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Volta a questão das armas químicas

Armas de “destruição em massa” aparecem nas mãos de rebeldes apoiados pela Turquia e Arábia Saudita

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O uso de armas químicas em subúrbios de Alepo e Damasco, em maio e agosto de 2013, até hoje não foi devidamente esclarecido. Atribuído pelos governos ocidentais ao governo de Bashar al-Assad, pelos aliados deste a rebeldes (Brigada Basha’ir al-Nasr, segundo a Rússia) e por especulações de jornalistas independentes a militares sírios agindo sem autorização do governo, serviu de pretexto em setembro do mesmo ano para o Senado dos EUA aprovar uma intervenção militar na Síria. Foi evitada pela firme oposição da Rússia, ao reforçar sua frota no Mediterrâneo e propor um acordo pelo qual a Síria aderiu à convenção internacional contra armas químicas e entregou seu arsenal para ser desmantelado por técnicos ocidentais, operação oficialmente completada em junho de 2014.

Vários incidentes menores, na maioria afetando militantes fundamentalistas, rebeldes ou curdos, foram denunciados depois disso e frequentemente atribuídos ao exército sírio, embora se saiba que pelo menos o Estado Islâmico também produz e possui armas químicas.

Na quinta-feira 7 de abril, em meio à trégua declarada desde 27 de fevereiro entre o governo sírio e os rebeldes (com exceção da Al-Qaeda e do Estado Islâmico), ocorreu um inegável ataque químico em Alepo, amplamente filmado, fotografado e testemunhado por jornalistas. O bombardeio aconteceu no bairro de Sheikh Maqsud, visou milícias curdas do YPG e deixou pelo menos 23 mortos (dois quais 9 civis) e mais de 100 afetados.

O ataque foi atribuído nos primeiros momentos ao Estado Islâmico por mídias ocidentais e pela Al-Nusra, braço sírio da Al-Qaeda, pela mídia russa, mas horas depois a milícia islâmica Jaysh al-Islam, grupo apoiado pela Turquia e Arábia Saudita que é parte das forças rebeldes que negociam com Assad em Genebra, admitiu que um de seus comandantes de brigada usou armas proibidas. Segundo o grupo, o  comandante em questão foi convocado a uma corte marcial e será responsabilizado por essa situação contrária à sua carta de princípios.

O incidente comprova que forças rebeldes dispõem de fato de armas químicas e são capazes de usá-las em seus mísseis e projéteis, ainda que talvez (como pode ter acontecido no exército sírio) sem autorização de seus superiores. É preciso saber como as obtiveram e se seus patrocinadores tiveram participação no fornecimento dessas armas e no treinamento de seus usuários.

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