Política

Dono da Delta nega sociedade com Demóstenes e pagamento de propina

Fernando Cavendish, cuja empresa é acusada de abastecer o esquema de Carlinhos Cachoeira, joga a culpa em Claudio Abreu, um dos diretores de sua empresa

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O empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, empresa acusada de fazer parte do esquema do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, negou ter pagado propina a políticos para fazer avançar os negócios de sua companhia. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Cavendish também negou que o senador Demóstenes Torres (ex-DEM, agora sem partido) seja sócio oculto da empreiteira e disse não conhecer os governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), também acusados de envolvimento com a quadrilha de Cachoeira.

Na entrevista, Cavendish tentou explicar a gravação na qual aparece dizendo que “se colocar R$ 30 milhões na mão de político, ganha negócio”. Cavendish disse que aquela era uma conversa com sócios da Sygma, empresa que a Delta comprou por R$ 30 milhões, preço que ele queria renegociar e que a expressão “ganho qualquer negócio” ficou “horrível, horrível.” Cavendish também negou que tenha recebido pedidos de pagamento de propina por parte de políticos, mas sim de “apoios políticos, para campanhas”. “Se apoio projetos, faço doações, não é que depois vá ganhar [licitações para obras]. Mas posso estar pelo menos bem representado, tenho a oportunidade de ter informação dos futuros investimentos, das prioridades políticas”, disse.

O dono da Delta negou conhecer o senador Demóstenes Torres e afirmou que nunca viu os governadores Agnelo Queiroz e Marconi Perillo. Segundo ele, a Delta “só apanha” no Distrito Federal e, se tivesse ajudado a campanha de Agnelo, não precisaria do araponga “Dadá, de fulaninho, de beltraninho, contando história lá embaixo”. De acordo com Cavendish, a Delta não tem sócios ocultos. “Já inventaram dezenas de sócios para a Delta. [O ex-governador do Rio Anthony] Garotinho foi sócio da Delta, o [ex-prefeito do Rio] Cesar Maia foi sócio. Esquece isso. Não existe. É factóide.”

Cavendish, cuja empresa é acusada de financiar empresas controladas por Carlinhos Cachoeira, disse ter se encontrado apenas uma vez com o bicheiro, de forma casual. Cavendish, entretanto, não poupou o diretor da Delta no Centro-Oeste, Claudio Abreu. “Sou presidente do conselho, no Rio. Não sei o que está acontecendo em Goiás, no Nordeste, no Norte. O Claudio conheceu o Carlos Augusto Ramos. Eu sei quem cada um tá conhecendo? O que me importa são os resultados, os números, que me enviam em relatórios semestrais”, disse. Apesar de afirmar se importar apenas com os números, Cavendish classificou como “imperceptíveis” os R$ 39 milhões que Abreu teria movimentado, uma vez que a Delta “rodou” R$ 5 bilhões entre 2010 e 2011. O dono da Delta afirmou que não há escutas que o liguem a Cachoeira e disse que Abreu, na amizade com o bicheiro, “extrapolou os limites da atuação dele na Delta”.

O mesmo expediente, de jogar a culpa em seus funcionários, Cavendish usou para falar sobre a ligação da empresa com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. “Um diretor nosso conheceu um assessor do José Dirceu. E falou pra mim: ‘Quer conhecer o José Dirceu?’ Só que fizeram um contrato de R$ 20 mil. Até hoje não consegui entender. Mas o imbecil lá resolveu fazer isso”.

Cavendish também negou que sua amizade com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), tenha feito os negócios da Delta florescerem no Estado. De acordo com ele, a construtora cresceu antes disso. “Nossas primeiras obras foram na prefeitura do Rio, na gestão do Cesar Maia. Ele abriu o mercado. Não exigia qualificação técnica mais restritiva que exigisse empresas maiores. Para nós foi ótimo. A gente sabia trabalhar com custo baixo, produtividade”, afirmou. De acordo com Cavendish, não é “justo” e “decente” lembrarem que, desde 2007, quando Cabral assumiu o governo, a Delta ganhou contratos no Estado no valor de R$ 1,4 bilhão.

Cavendish se considera, ou tenta fazer parecer, que é uma vítima das circunstâncias. Disse que “não são só as empreiteiras” que possuem ligações promíscuas com políticos e que, diante de todas as denúncias contra a Delta, sua empresa vai quebrar. Segundo ele, isso se dará porque, diante das denúncias, haverá uma “reação imediata” dos órgãos de controle, como a Receita Federal, os governos. “Agora virei leproso, né? Agora eu só tenho defeitos, eu sou bandido”, disse.

O empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, empresa acusada de fazer parte do esquema do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, negou ter pagado propina a políticos para fazer avançar os negócios de sua companhia. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Cavendish também negou que o senador Demóstenes Torres (ex-DEM, agora sem partido) seja sócio oculto da empreiteira e disse não conhecer os governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), também acusados de envolvimento com a quadrilha de Cachoeira.

Na entrevista, Cavendish tentou explicar a gravação na qual aparece dizendo que “se colocar R$ 30 milhões na mão de político, ganha negócio”. Cavendish disse que aquela era uma conversa com sócios da Sygma, empresa que a Delta comprou por R$ 30 milhões, preço que ele queria renegociar e que a expressão “ganho qualquer negócio” ficou “horrível, horrível.” Cavendish também negou que tenha recebido pedidos de pagamento de propina por parte de políticos, mas sim de “apoios políticos, para campanhas”. “Se apoio projetos, faço doações, não é que depois vá ganhar [licitações para obras]. Mas posso estar pelo menos bem representado, tenho a oportunidade de ter informação dos futuros investimentos, das prioridades políticas”, disse.

O dono da Delta negou conhecer o senador Demóstenes Torres e afirmou que nunca viu os governadores Agnelo Queiroz e Marconi Perillo. Segundo ele, a Delta “só apanha” no Distrito Federal e, se tivesse ajudado a campanha de Agnelo, não precisaria do araponga “Dadá, de fulaninho, de beltraninho, contando história lá embaixo”. De acordo com Cavendish, a Delta não tem sócios ocultos. “Já inventaram dezenas de sócios para a Delta. [O ex-governador do Rio Anthony] Garotinho foi sócio da Delta, o [ex-prefeito do Rio] Cesar Maia foi sócio. Esquece isso. Não existe. É factóide.”

Cavendish, cuja empresa é acusada de financiar empresas controladas por Carlinhos Cachoeira, disse ter se encontrado apenas uma vez com o bicheiro, de forma casual. Cavendish, entretanto, não poupou o diretor da Delta no Centro-Oeste, Claudio Abreu. “Sou presidente do conselho, no Rio. Não sei o que está acontecendo em Goiás, no Nordeste, no Norte. O Claudio conheceu o Carlos Augusto Ramos. Eu sei quem cada um tá conhecendo? O que me importa são os resultados, os números, que me enviam em relatórios semestrais”, disse. Apesar de afirmar se importar apenas com os números, Cavendish classificou como “imperceptíveis” os R$ 39 milhões que Abreu teria movimentado, uma vez que a Delta “rodou” R$ 5 bilhões entre 2010 e 2011. O dono da Delta afirmou que não há escutas que o liguem a Cachoeira e disse que Abreu, na amizade com o bicheiro, “extrapolou os limites da atuação dele na Delta”.

O mesmo expediente, de jogar a culpa em seus funcionários, Cavendish usou para falar sobre a ligação da empresa com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. “Um diretor nosso conheceu um assessor do José Dirceu. E falou pra mim: ‘Quer conhecer o José Dirceu?’ Só que fizeram um contrato de R$ 20 mil. Até hoje não consegui entender. Mas o imbecil lá resolveu fazer isso”.

Cavendish também negou que sua amizade com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), tenha feito os negócios da Delta florescerem no Estado. De acordo com ele, a construtora cresceu antes disso. “Nossas primeiras obras foram na prefeitura do Rio, na gestão do Cesar Maia. Ele abriu o mercado. Não exigia qualificação técnica mais restritiva que exigisse empresas maiores. Para nós foi ótimo. A gente sabia trabalhar com custo baixo, produtividade”, afirmou. De acordo com Cavendish, não é “justo” e “decente” lembrarem que, desde 2007, quando Cabral assumiu o governo, a Delta ganhou contratos no Estado no valor de R$ 1,4 bilhão.

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