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Cresce influência mundial de grupos contra-jihadistas

Após ataques de Anders Breivik na Noruega, organizações buscam agir de forma coordenada contra o islamismo

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A rede internacional de grupos contra jihadistas vem ganhando força e aumentando sua influência mundial, segundo estudo da ONG britânica Hope Not Hate, divulgado na esteira do julgamento de Anders Behring Breivik, responsável pela morte de 77 pessoas em dois ataques na Noruega, inspirado pela retórica de livrar a Europa da “invasão muçulmana”.

 

 

O levantamento mostra que os grupos e indivíduos de extrema direita têm conseguido se tornar mais coesos conforme realizam alianças pela Europa e Estados Unidos, com mais de 190 grupos promotores do discurso islamofóbico identificados. Mas, ao somar organizações e indivíduos o cenário é ampliado para 300.

Desde a matança promovida por Breivik, de 33 anos, em julho passado, pela qual o norueguês alegou inocência nesta segunda-feira 16, o movimento contra-jihadista – a incluir rede de fundações, blogueiros, ativistas políticos e gangues – continuam a proliferar. Um exemplo desta tendência é a formação, há três meses, do grupo Stop Islamization of Nations (Contenha a Islamização das Nações, em tradução livre), desenvolvida para promover uma rede guarda-chuva de grupos contra jihadistas pela Europa e EUA.

A instituição pretende realizar seu encontro inicial em Nova York nas proximidades dos atentados de 11 de setembro, com a presença de figuras-chave do movimento. Entre eles, o presidente do anti-islâmico Partido da Liberdade Britânica, Paul Weston, um dos inspiradores de Breivik. “Os eventos de 11 de setembro de 2011 mudaram completamente a natureza do debate sobre extremismo, terrorismo e imigração. Muitos destes grupos [contra-jihadistas] usaram esse fator, e obviamente um perigo real de alguns grupos islâmicos extremistas, para explorar o temor em sua própria agenda extremista”, aponta Nick Lowes, diretor da Hope Not Hate, em entrevista a CartaCapital.

A conferência da Sion, explica, indica também uma forte intenção destes grupos e indivíduos de extrema-direita em estabelecer conexões com os EUA. “O país é visto como uma possibilidade de se adquirir muitos fundos.”

Naquele país, segundo o estudo, estão 60 organizações e pessoas da rede, que tentam espalhar “uma percepção negativa do Islã, minorias muçulmanas e da cultura islâmica.”

Na Europa, o Reino Unido é a região com a maior atuação destes grupos, sendo 33 organizações e indivíduos em operação. Em todo o continente, são 133 organizações, oito delas na Noruega.

O relatório aponta que esses grupos utilizam cada vez mais a retórica anti-islâmica para conquistar votos, explorando blogs e sites que propagam histórias aterrorizantes sobre o Islã. O movimento contra-jihadista “é a nova face da extrema-direita na Europa e na América do Norte em substituição às antigas políticas raciais nacionalistas de tradição neonazista, comuns aos partidos de direita, e pode conseguir apoio de mais segmentos da população.”

Os problemas econômicos nos próximos anos e o temor pela segurança também terão impacto e farão o movimento contra- jihadista crescer, destaca a ONG. Além disso, o foco da extrema-direita deve abranger ainda questões de imigração, cultura e perda de identidade.

Um cenário que para Lowes demonstra a importância de a sociedade “levar muito a sério” a extrema-direita. “Vimos na Noruega que um indivíduo pode causar grande sofrimento e destruição. Breivik tinha conexões com algumas das redes identificadas no estudo e esses grupos podem estar se coordenando e a forjar elos com políticos e financiadores, e isso é perigoso para as comunidades.”

A Hope Not Hate listou ainda os 12 indivíduos de maior destaque nesta retórica no mundo, sendo que seis deles têm sedes na Europa e a outra metade nos EUA (veja aqui os perfis, em inglês). Entre eles, aparece Stephen Lennon, ou Tommy Robinson, co-fundador, porta-voz e líder da LID, maior movimento de rua contra o islamismo do mundo. Preso e condenado por agressão a um policial fora de expediente, ele é visto, segundo o levantamento, como uma figura de inspiração para militantes e a frente política contra-jihadista.

O blogueiro norueguês Peder Nøstvold Jensen, ou Fjordman, é lembrado pela ONG. Seu blog é um dos mais importantes e proeminentes no cenário europeu anti-islamismo e foi citado 118 vezes no manifesto de Anders Breivik.

As mulheres também estão entre as que advogam contra o Islã. Os nomes de maior destaque são os Ann Marchini, ou Gaia. Ligada à fundação da LDI é também um elo crucial entre respeitáveis financiadores contra-jihadistas e políticos na América do Norte e Europa. Além dela, há Pamela Gellar, uma blogueiran norte- americana, escritora e ativista politica. Ela é a cofundadora da Stop the Islamization of America e também foi uma das líderes da campanha contra a construção de um centro islâmico em Manhattan.

Pessoas com perfis de atuação distintos, que variam de rostos mais voltados à política de massas a “pessoas como Lennon, que opera na organização de manifestações contra islamismo no Reino Unido.” “Uma grande diferença do passado é que esses indivíduos antes operavam isolados, mas hoje o fazem pela primeira vez em organizações como a Sion, e querem coordenar esses movimentos juntos”, finaliza Lowles.

A rede internacional de grupos contra jihadistas vem ganhando força e aumentando sua influência mundial, segundo estudo da ONG britânica Hope Not Hate, divulgado na esteira do julgamento de Anders Behring Breivik, responsável pela morte de 77 pessoas em dois ataques na Noruega, inspirado pela retórica de livrar a Europa da “invasão muçulmana”.

 

 

O levantamento mostra que os grupos e indivíduos de extrema direita têm conseguido se tornar mais coesos conforme realizam alianças pela Europa e Estados Unidos, com mais de 190 grupos promotores do discurso islamofóbico identificados. Mas, ao somar organizações e indivíduos o cenário é ampliado para 300.

Desde a matança promovida por Breivik, de 33 anos, em julho passado, pela qual o norueguês alegou inocência nesta segunda-feira 16, o movimento contra-jihadista – a incluir rede de fundações, blogueiros, ativistas políticos e gangues – continuam a proliferar. Um exemplo desta tendência é a formação, há três meses, do grupo Stop Islamization of Nations (Contenha a Islamização das Nações, em tradução livre), desenvolvida para promover uma rede guarda-chuva de grupos contra jihadistas pela Europa e EUA.

A instituição pretende realizar seu encontro inicial em Nova York nas proximidades dos atentados de 11 de setembro, com a presença de figuras-chave do movimento. Entre eles, o presidente do anti-islâmico Partido da Liberdade Britânica, Paul Weston, um dos inspiradores de Breivik. “Os eventos de 11 de setembro de 2011 mudaram completamente a natureza do debate sobre extremismo, terrorismo e imigração. Muitos destes grupos [contra-jihadistas] usaram esse fator, e obviamente um perigo real de alguns grupos islâmicos extremistas, para explorar o temor em sua própria agenda extremista”, aponta Nick Lowes, diretor da Hope Not Hate, em entrevista a CartaCapital.

A conferência da Sion, explica, indica também uma forte intenção destes grupos e indivíduos de extrema-direita em estabelecer conexões com os EUA. “O país é visto como uma possibilidade de se adquirir muitos fundos.”

Naquele país, segundo o estudo, estão 60 organizações e pessoas da rede, que tentam espalhar “uma percepção negativa do Islã, minorias muçulmanas e da cultura islâmica.”

Na Europa, o Reino Unido é a região com a maior atuação destes grupos, sendo 33 organizações e indivíduos em operação. Em todo o continente, são 133 organizações, oito delas na Noruega.

O relatório aponta que esses grupos utilizam cada vez mais a retórica anti-islâmica para conquistar votos, explorando blogs e sites que propagam histórias aterrorizantes sobre o Islã. O movimento contra-jihadista “é a nova face da extrema-direita na Europa e na América do Norte em substituição às antigas políticas raciais nacionalistas de tradição neonazista, comuns aos partidos de direita, e pode conseguir apoio de mais segmentos da população.”

Os problemas econômicos nos próximos anos e o temor pela segurança também terão impacto e farão o movimento contra- jihadista crescer, destaca a ONG. Além disso, o foco da extrema-direita deve abranger ainda questões de imigração, cultura e perda de identidade.

Um cenário que para Lowes demonstra a importância de a sociedade “levar muito a sério” a extrema-direita. “Vimos na Noruega que um indivíduo pode causar grande sofrimento e destruição. Breivik tinha conexões com algumas das redes identificadas no estudo e esses grupos podem estar se coordenando e a forjar elos com políticos e financiadores, e isso é perigoso para as comunidades.”

A Hope Not Hate listou ainda os 12 indivíduos de maior destaque nesta retórica no mundo, sendo que seis deles têm sedes na Europa e a outra metade nos EUA (veja aqui os perfis, em inglês). Entre eles, aparece Stephen Lennon, ou Tommy Robinson, co-fundador, porta-voz e líder da LID, maior movimento de rua contra o islamismo do mundo. Preso e condenado por agressão a um policial fora de expediente, ele é visto, segundo o levantamento, como uma figura de inspiração para militantes e a frente política contra-jihadista.

O blogueiro norueguês Peder Nøstvold Jensen, ou Fjordman, é lembrado pela ONG. Seu blog é um dos mais importantes e proeminentes no cenário europeu anti-islamismo e foi citado 118 vezes no manifesto de Anders Breivik.

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