Política

Em discurso, Serra acena aos ‘pobres’ e Haddad adota tom emotivo

Tucano cita mensalão e promete comprometimento. Petista evoca Lula e Dilma. E tática para o 2º turno fica desenhada

O candidato tucano José Serra. Foto: Divulgação
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A tática dos candidatos para o segundo turno em São Paulo foi desenhada logo nas primeiras palavras dos pronunciamentos oficiais deste domingo 7. José Serra (PSDB), que chegou à frente com 31% dos votos mas enfrenta uma rejeição de 45% dos eleitores, mirou a população mais pobre, geralmente mais simpática aos candidatos petistas, sobretudo nas franjas da cidade.

“Os pobres, a população mais pobre, serão o centro da nossa política de governo (…) Todos aqueles que são carentes vão poder contar comigo 24 horas por dia”, disse Serra.

O discurso é muito parecido com a fala usada repetidamente por Haddad sobre responsabilidade social. Nestas falas, Serra é sempre apresentado como a representação de um partido insensível aos menos favorecidos. Ao prometer disponibilidade “24 horas por dia”,  o tucano respondia também à principal crítica dos rivais: a de que era um prefeito de meio-mandato, despreocupado com a cidade e de olho em voos mais altos, como fez em 2006 ao deixar a prefeitura e disputar o governo do estado.

De olho no eleitorado de Celso Russomanno (PRB), terceiro colocado com 21% dos votos, Serra prometeu melhorar os “serviços já existentes” e falou em ampliar o transporte público na cidade e os programas de saúde e de saneamento.

A primeira canelada no adversário do segundo turno veio com uma menção indireta ao julgamento do chamado “mensalão”, indicando que o assunto está longe dos palanques em São Paulo. Foi o que aconteceu quando o tucano disse ter uma trajetória política “revestida de valores, coisa que no Brasil ameaça sair de moda e que, com o nosso STF, finalmente está voltando”.

Haddad, por sua vez, preferiu adotar um tom emotivo. Abraçado efusivamente pelos principais nomes do partido em São Paulo, os hoje ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Marta Suplicy (Cultura), ele embargou a voz ao relembrar sua trajetória na campanha.

“Foi uma jornada difícil, eu saí de 3% de intenção de votos, chegamos a 29% dos votos válidos, uma trajetória significativa”, disse Haddad em coletiva.

Como previsível, o candidato trouxe ao discurso os agradecimentos à presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o arquiteto da sua campanha.

“É inevitável agradecer a ajuda de algumas lideranças. Fiquei muito emocionado com duas ligações que recebi, uma da presidenta Dilma Rousseff e outra do ex-presidente Lula, que me ajudaram a consolidar esse plano de governo”, disse Haddad.

A polarização, se ficou pulverizada durante o primeiro turno com o favoritismo surpreendente de Russomanno, a partir de agora estará mais bem delimitada. Dois projetos de governo estarão em debate, com Dilma e Lula de um lado, e Geraldo Alckmin e Fernando Henrique Cardoso, de outro. Serra já acenou querer o apoio dos eleitores petistas, e Haddad terá Dilma como trunfo para conseguir apoio na classe média.

Ao menos no primeiro turno, o mapa da votação – o candidato dominante na periferia, o tucano no centro expandido – repete o desempenho de outras eleições. O final da história é que está em aberto.

 

(Com reportagem de Piero Locatelli)

A tática dos candidatos para o segundo turno em São Paulo foi desenhada logo nas primeiras palavras dos pronunciamentos oficiais deste domingo 7. José Serra (PSDB), que chegou à frente com 31% dos votos mas enfrenta uma rejeição de 45% dos eleitores, mirou a população mais pobre, geralmente mais simpática aos candidatos petistas, sobretudo nas franjas da cidade.

“Os pobres, a população mais pobre, serão o centro da nossa política de governo (…) Todos aqueles que são carentes vão poder contar comigo 24 horas por dia”, disse Serra.

O discurso é muito parecido com a fala usada repetidamente por Haddad sobre responsabilidade social. Nestas falas, Serra é sempre apresentado como a representação de um partido insensível aos menos favorecidos. Ao prometer disponibilidade “24 horas por dia”,  o tucano respondia também à principal crítica dos rivais: a de que era um prefeito de meio-mandato, despreocupado com a cidade e de olho em voos mais altos, como fez em 2006 ao deixar a prefeitura e disputar o governo do estado.

De olho no eleitorado de Celso Russomanno (PRB), terceiro colocado com 21% dos votos, Serra prometeu melhorar os “serviços já existentes” e falou em ampliar o transporte público na cidade e os programas de saúde e de saneamento.

A primeira canelada no adversário do segundo turno veio com uma menção indireta ao julgamento do chamado “mensalão”, indicando que o assunto está longe dos palanques em São Paulo. Foi o que aconteceu quando o tucano disse ter uma trajetória política “revestida de valores, coisa que no Brasil ameaça sair de moda e que, com o nosso STF, finalmente está voltando”.

Haddad, por sua vez, preferiu adotar um tom emotivo. Abraçado efusivamente pelos principais nomes do partido em São Paulo, os hoje ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Marta Suplicy (Cultura), ele embargou a voz ao relembrar sua trajetória na campanha.

“Foi uma jornada difícil, eu saí de 3% de intenção de votos, chegamos a 29% dos votos válidos, uma trajetória significativa”, disse Haddad em coletiva.

Como previsível, o candidato trouxe ao discurso os agradecimentos à presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o arquiteto da sua campanha.

“É inevitável agradecer a ajuda de algumas lideranças. Fiquei muito emocionado com duas ligações que recebi, uma da presidenta Dilma Rousseff e outra do ex-presidente Lula, que me ajudaram a consolidar esse plano de governo”, disse Haddad.

A polarização, se ficou pulverizada durante o primeiro turno com o favoritismo surpreendente de Russomanno, a partir de agora estará mais bem delimitada. Dois projetos de governo estarão em debate, com Dilma e Lula de um lado, e Geraldo Alckmin e Fernando Henrique Cardoso, de outro. Serra já acenou querer o apoio dos eleitores petistas, e Haddad terá Dilma como trunfo para conseguir apoio na classe média.

Ao menos no primeiro turno, o mapa da votação – o candidato dominante na periferia, o tucano no centro expandido – repete o desempenho de outras eleições. O final da história é que está em aberto.

 

(Com reportagem de Piero Locatelli)

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