Política

O governo paulista precisa rever suas prioridades

O futuro é feito com educação, cultura e esporte e não nos presídios

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Os massacres que culminaram na morte de centenas de presidiários na Amazônia, Roraima e Rio Grande do Norte mostram que algumas práticas deviam ser revistas. A conta não fecha. Quando o Estado aplica mais recursos no sistema carcerário do que na área da educação é sinal de que caminha para o abismo.

Não critico o valor investido na reinserção de quem contrariara a lei. Acredito que todo ser humano pode errar, deve pagar por seus erros e, nos termos da lei, ainda assim, ser tratado como cidadão. Apenas pondero que, se o governo pensar em longo prazo, é melhor ampliar os recursos na formação de valores para futuramente não precisar gastar com a correção de atividades criminosas.

A conta precisa fechar. O futuro é feito com formação em educação, cultura, esportes e não no presídio. Esse sistema precisa formar cidadãos e não vilões.

Dados de 2015 do Fundeb mostravam que o governo de São Paulo investia, até então, 3.787,86 de reais por ano em cada estudante do Ensino Médio, enquanto dados do Consej do mesmo período mostravam que a administração desembolsava anualmente 16,8 mil reais por presidiário.

No orçamento para 2017 que o governador Geraldo Alckmin enviou e aprovou na Assembleia Legislativa de São Paulo, os cortes nas três áreas que formam nossas crianças e jovens foram tremendos, porém para a segurança pública há previsão de crescimento dos investimentos.

Em 2016, São Paulo se tornou o primeiro estado do país a ter um CDP com automação nas portas da cela e viu seu governo aumentar os gastos com armamento. Por outro lado, o mesmo governo tentou uma reorganização do ensino que previa o fechamento de escola e pretendia cortar 2 bilhões de reais da educação. Além disso, Alckmin esvaziou o principal programa de alfabetização e cortou 78% da verba utilizada para construir novas escolas técnicas.

Precisamos dar um giro de 180º e olhar para o futuro. São Paulo precisa rever suas prioridades. Precisamos investir em educação, esportes e cultura. Devemos cuidar de nossas crianças e jovens e não como faz o governo paulista, assim como fez Pilatos, lavando as mãos.

Os jovens não podem ser tratados como problema e, sim, como solução. Se quisermos um estado mais seguro, temos que formar uma geração melhor. Não é com bala, com cassetete, com algemas, mas sim com giz, lápis, cadernos, quadras, música, teatro, diálogo, respeito e amor. A prioridade a ser trabalhada é o cuidado, a disputa de nossos jovens com a criminalidade, com a ociosidade, com as drogas. Temos que investir nas crianças e jovens para amanhã fecharmos as Fundações Casa e os presídios.

*É deputado estadual pelo PT e integra, entre outras, a Comissão de Segurança Pública e Assuntos Penitenciários da Assembleia Legislativa de São Paulo.

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