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Google publica mapa com localização de campos de prisioneiros na Coreia do Norte

Por meio de imagens de satélites e de colaboradores norte-coreanos, o Google publicou um mapa atualizado do país comunista, onde o regime censura a internet e proíbe a divulgação de informações cartográficas

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SEUL (AFP) – O Google publicou uma versão atualizada do mapa da Coreia do Norte onde podem ser identificados os sinistros campos de concentração do regime comunista, além de um centro de pesquisa nuclear, em um momento de crescente tensão entre Pyongyang e a comunidade internacional.

“Durante muito tempo, a Coreia do Norte permaneceu como uma das mais amplas zonas com dados cartográficos limitados. Atualmente, estamos remediando”, escreveu em seu blog Jayanth Mysore, diretor do Google Map Maker.

O mapa do país no Google Maps foi elaborado a partir do serviço Google Map Maker e graças às contribuições de usuários – assim como acontece com o modelo de contribuição da enciclopédia do Wikipedia – e imagens de satélites.

O mapa também mostra uma vista mais detalhada de Pyongyang com escolas, hotéis, hospitais, uma catedral, um mercado e parques de um lado e do outro do rio Taedong, que atravessa a capital.

Campos de concentração


Fora da capital, Pyongyang, o mapa está mais vazio: algumas grandes cidades, aeroportos, uma refinaria, um centro de pesquisa nuclear e manchas cinzentas que representam campos de concentração. A 100 km ao nordeste de Pyongyang é possível ver, por exemplo, o campo (kwan-li-so) N°18, identificado como um “gulag”.

Em um relatório de maio de 2011, a Anistia Internacional afirmou que os campos de concentração aumentaram em tamanho e número nos últimos 10 anos e neles estão detidas quase 200 mil pessoas em condições qualificadas como “atrozes”.

“Muitas pessoas no mundo veem a Coreia do Norte com fascinação, mas estes mapas são especialmente importantes para os sul-coreanos que têm conexões ancestrais ou com a família que vive ali”, acrescentou Mysore. No entanto, embora melhorado, o mapa da Coreia do Norte continua sendo muito sucinto.

Isolamento


Tecnicamente, em conflito com a Coreia do Sul desde o final da guerra da Coreia (1950-1953), os norte-coreanos vivem em um dos países mais isolados, com visitas de estrangeiros muito controladas, e censurados do mundo. No país comunista, apenas uma minoria de centenas de pessoas, entre a elite e os estudantes, têm acesso à internet. Tudo isso para não transmitir ao estrangeiro informações sobre a topografia, a urbanização ou a localização de instalações estratégicas.

A publicação deste mapa norte-coreano no Google ocorre depois da viagem ao país do direitor da gigante da internet Eric Schmidt para uma visita “humanitária privada” de três dias, com um ex-diplomata americano Bill Richardson.

Por sua vez, declarou que “a decisão (dos norte-coreanos) de permanecer virtualmente isolados só pode afetar seu universo, seu crescimento econômico”, enquanto “o planeta está cada vez mais conectado”.

O Google já revelou a localização de campos de concentração norte-coreanos graças a seu serviço de imagem por satélite, Google Earth, muito utilizado pelas ONGs de defesa dos direitos humanos.

A divulgação do mapa também foi bem recebida na Coreia do Sul. “Ficaria muito contente de ver um mapa de minha cidade natal”, declarou Lee Nak-Ye, um octogenário que deixou o Norte em 1950 e que preside uma associação de refugiados.

A tensão entre Pyongyang e a comunidade internacional é forte deste que a Coreia do Norte lançou em dezembro um foguete, que Washington e seus aliados consideraram como um novo teste de míssil balístico.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou novas sanções contra o regime norte-coreano que, frente às medidas, anunciou a intenção de realizar um terceiro teste nuclear.

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