Política

Igreja não deve ter candidato, diz arcebispo de São Paulo

Em debate com os principais candidatos na arquidiocese de São Paulo, Dom Odílo Scherer critica veladamente a postura do coordenador de campanha de Russomanno, que não foi ao evento

"Escolher um candidato é função do leigo católico e não da Igreja", diz Dom Odílio Scherer. Foto: Danilo Verpa - Folhapress/arquivo
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Dom Odílo Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo, disse que “não é função da igreja apoiar ou indicar candidatos” no início do debate da arquidiocese de São Paulo com os postulantes à prefeitura da cidade, nesta quinta-feira 20. Ele lembrou da legislação eleitoral, que veda a propaganda política dentro de templos de qualquer religião. “Escolher um candidato é função do leigo católico e não da Igreja”. O arcebispo criticou igrejas que são transformadas em “currais eleitorais”.

No último fim de semana, o arcebispo havia divulgado um texto com críticas ao candidato do PRB. A mensagem era uma resposta a Marcos Pereira (PRB), bispo licenciado da Igreja Universal e coordenador da campanha de Celso Russomanno (PRB). Pereira havia relacionado a igreja católica ao kit anti-homofobia, elaborado no ministério da Educação na gestão de Haddad.

Russomanno não esteve presente no debate da arquidiocese de São Paulo. Ele exigia ser recebido pelo cardeal pessoalmente antes do evento, mas não foi atendido. José Serra (PSDB), Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita (PMDB) e Soninha Francine (PPS) estiveram presentes.

Chalita foi o único candidato a criticar a ausência de Russomanno durante o debate. “Temos uma candidato que está em primeiro lugar e nem veio aqui hoje. Um candidato que não tem projeto nenhum, que tem apoios estranhos. Isso é absolutamente preocupante”, disse Chalita. “Eu fico ouvindo as não-propostas do candidato e fico profundamente preocupado com isso.”

O debate teve pouco enfrentamento entre os candidatos. A maior parte das questões, feitas todas pelos padres, foram sobre as parcerias entre a Igreja e o Estado. Nenhum dos candidatos se mostrou contra nenhum tipo de parceira com as organizações católicas.

Santo Agostinho

Serra citou frases do filósofo Santo Agostinho duas vezes durante o debate. Primeiro, disse que “uma meia-verdade é uma mentira inteira”, referindo-se às críticas que a administração de Gilberto Kassab (PSD) na prefeitura vem recebendo. Depois, ao criticar o programa de creches do governo federal, falou: “não é suficiente querer fazer coisas boas, é preciso faze-las bem”.

Em sua fala final, Haddad criticou o adversário. “Eu gosto de fazer as coisas bem feitas. Eu não gosto de citar frase de filosofia que eu leio em orelha de livro. Eu tenho um doutorado na Universidade de São Paulo”.

Serra também aproveitou sua fala final para falar de Haddad e Chalita indiretamente. “Não há nada de usar nomeação como barganha política ou eleitoral, ou uma forma oportunista ficar pulando de um partido para o outro”. Ele se referia a indicação da ex-senador Marta Suplicy ao ministério da Cultura na última semana, quando entrou na campanha de Haddad, e ao fato de Chalita ter trocado duas vezes de partido nos últimos quatro anos.

Ao ser perguntado sobre a violência contra moradores de rua e as atitudes que tomaria contra isso, Serra disse que o governo não tem cometido abusos na área. “Eu me solidarizo aqueles que protestam contra a violência na cidade,” disse Serra.

Gravações da Veja

Após o debate, o candidato tucano foi perguntado sobre o caso das gravações da revista Veja da última semana — a publicação disse que Marcos Valério, pivô do caso do “mensalão”, disse estar arrependido em não deixar o caso chegar até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O advogado de Valério negou que seu cliente tenha conversado com a revista, que está sendo pressionada a divulgar a fita. “Certamente existem as gravações. Acho interessante que essas gravações venham a tona. Se estão contestando a veracidade da matéria, não quero me meter na política da revista Veja, mas o ideal seria ter a gravação. E estou dando o palpite não como candidato.”

Dom Odílo Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo, disse que “não é função da igreja apoiar ou indicar candidatos” no início do debate da arquidiocese de São Paulo com os postulantes à prefeitura da cidade, nesta quinta-feira 20. Ele lembrou da legislação eleitoral, que veda a propaganda política dentro de templos de qualquer religião. “Escolher um candidato é função do leigo católico e não da Igreja”. O arcebispo criticou igrejas que são transformadas em “currais eleitorais”.

No último fim de semana, o arcebispo havia divulgado um texto com críticas ao candidato do PRB. A mensagem era uma resposta a Marcos Pereira (PRB), bispo licenciado da Igreja Universal e coordenador da campanha de Celso Russomanno (PRB). Pereira havia relacionado a igreja católica ao kit anti-homofobia, elaborado no ministério da Educação na gestão de Haddad.

Russomanno não esteve presente no debate da arquidiocese de São Paulo. Ele exigia ser recebido pelo cardeal pessoalmente antes do evento, mas não foi atendido. José Serra (PSDB), Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita (PMDB) e Soninha Francine (PPS) estiveram presentes.

Chalita foi o único candidato a criticar a ausência de Russomanno durante o debate. “Temos uma candidato que está em primeiro lugar e nem veio aqui hoje. Um candidato que não tem projeto nenhum, que tem apoios estranhos. Isso é absolutamente preocupante”, disse Chalita. “Eu fico ouvindo as não-propostas do candidato e fico profundamente preocupado com isso.”

O debate teve pouco enfrentamento entre os candidatos. A maior parte das questões, feitas todas pelos padres, foram sobre as parcerias entre a Igreja e o Estado. Nenhum dos candidatos se mostrou contra nenhum tipo de parceira com as organizações católicas.

Santo Agostinho

Serra citou frases do filósofo Santo Agostinho duas vezes durante o debate. Primeiro, disse que “uma meia-verdade é uma mentira inteira”, referindo-se às críticas que a administração de Gilberto Kassab (PSD) na prefeitura vem recebendo. Depois, ao criticar o programa de creches do governo federal, falou: “não é suficiente querer fazer coisas boas, é preciso faze-las bem”.

Em sua fala final, Haddad criticou o adversário. “Eu gosto de fazer as coisas bem feitas. Eu não gosto de citar frase de filosofia que eu leio em orelha de livro. Eu tenho um doutorado na Universidade de São Paulo”.

Serra também aproveitou sua fala final para falar de Haddad e Chalita indiretamente. “Não há nada de usar nomeação como barganha política ou eleitoral, ou uma forma oportunista ficar pulando de um partido para o outro”. Ele se referia a indicação da ex-senador Marta Suplicy ao ministério da Cultura na última semana, quando entrou na campanha de Haddad, e ao fato de Chalita ter trocado duas vezes de partido nos últimos quatro anos.

Ao ser perguntado sobre a violência contra moradores de rua e as atitudes que tomaria contra isso, Serra disse que o governo não tem cometido abusos na área. “Eu me solidarizo aqueles que protestam contra a violência na cidade,” disse Serra.

Gravações da Veja

Após o debate, o candidato tucano foi perguntado sobre o caso das gravações da revista Veja da última semana — a publicação disse que Marcos Valério, pivô do caso do “mensalão”, disse estar arrependido em não deixar o caso chegar até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O advogado de Valério negou que seu cliente tenha conversado com a revista, que está sendo pressionada a divulgar a fita. “Certamente existem as gravações. Acho interessante que essas gravações venham a tona. Se estão contestando a veracidade da matéria, não quero me meter na política da revista Veja, mas o ideal seria ter a gravação. E estou dando o palpite não como candidato.”

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