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Irã pode ter armas nucleares em meados de 2013, diz Netanyahu na ONU

Premiê de Israel diz que Irã é risco ao mundo moderno, mas há dúvidas sobre sua capacidade de convencer os EUA e os israelenses

O premier israelense fala duro sobre o Irã e a paz, mas às vésperas das eleições o povo se indaga: quem é ele? Foto: Mario Tama / Getty Images NA / AFP
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Com um desenho amador estampado em um cartaz, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, conseguiu o que queria ao discursar nesta quinta-feira 27 na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Netanyahu chamou a atenção do mundo todo para uma causa que defende há mais de dez anos: parar o programa nuclear do Irã, considerado por seu governo uma ameaça existencial ao Estado judeu. Se chamou a atenção, há dúvidas quanto ao poder de persuasão do líder israelense.

Netanyahu tentou demonstrar que o perigo de um Irã nuclear não se resume apenas a Israel, mas ao mundo todo. Ele iniciou seu discurso afirmando que o povo judeu “nunca mais será desenraizado” e que Israel está “orgulhosamente ao lado das forças da modernidade”. Em seguida, afirmou que “militantes islamistas querem acabar com o mundo moderno” e que o maior dos perigos seria um Irã com armas nucleares. Netanyahu lembrou que líderes iranianos continuam a negar o Holocausto e a pedir a destruição de Israel e fez um alerta. “Se essa é a agressão iraniana sem armas nucleares, apenas imaginem um Irã com armas nucleares. Quem estaria a salvo no Oriente Médio? Na Europa? Em qualquer lugar?”, questionou.

Na segunda parte de seu discurso, Netanyahu usou o cartaz. O desenho mostrava uma bomba na qual estavam representados os três estágios do programa nuclear iraniano. O primeiro, equivalente a 70% do esforço necessário para fabricar uma bomba nuclear, já está completo, segundo Netanyahu. O segundo estágio, afirmou o premiê, corresponde a 20% do total e o Irã poderia completá-lo na metade de 2013. O estágio final (10% do total) poderia ser cumprido pelo Irã em “algumas poucas semanas”. É preciso, segundo Netanyahu, estabelecer uma linha vermelha (um limite) antes de o Irã completar o segundo estágio de seu programa. “Há apenas um modo de pacificamente parar o Irã, e este é colocar uma linha vermelha no programa nuclear o Irã”, disse Netanyahu. “Linhas vermelhas não levam à guerra, elas previnem uma guerra”, disse. Para Netanyahu, se desafiado por uma linha vermelha, o “governo do Irã vai recuar”.

O discurso de Netanyahu, com seu desenho bastante midiático, certamente foi capaz de chamar a atenção para a questão iraniana. O que não se sabe é se o premiê israelense conseguirá convencer o mundo e, especialmente, o governo dos Estados Unidos, de que atacar o Irã, ou colocar o governo dos aiatolás contra a parede é o caminho correto para lidar com o programa iraniano.

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Antes das eleições de novembro, a chance de o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se juntar a Netanyahu num ataque ao Irã beira o zero. Mesmo se reeleito, não é certo que Obama deseje colocar seu país num conflito de enormes proporções, especialmente depois de conseguir deixar o Iraque e organizar o cronograma de saída do Afeganistão. Mesmo a respeito das táticas de como lidar com o Irã há diferenças. A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, afirmou no começo do mês que a administração Obama não fará ultimatos ao Irã. Os EUA continuam apostando nas sanções econômicas, que de acordo com um documento do Ministério das Relações Exteriores de Israel estão tendo “impacto dramático” na economia e na estabilidade política no Irã.

Dentro de Israel, a postura de Netanyahu também está longe de ser uma unanimidade. Em agosto, o presidente israelense, Shimon Peres, deixou claro ser contrário a um ataque. Na semana passada, uma pesquisa da Universidade Hebreia de Israel mostrou que apenas 20% da população acreditam que o objetivo do Irã é destruir Israel. Além disso, 65% rejeitam um ataque sem o apoio dos EUA e 77% reconhecem que um ataque ao Irã provocará uma grande confrontação regional. Não há dúvidas de que Netanyahu enxerga no Irã um perigo tão grande como era a Alemanha nazista, mas para convencer os Estados Unidos e, principalmente, seus compatriotas, ele vai precisar de mais que um desenho.

Com um desenho amador estampado em um cartaz, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, conseguiu o que queria ao discursar nesta quinta-feira 27 na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Netanyahu chamou a atenção do mundo todo para uma causa que defende há mais de dez anos: parar o programa nuclear do Irã, considerado por seu governo uma ameaça existencial ao Estado judeu. Se chamou a atenção, há dúvidas quanto ao poder de persuasão do líder israelense.

Netanyahu tentou demonstrar que o perigo de um Irã nuclear não se resume apenas a Israel, mas ao mundo todo. Ele iniciou seu discurso afirmando que o povo judeu “nunca mais será desenraizado” e que Israel está “orgulhosamente ao lado das forças da modernidade”. Em seguida, afirmou que “militantes islamistas querem acabar com o mundo moderno” e que o maior dos perigos seria um Irã com armas nucleares. Netanyahu lembrou que líderes iranianos continuam a negar o Holocausto e a pedir a destruição de Israel e fez um alerta. “Se essa é a agressão iraniana sem armas nucleares, apenas imaginem um Irã com armas nucleares. Quem estaria a salvo no Oriente Médio? Na Europa? Em qualquer lugar?”, questionou.

Na segunda parte de seu discurso, Netanyahu usou o cartaz. O desenho mostrava uma bomba na qual estavam representados os três estágios do programa nuclear iraniano. O primeiro, equivalente a 70% do esforço necessário para fabricar uma bomba nuclear, já está completo, segundo Netanyahu. O segundo estágio, afirmou o premiê, corresponde a 20% do total e o Irã poderia completá-lo na metade de 2013. O estágio final (10% do total) poderia ser cumprido pelo Irã em “algumas poucas semanas”. É preciso, segundo Netanyahu, estabelecer uma linha vermelha (um limite) antes de o Irã completar o segundo estágio de seu programa. “Há apenas um modo de pacificamente parar o Irã, e este é colocar uma linha vermelha no programa nuclear o Irã”, disse Netanyahu. “Linhas vermelhas não levam à guerra, elas previnem uma guerra”, disse. Para Netanyahu, se desafiado por uma linha vermelha, o “governo do Irã vai recuar”.

O discurso de Netanyahu, com seu desenho bastante midiático, certamente foi capaz de chamar a atenção para a questão iraniana. O que não se sabe é se o premiê israelense conseguirá convencer o mundo e, especialmente, o governo dos Estados Unidos, de que atacar o Irã, ou colocar o governo dos aiatolás contra a parede é o caminho correto para lidar com o programa iraniano.

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Dentro de Israel, a postura de Netanyahu também está longe de ser uma unanimidade. Em agosto, o presidente israelense, Shimon Peres, deixou claro ser contrário a um ataque. Na semana passada, uma pesquisa da Universidade Hebreia de Israel mostrou que apenas 20% da população acreditam que o objetivo do Irã é destruir Israel. Além disso, 65% rejeitam um ataque sem o apoio dos EUA e 77% reconhecem que um ataque ao Irã provocará uma grande confrontação regional. Não há dúvidas de que Netanyahu enxerga no Irã um perigo tão grande como era a Alemanha nazista, mas para convencer os Estados Unidos e, principalmente, seus compatriotas, ele vai precisar de mais que um desenho.

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