Política

No voto, e na Justiça, petismo e carlismo duelam em Salvador

Já no primeiro turno, a cidade se dividiu entre ACM Neto (DEM) e Nelson Pelegrino (PT). No segundo turno, deverá ter que escolher entre os dois

ACM Neto faz campanha ao lado de sua vice, Célia Sacramento (PV). Foto: Valter Pontes / Divulgação DEM
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Desde a redemocratização, a Bahia se notabilizou como um estado em que peculiaridades locais costumavam influenciar disputas por cargos públicos. Em algumas oportunidades, o PT e o PSDB, rivais nacionais, estiveram do mesmo lado contra o grupo de Antonio Carlos Magalhães. Com o passar dos anos, e principalmente depois da morte de ACM, em 2007, o carlismo perdeu força, o PSDB baiano também e o PT cresceu. Em 2012, as coisas estão diferentes nas eleições em Salvador. Comandado pelo deputado federal ACM Neto (DEM), o carlismo tenta ressurgir, tendo como grande rival o petismo, representado pelo também deputado Nelson Pelegrino. A disputa hoje é extremamente acirrada e elevou os ânimos dos dois lados.

ACM Netou largou na frente, em junho, ao formar uma coalizão de peso para sua candidatura. Ele conseguiu o apoio da direção do PV, o que indignou alguns militantes “verdes”, e dissuadiu o PSDB de lançar um candidato próprio, atraindo os tucanos para seu barco, aparentemente em troca de apoio a José Serra (PSDB) em São Paulo. No fim de julho e início de agosto, ACM Neto aparecia liderando as pesquisas com uma vantagem capaz de dar a ele a vitória no primeiro turno.

Veio, então, o horário eleitoral e o momento mais quente da campanha (hoje os dois estão tecnicamente empatados nas pesquisas – 34% para o petista contra 31% na última pesquisa Datafolha). No rádio e na tevê, o PT acusou ACM Neto de ser, como o seu partido, contrário à política de cotas para negros nas universidades públicas e levou ao ar o vídeo em que o deputado ameaçava “dar uma surra” no ex-presidente Lula. ACM Neto negou ser contra as cotas (a maioria da população na Bahia se declara negra) e tentou explicar o contexto da frase contra Lula.

O candidato do DEM rebateu afirmando que Nelson Pelegrino e o governador Jaques Wagner, também do PT, pertencem ao “time do mensalão”, caso que está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Os três casos acabaram na Justiça, com processos e recursos de ambos os lados. A briga de ações judiciais é tão intensa que uma delas foi motivada pelo fato de o programa de Pelegrino ter anunciado que ACM Neto estaria sendo processado, algo que o candidato democrata contesta.

Também serviu para esquentar a campanha a proximidade com o atual prefeito de Salvador, João Henrique (PP). Como ele é o terceiro prefeito mais impopular entre todas as capitais brasileiras, a disputa é para saber quem está mais distante de Henrique. O PT lembra que ACM Neto apoiou o pepista nas eleições, e o DEM cita as secretarias municipais ocupadas por petistas.

Se o apoio do prefeito ninguém quer, o do governador também não ajuda muito. Os problemas de Salvador, e o desgaste provocado pelas greves de professores e policiais militares, impedem que Jaques Wagner seja o melhor cabo eleitoral para Pelegrino. Avaliado como bom ou ótimo por menos de 20% dos soteropolitanos, Wagner perde em peso político para Lula e para a presidenta Dilma Rousseff.

O PMDB ficou de lado. Num possível segundo turno, é em Lula e Dilma que Pelegrino aposta as fichas para atrair o apoio do PMDB. A mágoa, entretanto, pode impedir uma aliança formal. O ex-ministro Geddel Vieira Lima, chefe do PMDB baiano, guarda rancor pelo fato de Lula e Dilma terem apoiado abertamente a reeleição de Wagner em 2010, contra o próprio Geddel. Como integrante da base aliada federal, Geddel esperava mais isonomia.

A mágoa foi reforçada em 2012. O PMDB lançou um candidato sem força. O radialista Mário Kertesz, um ex-prefeito biônico de Salvador que prometeu unir “o melhor do carlismo e do petismo”, nunca passou de 8% nas intenções de votos. Com a disputa polarizada, Lula e Dilma manifestaram apoio aberto a Pelegrino. O ex-presidente, recém-recuperado de um tratamento de câncer, chegou a fazer comício em Salvador. Geddel não perdoou e vem rejeitando uma possível aliança no segundo turno.

ACM Neto, por sua vez, conseguiu o apoio de um quadro importante do PSDB, o ex-prefeito Antônio Imbassahy. O tucano queria ser candidato, mas não conseguiu e ficou afastado da campanha. Isso até a metade de setembro, quando aderiu sorridente a ACM Neto. O bonde do PSDB em Salvador incluiu uma arma para tentar contrapor o peso de Lula e Dilma na campanha de Pelegrino. Na sexta-feira, o senador Aécio Neves (MG), ex-governador de Minas Gerais e um provável postulante à Presidência da República, participou de um comício ao lado de ACM Neto.

Se no primeiro turno, com diversas opções, Salvador não conseguiu escapar do duelo carlismo x petismo e a disputa diversas vezes foi parar na Justiça, espera-se que o clima no segundo turno seja ainda mais acirrado.

Desde a redemocratização, a Bahia se notabilizou como um estado em que peculiaridades locais costumavam influenciar disputas por cargos públicos. Em algumas oportunidades, o PT e o PSDB, rivais nacionais, estiveram do mesmo lado contra o grupo de Antonio Carlos Magalhães. Com o passar dos anos, e principalmente depois da morte de ACM, em 2007, o carlismo perdeu força, o PSDB baiano também e o PT cresceu. Em 2012, as coisas estão diferentes nas eleições em Salvador. Comandado pelo deputado federal ACM Neto (DEM), o carlismo tenta ressurgir, tendo como grande rival o petismo, representado pelo também deputado Nelson Pelegrino. A disputa hoje é extremamente acirrada e elevou os ânimos dos dois lados.

ACM Netou largou na frente, em junho, ao formar uma coalizão de peso para sua candidatura. Ele conseguiu o apoio da direção do PV, o que indignou alguns militantes “verdes”, e dissuadiu o PSDB de lançar um candidato próprio, atraindo os tucanos para seu barco, aparentemente em troca de apoio a José Serra (PSDB) em São Paulo. No fim de julho e início de agosto, ACM Neto aparecia liderando as pesquisas com uma vantagem capaz de dar a ele a vitória no primeiro turno.

Veio, então, o horário eleitoral e o momento mais quente da campanha (hoje os dois estão tecnicamente empatados nas pesquisas – 34% para o petista contra 31% na última pesquisa Datafolha). No rádio e na tevê, o PT acusou ACM Neto de ser, como o seu partido, contrário à política de cotas para negros nas universidades públicas e levou ao ar o vídeo em que o deputado ameaçava “dar uma surra” no ex-presidente Lula. ACM Neto negou ser contra as cotas (a maioria da população na Bahia se declara negra) e tentou explicar o contexto da frase contra Lula.

O candidato do DEM rebateu afirmando que Nelson Pelegrino e o governador Jaques Wagner, também do PT, pertencem ao “time do mensalão”, caso que está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Os três casos acabaram na Justiça, com processos e recursos de ambos os lados. A briga de ações judiciais é tão intensa que uma delas foi motivada pelo fato de o programa de Pelegrino ter anunciado que ACM Neto estaria sendo processado, algo que o candidato democrata contesta.

Também serviu para esquentar a campanha a proximidade com o atual prefeito de Salvador, João Henrique (PP). Como ele é o terceiro prefeito mais impopular entre todas as capitais brasileiras, a disputa é para saber quem está mais distante de Henrique. O PT lembra que ACM Neto apoiou o pepista nas eleições, e o DEM cita as secretarias municipais ocupadas por petistas.

Se o apoio do prefeito ninguém quer, o do governador também não ajuda muito. Os problemas de Salvador, e o desgaste provocado pelas greves de professores e policiais militares, impedem que Jaques Wagner seja o melhor cabo eleitoral para Pelegrino. Avaliado como bom ou ótimo por menos de 20% dos soteropolitanos, Wagner perde em peso político para Lula e para a presidenta Dilma Rousseff.

O PMDB ficou de lado. Num possível segundo turno, é em Lula e Dilma que Pelegrino aposta as fichas para atrair o apoio do PMDB. A mágoa, entretanto, pode impedir uma aliança formal. O ex-ministro Geddel Vieira Lima, chefe do PMDB baiano, guarda rancor pelo fato de Lula e Dilma terem apoiado abertamente a reeleição de Wagner em 2010, contra o próprio Geddel. Como integrante da base aliada federal, Geddel esperava mais isonomia.

A mágoa foi reforçada em 2012. O PMDB lançou um candidato sem força. O radialista Mário Kertesz, um ex-prefeito biônico de Salvador que prometeu unir “o melhor do carlismo e do petismo”, nunca passou de 8% nas intenções de votos. Com a disputa polarizada, Lula e Dilma manifestaram apoio aberto a Pelegrino. O ex-presidente, recém-recuperado de um tratamento de câncer, chegou a fazer comício em Salvador. Geddel não perdoou e vem rejeitando uma possível aliança no segundo turno.

ACM Neto, por sua vez, conseguiu o apoio de um quadro importante do PSDB, o ex-prefeito Antônio Imbassahy. O tucano queria ser candidato, mas não conseguiu e ficou afastado da campanha. Isso até a metade de setembro, quando aderiu sorridente a ACM Neto. O bonde do PSDB em Salvador incluiu uma arma para tentar contrapor o peso de Lula e Dilma na campanha de Pelegrino. Na sexta-feira, o senador Aécio Neves (MG), ex-governador de Minas Gerais e um provável postulante à Presidência da República, participou de um comício ao lado de ACM Neto.

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