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Morre Kenneth Waltz, teórico do neorrealismo

Americano de 88 anos se consagrou como pensador de destaque no cenário político global como o criador de uma das vertentes de maior relevância das relações internacionais

Kenneth Waltz,o "pai" do neorealismo
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Morreu no domingo 12, Kenneth Waltz, um dos mais importantes teóricos das relações internacionais do pós-guerra. O americano, de 88 anos, se consagrou como pensador de destaque no cenário político global ao ser um dos responsáveis pela construção do pensamento neorrealista, uma das vertentes de maior relevância das relações internacionais.

A corrente de pensamento da qual Waltz faz parte tenta explicar e prever conflitos. Para eles, entre outras coisas, os países buscam poder no sistema internacional, que muitas vezes é militar, para garantir sua hegemonia e segurança. Logo, um mundo com apenas uma potência é mais perigoso porque esse país pode impor suas vontades aos outros. Quanto maior o número de potencias, maior o equilíbrio de poder. Esses países analisarão melhor as consequências de um ataque militar se tiverem adversários capazes de infringir danos sérios aos seus territórios e cidadãos.

O neorrealismo defende também que o sistema internacional anárquico e seus atores – os Estados-, podem ser influenciados em sua busca por poder por atores não estatais como agências de desenvolvimento, ONU, ONGs e multicorporações empresariais.

Waltz lecionou na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, onde recebeu um mestrado e doutorado em Ciências Políticas. Também deu aulas na UC-Berkeley e foi professor convidado da Universidade de Harvard e da London School of Economics, na Inglaterra.

Waltz era um defensor da tese de que quanto mais armas nucleares no mundo, maior seria o equilíbrio e a paz global. Ele, inclusive, escreveu recentemente um artigo sobre os benefícios para a estabilidade do Oriente Médio se o Irã obter a tecnologia nuclear na revista de política internacional Foreign Affairs (Leia AQUI) . “Muitas pessoas não gostam de realistas. Realistas encaram o mundo como ele é. A maioria das pessoas querem que o mundo seja melhor e que as pessoas sejam melhores”, disse anos atrás a um jornal da Universidade de Columbia.

Em 1981, no ápice da Guerra Fria e do temor de um confronto nuclear entre as superpotências EUA e União Soviética, ele publicou a monografia The Spread of Nuclear Weapons (A expansão das Armas Nucleares, em tradução livre). A primeira de suas muitas defesas dos efeitos positivos da expansão gradual de armas nucleares. “Países que têm armamentos nucleares coexistem pacificamente, porque sabem que cada um deles podem provocar danos terríveis entre si”, dizia.

Suas teorias foram utilizadas para iluminar os conflitos e problemas políticos do mundo contemporâneo, além de balizar as estratégias de política externa de diversos países.

Waltz também refutava a ideia de que os EUA tinham inimigos substanciais. “Nunca na história moderna um país esteve tão seguro”, disse. “Temos que inventar ameaças. Temos que dramatizar os inimigos para justificar os gastos de defesa.”

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