Mundo
Dias contados para o ditador sírio Al-Assad?
Derrubada de avião de caça turco colocou a Otan ao lado de Ancara num possível confronto com Damasco
A derrubada do avião de combate turco na sexta-feira pela Síria poderá engatilhar a queda do regime ditatorial de Bashar al-Assad. Na terça-feira 26 o Conselho do Atlântico Norte da Otan considerou “inaceitável” a destruição – e a provável morte dos dois pilotos desaparecidos do caça turco F-4 Phantom.
Em Ancara, o premier Recep Tayyip Erdogan reconheceu que o caça violou “momentaneamente” e “por engano” o espaço aéreo sírio. Erdogan acrescentou: “Qualquer elemento militar procedente da Síria que represente um risco e um perigo de segurança contra a fronteira turca será considerado um objetivo militar”.
Em “tempo oportuno” e com “determinação” a Turquia responderá, finalizou Erdogan.
Por sua vez, o governo sírio rebateu: “O que aconteceu foi uma violação flagrante de nossa soberania”.
A reunião da Otan, a pedido do governo turco, pesa e muito em termos de uma intervenção ocidental na Síria. Com base no artigo 4 do tratado da Aliança, uma ataque contra um integrante da Otan obrigaria todos os outros membros do grupo a intervir a favor do país atacado.
E o secretário-geral da Aliança, Anders Fogh Rasmussen, não poupou a Síria. “Consideramos este ato inaceitável e o condenamos nos termos mais enérgicos. Os Aliados expressaram seu forte apoio e solidariedade à Turquia.”
Embaixadores de 28 países a integrar a Otan, com sede em Bruxelas, participaram da reunião.
Em miúdos, o encontro na capital belga significa uma maior internacionalização do conflito.
Para Ancara seria positiva uma intervenção na Síria para depor Al-Assad. Por vias diplomáticas, o governo turco tentou, inclusive ao lado do governo brasileiro, convencer o ditador sírio a escutar o povo nas ruas. A Turquia, diga-se, divide 800 quilômetros de fronteiras com a Síria. Atualmente 32 mil refugiados sírios encontram-se em campos turcos.
A Síria, claro, poderia retaliar contra a Turquia. Uma tática seria motivar e/ou armar os separatistas curdos a se rebelar contra o governo turco. E poderiam infiltrar os meios de comunicação para incitar ainda mais a opinião pública turca contra uma eventual intervenção dos Aliados na Síria. A vasta maioria dos turcos é, vale exprimir, contra uma guerra como aquela na Líbia contra Muammar Kaddafi.
Mas para a Otan e políticos europeus de diversas inclinações ideológicas não faz mais sentido não intervir na Síria. Seria um erro como, nos anos 90, o de não intervir na guerra entre sérvios cristãos ortodoxos e bósnios muçulmanos. Na Síria, a maioria dos rebeldes são sunitas e a minoria no poder é composta de alauítas (como o próprio Al-Assad), seita xiita.
E como na ex-Iugoslávia, a Síria atravessa uma guerra civil. Em 16 meses morreram 15 mil pessoas, várias delas civis.
Até agora Al-Assad conseguiu se manter no poder graças à força bruta de suas forças armadas, da ajuda militar e política da Rússia – e da falta de vontade ocidental de entrar numa nova aventura militar, como aquela na Líbia.
No entanto, o quadro mudou. A Otan está agora claramente ao lado da Turquia contra a Síria. E um eventual ataque da Turquia contra Síria não pode ser descartado.
Por sua vez, Vladmir Putin, o presidente russo até agora aliado de Al-Assad, poderá, diante da guerra civil na Síria, querer fazer um compromisso com Washington e Bruxelas.
Certamente as preocupações de Putin são as de todos os líderes ocidentais. Quem tomaria o posto de Al-Assad? A oposição estaria infiltrada por integrantes da Al-Qaeda? O fim do atual regime significaria o término ou prosseguimento da atual guerra civil?
De qualquer forma, a dinâmica contra Al-Assad ganhou força.
Com informações da AFP.
A derrubada do avião de combate turco na sexta-feira pela Síria poderá engatilhar a queda do regime ditatorial de Bashar al-Assad. Na terça-feira 26 o Conselho do Atlântico Norte da Otan considerou “inaceitável” a destruição – e a provável morte dos dois pilotos desaparecidos do caça turco F-4 Phantom.
Em Ancara, o premier Recep Tayyip Erdogan reconheceu que o caça violou “momentaneamente” e “por engano” o espaço aéreo sírio. Erdogan acrescentou: “Qualquer elemento militar procedente da Síria que represente um risco e um perigo de segurança contra a fronteira turca será considerado um objetivo militar”.
Em “tempo oportuno” e com “determinação” a Turquia responderá, finalizou Erdogan.
Por sua vez, o governo sírio rebateu: “O que aconteceu foi uma violação flagrante de nossa soberania”.
A reunião da Otan, a pedido do governo turco, pesa e muito em termos de uma intervenção ocidental na Síria. Com base no artigo 4 do tratado da Aliança, uma ataque contra um integrante da Otan obrigaria todos os outros membros do grupo a intervir a favor do país atacado.
E o secretário-geral da Aliança, Anders Fogh Rasmussen, não poupou a Síria. “Consideramos este ato inaceitável e o condenamos nos termos mais enérgicos. Os Aliados expressaram seu forte apoio e solidariedade à Turquia.”
Embaixadores de 28 países a integrar a Otan, com sede em Bruxelas, participaram da reunião.
Em miúdos, o encontro na capital belga significa uma maior internacionalização do conflito.
Para Ancara seria positiva uma intervenção na Síria para depor Al-Assad. Por vias diplomáticas, o governo turco tentou, inclusive ao lado do governo brasileiro, convencer o ditador sírio a escutar o povo nas ruas. A Turquia, diga-se, divide 800 quilômetros de fronteiras com a Síria. Atualmente 32 mil refugiados sírios encontram-se em campos turcos.
A Síria, claro, poderia retaliar contra a Turquia. Uma tática seria motivar e/ou armar os separatistas curdos a se rebelar contra o governo turco. E poderiam infiltrar os meios de comunicação para incitar ainda mais a opinião pública turca contra uma eventual intervenção dos Aliados na Síria. A vasta maioria dos turcos é, vale exprimir, contra uma guerra como aquela na Líbia contra Muammar Kaddafi.
Mas para a Otan e políticos europeus de diversas inclinações ideológicas não faz mais sentido não intervir na Síria. Seria um erro como, nos anos 90, o de não intervir na guerra entre sérvios cristãos ortodoxos e bósnios muçulmanos. Na Síria, a maioria dos rebeldes são sunitas e a minoria no poder é composta de alauítas (como o próprio Al-Assad), seita xiita.
E como na ex-Iugoslávia, a Síria atravessa uma guerra civil. Em 16 meses morreram 15 mil pessoas, várias delas civis.
Até agora Al-Assad conseguiu se manter no poder graças à força bruta de suas forças armadas, da ajuda militar e política da Rússia – e da falta de vontade ocidental de entrar numa nova aventura militar, como aquela na Líbia.
No entanto, o quadro mudou. A Otan está agora claramente ao lado da Turquia contra a Síria. E um eventual ataque da Turquia contra Síria não pode ser descartado.
Por sua vez, Vladmir Putin, o presidente russo até agora aliado de Al-Assad, poderá, diante da guerra civil na Síria, querer fazer um compromisso com Washington e Bruxelas.
Certamente as preocupações de Putin são as de todos os líderes ocidentais. Quem tomaria o posto de Al-Assad? A oposição estaria infiltrada por integrantes da Al-Qaeda? O fim do atual regime significaria o término ou prosseguimento da atual guerra civil?
De qualquer forma, a dinâmica contra Al-Assad ganhou força.
Com informações da AFP.
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