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Com novas eleições, ataque de Israel ao Irã fica mais distante. Por enquanto

Pressionado pelas críticas de militares e da Inteligência e diante de uma nova eleição, o governo Netanyahu deve dar uma chance à diplomacia

Ao lado da mulher, Sara, Netanyahu acompanha o funeral de seu pai, Benzion, que morreu nesta segunda-feira 30, aos 102 anos
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Em apenas alguns dias, uma conjunção de fatores reduziu drasticamente a probabilidade de Israel lançar um ataque contra o Irã por ora. Se antes o mundo via com apreensão o discurso cada vez mais belicoso do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, agora a comunidade internacional acompanha com atenção a pressão política sobre ele para que a crise originada pelo programa nuclear iraniano seja resolvida por meios diplomáticos. Aparentemente, a solução pacífica ganhou uma janela de alguns meses antes de Netanyahu voltar a falar abertamente sobre destruir as instalações nucleares do Irã.

Netanyahu está sofrendo uma dupla pressão. A primeira é das comunidades militar e de Inteligência de Israel. Os dois grupos escancararam um raro momento de divisão interna no país a respeito do que fazer diante de um inimigo externo, no caso, o Irã. Na semana passada, Yuval Diskin, o ex-chefe do Shin Bet, o serviço de segurança interna de Israel, fez duros ataques a Netanyahu e a seu ministro da Defesa, Ehud Barak. Diskin classificou a liderança dos dois de “messiânica” e disse não acreditar que ambos poderiam comandar o país em uma guerra. No fim de semana, Meir Dagan, ex-chefe do Mossad, a Inteligência externa de Israel, manifestou apoio a Diskin. Depois, o chefe do Exército de Israel, Benny Gantz, foi a público dizer que o governo do Irã era “racional” e não meramente lunático, como defende Netanyahu. Nesta segunda-feira 30, o ex-primeiro-ministro de Israel Ehud Olmert seguiu a linha dos três. Em entrevista à rede de TV americana CNN, disse não acreditar que o Irã tenha ultrapassado seus limites. “Eu sei de uma coisa. A liderança do Irã não atravessou uma determinada linha até aqui para desenvolver seu programa nuclear”, disse. “Isso significa que eles estão ao menos calculando seus próximos passos e estão atentos às possíveis ramificações do que fazem.”

A segunda pressão sobre Netanyahu é eleitoral. Neste fim de semana, ele admitiu a possibilidade de antecipar as eleições, atualmente marcadas para outubro de 2013. Isso deve ocorrer por conta de uma divisão em sua coalizão a respeito do destino da chamada Lei Tal. Essa lei, que libera os judeus ortodoxos do serviço militar, obrigatório em Israel para homens (três anos) e mulheres (dois anos), foi considerada ilegal pela Suprema Corte de Israel e não valerá mais a partir de agosto. Netanyahu prometeu mandar ao Parlamento uma lei “mais justa”, que aborde não apenas a situação dos religiosos, mas também a dos árabes israelenses, atualmente isentos do serviço militar. A coalizão de direita e extrema-direita de Netanyahu tem opiniões divergentes sobre o tema. O ministro do Exterior, Avigdor Lieberman, é o artífice da campanha pelo fim da coalizão e por novas eleições. Lieberman quer ver os ortodoxos servindo o Exército, mas não aceita os árabes israelenses nas Forças Armadas. Por trás disso, está a esperança de Lieberman de ver seu partido, o Yisrael Beitenu, superar o Likud (de Netanyahu) nas urnas e assumir a liderança da coalizão.

Juntos, esses dois fatores – as pressões militar e eleitoral sobre Netanyahu – reduzem a possibilidade de um ataque ao Irã ser realizado agora. Ao criticar Netanyahu e mostrar que há uma solução pacífica para a crise com o Irã, os militares e a Inteligência de Israel elevam o preço político de uma ação militar. Soma-se a isso a pressão dos eleitores israelenses. A sociedade civil em Israel é mobilizada e vai desejar entender exatamente os custos e os benefícios de um ataque ao Irã. Antes de votar, o israelense comum vai se perguntar por que um primeiro-ministro, sob críticas de militares e da Inteligência, vai jogar o país em uma guerra cuja porta de saída é desconhecida. Sabendo disso, é muito provável que Netanyahu abandone momentaneamente sua retórica belicosa e dê uma chance às negociações que Alemanha, China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia mantêm com o Irã atualmente.

Este cenário, entretanto, não é duradouro. Nesta segunda-feira 30, diversos partidos israelenses aceitaram a possibilidade eleições antecipadas, para outubro deste ano ou mesmo para julho. Apesar da ânsia de poder de Lieberman, pesquisas feitas pelos jornais israelenses The Jerusalem Post e Haaretz apontam vitória do Likud nas eleições, com um número de cadeiras no Parlamento pelo menos duas vezes maior que o do segundo colocado. Se esse resultado se concretizar, o governo a emergir das novas eleições terá um Benjamin Netanyahu ainda mais forte como líder. Se até lá as negociações com o Irã não estiverem concluídas, Netanyahu estará em uma posição ainda melhor para retomar os ataques verbais ao Irã e, quem sabe, iniciar a guerra que parece tanto desejar.

Em apenas alguns dias, uma conjunção de fatores reduziu drasticamente a probabilidade de Israel lançar um ataque contra o Irã por ora. Se antes o mundo via com apreensão o discurso cada vez mais belicoso do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, agora a comunidade internacional acompanha com atenção a pressão política sobre ele para que a crise originada pelo programa nuclear iraniano seja resolvida por meios diplomáticos. Aparentemente, a solução pacífica ganhou uma janela de alguns meses antes de Netanyahu voltar a falar abertamente sobre destruir as instalações nucleares do Irã.

Netanyahu está sofrendo uma dupla pressão. A primeira é das comunidades militar e de Inteligência de Israel. Os dois grupos escancararam um raro momento de divisão interna no país a respeito do que fazer diante de um inimigo externo, no caso, o Irã. Na semana passada, Yuval Diskin, o ex-chefe do Shin Bet, o serviço de segurança interna de Israel, fez duros ataques a Netanyahu e a seu ministro da Defesa, Ehud Barak. Diskin classificou a liderança dos dois de “messiânica” e disse não acreditar que ambos poderiam comandar o país em uma guerra. No fim de semana, Meir Dagan, ex-chefe do Mossad, a Inteligência externa de Israel, manifestou apoio a Diskin. Depois, o chefe do Exército de Israel, Benny Gantz, foi a público dizer que o governo do Irã era “racional” e não meramente lunático, como defende Netanyahu. Nesta segunda-feira 30, o ex-primeiro-ministro de Israel Ehud Olmert seguiu a linha dos três. Em entrevista à rede de TV americana CNN, disse não acreditar que o Irã tenha ultrapassado seus limites. “Eu sei de uma coisa. A liderança do Irã não atravessou uma determinada linha até aqui para desenvolver seu programa nuclear”, disse. “Isso significa que eles estão ao menos calculando seus próximos passos e estão atentos às possíveis ramificações do que fazem.”

A segunda pressão sobre Netanyahu é eleitoral. Neste fim de semana, ele admitiu a possibilidade de antecipar as eleições, atualmente marcadas para outubro de 2013. Isso deve ocorrer por conta de uma divisão em sua coalizão a respeito do destino da chamada Lei Tal. Essa lei, que libera os judeus ortodoxos do serviço militar, obrigatório em Israel para homens (três anos) e mulheres (dois anos), foi considerada ilegal pela Suprema Corte de Israel e não valerá mais a partir de agosto. Netanyahu prometeu mandar ao Parlamento uma lei “mais justa”, que aborde não apenas a situação dos religiosos, mas também a dos árabes israelenses, atualmente isentos do serviço militar. A coalizão de direita e extrema-direita de Netanyahu tem opiniões divergentes sobre o tema. O ministro do Exterior, Avigdor Lieberman, é o artífice da campanha pelo fim da coalizão e por novas eleições. Lieberman quer ver os ortodoxos servindo o Exército, mas não aceita os árabes israelenses nas Forças Armadas. Por trás disso, está a esperança de Lieberman de ver seu partido, o Yisrael Beitenu, superar o Likud (de Netanyahu) nas urnas e assumir a liderança da coalizão.

Juntos, esses dois fatores – as pressões militar e eleitoral sobre Netanyahu – reduzem a possibilidade de um ataque ao Irã ser realizado agora. Ao criticar Netanyahu e mostrar que há uma solução pacífica para a crise com o Irã, os militares e a Inteligência de Israel elevam o preço político de uma ação militar. Soma-se a isso a pressão dos eleitores israelenses. A sociedade civil em Israel é mobilizada e vai desejar entender exatamente os custos e os benefícios de um ataque ao Irã. Antes de votar, o israelense comum vai se perguntar por que um primeiro-ministro, sob críticas de militares e da Inteligência, vai jogar o país em uma guerra cuja porta de saída é desconhecida. Sabendo disso, é muito provável que Netanyahu abandone momentaneamente sua retórica belicosa e dê uma chance às negociações que Alemanha, China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia mantêm com o Irã atualmente.

Este cenário, entretanto, não é duradouro. Nesta segunda-feira 30, diversos partidos israelenses aceitaram a possibilidade eleições antecipadas, para outubro deste ano ou mesmo para julho. Apesar da ânsia de poder de Lieberman, pesquisas feitas pelos jornais israelenses The Jerusalem Post e Haaretz apontam vitória do Likud nas eleições, com um número de cadeiras no Parlamento pelo menos duas vezes maior que o do segundo colocado. Se esse resultado se concretizar, o governo a emergir das novas eleições terá um Benjamin Netanyahu ainda mais forte como líder. Se até lá as negociações com o Irã não estiverem concluídas, Netanyahu estará em uma posição ainda melhor para retomar os ataques verbais ao Irã e, quem sabe, iniciar a guerra que parece tanto desejar.

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