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Criação de “superministério” de Finanças na Europa divide países

Autoridades do bloco parecem concordar apenas com pacote de 130 bilhões de euros em estímulo ao crescimento

Foto: Georges Gobet/AFP
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Os líderes europeus se reúnem nesta quinta-feira 28 e sexta-feira 29, em Bruxelas, em busca de soluções para a crise da Zona do Euro. A fala do presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, na abertura da cúpula, indicou o tom do evento: é necessário avançar “para reativar o crescimento e o emprego”. Mas os chefes de Estado do bloco sustentam posições distintas em como sair da crise e o impasse deve se manter na reunião.

Uma proposta polêmica surge neste cenário. As autoridades da União Europeia (UE) sugeriram a criação de uma entidade europeia que teria poderes sobre os orçamentos nacionais dos países do bloco. Pelo plano, Bruxelas ganharia poderes sobre a soberania dos países da Zona do Euro para mudar orçamentos fora das metas de déficit. Seria uma espécie de superministério de Finanças a vasculhar as contas dos 17 membros do bloco, que teria um prazo de dez anos para ser criado.

A ideia foi vista com desconfiança pela chanceler alemã, Angela Merkel, para quem o plano é focado em dividir responsabilidade sem ênfase o suficiente na disciplina fiscal. Mas ela não descartou a proposta. Outro que demonstrou preocupação em conceder “muitos poderes” a Bruxelas foi o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron.

Em meio a discordâncias, os dirigentes europeus estão de acordo em ao menos um aspecto. Há uma semana, foi anunciado em Roma pelos presidentes de Itália, Alemanha, França e Espanha um plano para estimular o crescimento estimado em 130 bilhões de euros. A medida vai focar em investimentos em infraestruturas transfronteiriças.

Em busca da integração fiscal

Na cúpula, os países devem buscar uma maior integração fiscal e bancária no continente, além de encontrar soluções urgentes para Itália e Espanha, ambos sob forte pressão dos mercados. Por isso, alemães, franceses, italianos e espanhóis realizaram nos últimos dias diversas reuniões preparatórias ao evento. Mesmo assim, não houve acordos. A chanceler da Alemanha insiste que não há “solução rápida ou fácil para a crise” e reforça importância de reformas estruturais nos países com problemas, além das medidas de austeridade. Merkel não quer ceder em muitos pontos, como a recapitalização direta aos bancos sem passar pelos Estados.

Um item defendido pelo presidente francês, François Hollande. Eleito sob a perspectiva de buscar o crescimento ao invés de apenas aperto fiscal, ele pediu “soluções rápidas” e medidas de apoio aos “países que enfrentam dificuldades nos mercados” para se financiar, como Espanha e Itália, que estão fazendo os deveres exigidos por Bruxelas. O líder francês também defende a mutualização conjunta da dívida dos países do bloco, aprofundando a união econômica, monetária e política da Zona do Euro. A união das dívidas sob um único título, no entanto, é veementemente refutada pela Alemanha. A maior economia europeia alega que a ação facilitaria os empréstimos aos países endividados às custas de nações em dia com seus déficits, com a própria Alemanha.

Cada vez mais ameaçada pela crise, a Itália do primeiro-ministro Mario Monti também está disposta a demonstrar compromisso com a integração e a disciplina fiscal europeia, mesmo que isso envolva perda de soberania. Monti prevê colocar em debate a ideia de que o fundo de resgate permanente (MEE) compre dívida nos mercados secundários de Itália e Espanha, assim como o Banco Central Europeu (BCE). Itália e Espanha estão pressionados pelos mercados e devem começar a enfrentar  dificuldades para se capitalizar, pois os juros de suas dívidas se aproximam do teto de 7%, visto como insustentável em longo prazo.

Esse índice é uma das maiores preocupações do premiê espanhol, Mariano Rajoy. Ele pediu nesta quinta-feira que a Europa adote uma ação para a redução do preço que o país paga para obter financiamento no mercado da dívida. “Temos que resolver o problema da sustentabilidade da dívida porque tudo isto não serve para nada se não podemos obter financiamento”, disse antes da reunião de líderes conservadores europeus, que aconteceria antes do encontro dos chefes de Governo da União Europeia. O líder  espanhol também vai à cúpula disposto a alinhavar uma maior união bancária e fiscal. Mas não se mostrou otimista sobre os resultados da reunião.

Outro país que encara o encontro com preocupação é a Grécia. O governo grego pedirá à União Europeia que leve em consideração os sacrifícios da população e aceite renegociar o plano de austeridade. O pedido será feito em uma carta do primeiro-ministro Antonis Samaras, que se recupera de uma cirurgia no olho e não estará presente. No documento, Samaras recorda que as eleições legislativas de 17 de junho permitiram a formação de um governo de coalizão a favor de posições pró-europeias.

Enquanto isso, o índice de confiança de empresários e consumidores registrou queda em junho na Eurozona pelo terceiro mês consecutivo, anunciou a Comissão Europeia. O índice de confiança econômica ficou em 89,9 pontos, 0,6 a menos que no mês anterior, na zona do euro. No conjunto da União Europeia permaneceu estável, a 90,4 pontos.

Com informações AFP.

Leia mais em AFP Movel.

a estimular o crescimento estimado em 130 bilhões de euros

Os líderes europeus se reúnem nesta quinta-feira 28 e sexta-feira 29, em Bruxelas, em busca de soluções para a crise da Zona do Euro. A fala do presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, na abertura da cúpula, indicou o tom do evento: é necessário avançar “para reativar o crescimento e o emprego”. Mas os chefes de Estado do bloco sustentam posições distintas em como sair da crise e o impasse deve se manter na reunião.

Uma proposta polêmica surge neste cenário. As autoridades da União Europeia (UE) sugeriram a criação de uma entidade europeia que teria poderes sobre os orçamentos nacionais dos países do bloco. Pelo plano, Bruxelas ganharia poderes sobre a soberania dos países da Zona do Euro para mudar orçamentos fora das metas de déficit. Seria uma espécie de superministério de Finanças a vasculhar as contas dos 17 membros do bloco, que teria um prazo de dez anos para ser criado.

A ideia foi vista com desconfiança pela chanceler alemã, Angela Merkel, para quem o plano é focado em dividir responsabilidade sem ênfase o suficiente na disciplina fiscal. Mas ela não descartou a proposta. Outro que demonstrou preocupação em conceder “muitos poderes” a Bruxelas foi o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron.

Em meio a discordâncias, os dirigentes europeus estão de acordo em ao menos um aspecto. Há uma semana, foi anunciado em Roma pelos presidentes de Itália, Alemanha, França e Espanha um plano para estimular o crescimento estimado em 130 bilhões de euros. A medida vai focar em investimentos em infraestruturas transfronteiriças.

Em busca da integração fiscal

Na cúpula, os países devem buscar uma maior integração fiscal e bancária no continente, além de encontrar soluções urgentes para Itália e Espanha, ambos sob forte pressão dos mercados. Por isso, alemães, franceses, italianos e espanhóis realizaram nos últimos dias diversas reuniões preparatórias ao evento. Mesmo assim, não houve acordos. A chanceler da Alemanha insiste que não há “solução rápida ou fácil para a crise” e reforça importância de reformas estruturais nos países com problemas, além das medidas de austeridade. Merkel não quer ceder em muitos pontos, como a recapitalização direta aos bancos sem passar pelos Estados.

Um item defendido pelo presidente francês, François Hollande. Eleito sob a perspectiva de buscar o crescimento ao invés de apenas aperto fiscal, ele pediu “soluções rápidas” e medidas de apoio aos “países que enfrentam dificuldades nos mercados” para se financiar, como Espanha e Itália, que estão fazendo os deveres exigidos por Bruxelas. O líder francês também defende a mutualização conjunta da dívida dos países do bloco, aprofundando a união econômica, monetária e política da Zona do Euro. A união das dívidas sob um único título, no entanto, é veementemente refutada pela Alemanha. A maior economia europeia alega que a ação facilitaria os empréstimos aos países endividados às custas de nações em dia com seus déficits, com a própria Alemanha.

Cada vez mais ameaçada pela crise, a Itália do primeiro-ministro Mario Monti também está disposta a demonstrar compromisso com a integração e a disciplina fiscal europeia, mesmo que isso envolva perda de soberania. Monti prevê colocar em debate a ideia de que o fundo de resgate permanente (MEE) compre dívida nos mercados secundários de Itália e Espanha, assim como o Banco Central Europeu (BCE). Itália e Espanha estão pressionados pelos mercados e devem começar a enfrentar  dificuldades para se capitalizar, pois os juros de suas dívidas se aproximam do teto de 7%, visto como insustentável em longo prazo.

Esse índice é uma das maiores preocupações do premiê espanhol, Mariano Rajoy. Ele pediu nesta quinta-feira que a Europa adote uma ação para a redução do preço que o país paga para obter financiamento no mercado da dívida. “Temos que resolver o problema da sustentabilidade da dívida porque tudo isto não serve para nada se não podemos obter financiamento”, disse antes da reunião de líderes conservadores europeus, que aconteceria antes do encontro dos chefes de Governo da União Europeia. O líder  espanhol também vai à cúpula disposto a alinhavar uma maior união bancária e fiscal. Mas não se mostrou otimista sobre os resultados da reunião.

Outro país que encara o encontro com preocupação é a Grécia. O governo grego pedirá à União Europeia que leve em consideração os sacrifícios da população e aceite renegociar o plano de austeridade. O pedido será feito em uma carta do primeiro-ministro Antonis Samaras, que se recupera de uma cirurgia no olho e não estará presente. No documento, Samaras recorda que as eleições legislativas de 17 de junho permitiram a formação de um governo de coalizão a favor de posições pró-europeias.

Enquanto isso, o índice de confiança de empresários e consumidores registrou queda em junho na Eurozona pelo terceiro mês consecutivo, anunciou a Comissão Europeia. O índice de confiança econômica ficou em 89,9 pontos, 0,6 a menos que no mês anterior, na zona do euro. No conjunto da União Europeia permaneceu estável, a 90,4 pontos.

Com informações AFP.

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