Economia

Pequenas provocações

Vez ou outra discute-se que o País vive uma desindustrialização, mas até aqui não se pode concluir que isso tenha ocorrido

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Vez ou outra sempre se discute que a economia brasileira está em um processo de desindustrialização. É evidente, que o capital industrial em grande medida tem a capacidade de promover o desenvolvimento de novas tecnologias e angariar novas possibilidades de produtos e mercadorias, sem contar a perspectiva concreta de elevação da renda daqueles(as) que vivem do trabalho.

Historicamente, a indústria, no período 1950-1980, sempre foi o motor do crescimento econômico brasileiro, essa característica é derivada, principalmente, da iniciativa de Getúlio Vargas em seu primeiro e segundo mandatos ao criar as ditas indústrias de base. Mesmo não tendo internalizado completamente as capacidades inovativas das economias maduras, nem as condições de financiamento de longo prazo, houve um processo de convergência da estrutura produtiva em relação às economias mais avançadas, o que se expressou na crescente participação dos complexos químico e metal-mecânico.

A partir de 1980, com as mudanças nos condicionantes internos e externos e a opção pela adoção de sucessivas políticas econômicas restritivas ao desenvolvimento industrial, observou-se uma perda relativa de dinamismo da indústria e do processo de convergência das estruturas produtivas, mas não necessariamente desindustrialização, distanciando o Brasil das economias avançadas e mesmo de outros países em desenvolvimento.

Este fato restringiu as decisões privadas de investimento em expansão de capacidade, modernização e inovação, não apenas em razão da própria instabilidade, mas também porque no bojo do ajustamento patrimonial das empresas privadas – cuja contrapartida foi a própria fragilização fiscal e financeira do Estado – estas puderam elevar as aplicações em títulos públicos indexados de elevada liquidez.

Já no final dos anos 90 observou-se uma estrutura industrial com maior grau de eficiência produtiva, mais especializada e com menor densidade relativa. Também mais internacionalizada. Apesar disso, sem capacidade de retomar de maneira sustentada os investimentos em expansão de capacidade, modernização e inovação.

Portanto, até aqui, não se pode concluir que o Brasil tenha passado por uma desindustrialização, porque não se assistiu a um processo generalizado de mudança na realocação dos recursos produtivos e no padrão de especialização dos setores com tecnologias intensivas em escala, diferenciada para as indústrias tecnologicamente baseadas em recursos naturais e em trabalho.

Vejamos alguns dados: No período 1989-2005 os setores com tecnologias diferenciadas e baseadas em ciência, aumentaram, ainda que marginalmente, suas participações de 10,1% para 11,1%, e de 3,8% para 4,9%, respectivamente; no grupo de setores com tecnologias baseadas em recursos naturais, constata-se que o avanço da participação das vendas externas do segmento de extração de petróleo e gás (para quase 4% do total de bens industrializados) resultou de um efeito estatístico no crescimento das exportações de um produto que, até 1999, teve presença praticamente nula na pauta.

Além do que, a sobrevalorização do Real pelo menos consolidou a modernização da indústria brasileira mediante a absorção de novas técnicas produtivas e/ou incorporação de equipamentos importados, permitindo, com isso, um expressivo aumento da produtividade e um certo emparelhamento no que se refere a processos produtivos.

Se um bom capitalista está realmente preocupado com sua riqueza no presente e no futuro as condições para ampliá-la estão dadas: aumento do consumo interno, aumento da renda dos trabalhadores, manutenção em níveis baixos da taxa de desemprego, incentivos fiscais, ampliação da integração regional, elevação do ritmo de financiamento via BNDES, reduções consecutivas das taxa de juros internas. É verdade que ainda precisa melhorar e ampliar as questões de logística, distribuição e comercialização, além da informalidade de uma parte considerável de pequenas e médias empresas, entretanto, não se pode colocar isso como uma desculpa para retardar ou não investir na economia brasileira. A pergunta que se faz é a seguinte: Estariam realmente dispostos a competir?

Vez ou outra sempre se discute que a economia brasileira está em um processo de desindustrialização. É evidente, que o capital industrial em grande medida tem a capacidade de promover o desenvolvimento de novas tecnologias e angariar novas possibilidades de produtos e mercadorias, sem contar a perspectiva concreta de elevação da renda daqueles(as) que vivem do trabalho.

Historicamente, a indústria, no período 1950-1980, sempre foi o motor do crescimento econômico brasileiro, essa característica é derivada, principalmente, da iniciativa de Getúlio Vargas em seu primeiro e segundo mandatos ao criar as ditas indústrias de base. Mesmo não tendo internalizado completamente as capacidades inovativas das economias maduras, nem as condições de financiamento de longo prazo, houve um processo de convergência da estrutura produtiva em relação às economias mais avançadas, o que se expressou na crescente participação dos complexos químico e metal-mecânico.

A partir de 1980, com as mudanças nos condicionantes internos e externos e a opção pela adoção de sucessivas políticas econômicas restritivas ao desenvolvimento industrial, observou-se uma perda relativa de dinamismo da indústria e do processo de convergência das estruturas produtivas, mas não necessariamente desindustrialização, distanciando o Brasil das economias avançadas e mesmo de outros países em desenvolvimento.

Este fato restringiu as decisões privadas de investimento em expansão de capacidade, modernização e inovação, não apenas em razão da própria instabilidade, mas também porque no bojo do ajustamento patrimonial das empresas privadas – cuja contrapartida foi a própria fragilização fiscal e financeira do Estado – estas puderam elevar as aplicações em títulos públicos indexados de elevada liquidez.

Já no final dos anos 90 observou-se uma estrutura industrial com maior grau de eficiência produtiva, mais especializada e com menor densidade relativa. Também mais internacionalizada. Apesar disso, sem capacidade de retomar de maneira sustentada os investimentos em expansão de capacidade, modernização e inovação.

Portanto, até aqui, não se pode concluir que o Brasil tenha passado por uma desindustrialização, porque não se assistiu a um processo generalizado de mudança na realocação dos recursos produtivos e no padrão de especialização dos setores com tecnologias intensivas em escala, diferenciada para as indústrias tecnologicamente baseadas em recursos naturais e em trabalho.

Vejamos alguns dados: No período 1989-2005 os setores com tecnologias diferenciadas e baseadas em ciência, aumentaram, ainda que marginalmente, suas participações de 10,1% para 11,1%, e de 3,8% para 4,9%, respectivamente; no grupo de setores com tecnologias baseadas em recursos naturais, constata-se que o avanço da participação das vendas externas do segmento de extração de petróleo e gás (para quase 4% do total de bens industrializados) resultou de um efeito estatístico no crescimento das exportações de um produto que, até 1999, teve presença praticamente nula na pauta.

Além do que, a sobrevalorização do Real pelo menos consolidou a modernização da indústria brasileira mediante a absorção de novas técnicas produtivas e/ou incorporação de equipamentos importados, permitindo, com isso, um expressivo aumento da produtividade e um certo emparelhamento no que se refere a processos produtivos.

Se um bom capitalista está realmente preocupado com sua riqueza no presente e no futuro as condições para ampliá-la estão dadas: aumento do consumo interno, aumento da renda dos trabalhadores, manutenção em níveis baixos da taxa de desemprego, incentivos fiscais, ampliação da integração regional, elevação do ritmo de financiamento via BNDES, reduções consecutivas das taxa de juros internas. É verdade que ainda precisa melhorar e ampliar as questões de logística, distribuição e comercialização, além da informalidade de uma parte considerável de pequenas e médias empresas, entretanto, não se pode colocar isso como uma desculpa para retardar ou não investir na economia brasileira. A pergunta que se faz é a seguinte: Estariam realmente dispostos a competir?

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