número de atletas com potencial olímpico e cuidar de sua preparação e promoção, formando, assim, centenas de atletas que representariam o Brasil em grandes competições. Além do incentivo, é preciso expandir o interesse brasileiro para esportes além do futebol e, mais ainda, para modalidades individuais e esportes olímpicos.

As Universidades também têm o papel de desenvolver estudos que darão subsídios para o crescimento do esporte brasileiro e pensar em ações estratégicas que encaminhem o processo de formação dos atletas.

A presidenta Dilma Rousseff lançará neste mês de agosto um novo programa de incentivo ao Comitê Olímpico Brasileiro para o período que antecede os Jogos do Rio de Janeiro. Pretende-se que o Brasil, que saiu de Londres ocupando a 22ª posição no quadro de medalhas, chegue aos dez mais. É o primeiro passo para que o desempenho dos nossos atletas em grandes competições seja compatível com a posição que nosso país ocupa, agora, no cenário internacional.

 

*Paulo Teixeira é deputado federal pelo PT

por Paulo Teixeira*

Com o encerramento das Olimpíadas de Londres, não podemos deixar de analisar o desempenho dos atletas brasileiros e construir as projeções para 2016, ano em que o Brasil será sede dos Jogos Olímpicos.

A presidenta Dilma Rousseff esteve presente na capital inglesa no dia da abertura dos jogos, para uma reunião com a delegação brasileira e cobrou uma melhora no desempenho dos esportistas. Em 2008, nas Olimpíadas de Pequim, nossos atletas conquistaram 3 medalhas de outro, 4 medalhas de prata e 8 bronzes. Em Londres, embora tenhamos conquistado 17 medalhas – duas a mais do que a prevista meta divulgada antes do início das competições – ainda mantemos uma média aquém do esperado para quem pretende ocupar um lugar de destaque nos Jogos do Rio de Janeiro.

O número de atletas que representou o Brasil em Londres (259) também está muito abaixo de países como a China, a Rússia e do campeão mundial de atletas olímpicos em competições internacionais, os Estados Unidos, que contaram com 530 atletas em sua delegação. O resultado abaixo do desejado e o número modesto de esportistas brasileiros em competições internacionais são facilmente explicados pela deficiência nacional em políticas de incentivo ao esporte, principalmente no que diz respeito à formação de atletas olímpicos.

Atualmente, os clubes privados substituem governos e são os principais responsáveis pela formação de atletas de ponta do país, sendo que a maioria dos clubes brasileiros é freqüentada pela elite, o que dificulta o acesso popular a muitas modalidades de esportes olímpicos.

A estrutura organizacional esportiva do país é responsável por todo o processo de detecção, formação e promoção dos talentos esportivos, portanto, é justamente essa deficiência histórica que explica os rendimentos discretos da delegação brasileira ao longo da história dos jogos modernos, iniciados em 1896, em Atenas.

É evidente que a formação de esportistas começa na infância, e a educação física nas escolas deve ser parte fundamental desse processo.  Para isso, as prefeituras precisam estar envolvidas e fornecer subsídios para que escolas públicas tenham a estrutura necessária para cuidar da detecção e formação desses atletas, algo similar ao modelo adotado pelos norte-americanos, que acompanham o desenvolvimento de seus esportistas desde pequenos. E mais, podemos observar em países que investem pesado em seus talentos esportivos que a Universidade ocupa um papel central nesse processo.

Paralelamente às políticas de incentivo oferecidas pelo Governo Federal, como a Lei Agnelo/Piva, o Programa Bolsa-Atleta e a Lei de Incentivo Fiscal para o Desporto, a Universidade deve funcionar como um grande pólo de formação de talentos, complementando o trabalho dos clubes. Ao adotar um modelo de incentivo à prática do esporte e à formação de atletas, Universidades públicas e particulares receberiam incentivo público e privado e teriam a responsabilidade de “adotar” um número de atletas com potencial olímpico e cuidar de sua preparação e promoção, formando, assim, centenas de atletas que representariam o Brasil em grandes competições. Além do incentivo, é preciso expandir o interesse brasileiro para esportes além do futebol e, mais ainda, para modalidades individuais e esportes olímpicos.

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*Paulo Teixeira é deputado federal pelo PT

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