Economia

Brasil: destaque para investidores estrangeiros

Em meio à crise mundial, País fica atrás apenas dos Estados Unidos em aplicações de recursos no setor

Em meio à crise mundial, País ganha atenção de estrangeiros e fica atrás apenas dos Estados Unidos em aplicações de recursos no setor. Foto: Olga Vlahou
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O Brasil vai se transformar no segundo maior mercado de investimento imobiliário do mundo em 2012, segundo uma pesquisa da Associação de Investidores Estrangeiros no Setor Imobiliário (Afire, sigla em inglês). O País estava nos planos de investimento de 18,6% dos entrevistados, atrás apenas dos Estados Unidos, com 42,2%.

Os EUA ainda são considerados o país com condições mais estáveis e seguras para este tipo de investimento, mas o Brasil vem conquistando espaço. “Enquanto o mundo enfrenta problemas econômicos, passamos por um momento firme, com instituições democráticas concretas e segurança jurídica”, diz João Crestana, presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), a CartaCapital.

A diferença entre primeiro e segundo colocados na lista (23,8%), organizada no quarto trimestre do último ano com entrevistados que acumulam mais de 874 bilhões de dólares em propriedades de imóveis, é a menor desde 2008. EUA, China e Brasil concentraram 70% dos votos.

Fabio Nogueira, diretor fundador da Brazilian Finance e Real Estate (BFRE), empresa que atua na gestão de investimentos imobiliários, destaca a contribuição dos reflexos negativos das recentes crises mundiais nas economias mais desenvolvidas para o resultado brasileiro. “Os problemas acumulados na Europa e nos EUA reduziram o interesse dos investidores nestes mercados, mas o Brasil tem méritos próprios para viver este momento de destaque.”

Entre eles, aponta Crestana, estão a estabilidade política, monetária e bancária, além da influência recente da descoberta de petróleo na camada do pré-sal. O especialista também diz que o Brasil conseguiu atrair mais investimentos perdidos pelos EUA que outros países emergentes por ter melhores condições culturais e legais. “A China não tem instituições ou segurança jurídica confiáveis. A Índia tem diferenças culturais amplas com o Ocidente e a Rússia sofre com problemas sérios de estabilidade politica.”

Além disso, o presidente do Secovi-SP aponta que as cidades brasileiras de médio e grande porte com potencial de investimento deixaram de ser “apenas cinco ou seis” e passaram para mais de 100. “Há a possibilidade de empreendimentos residenciais, comerciais, shoppings, indústrias e logística.”

Nogueira vai adiante e destaca três fatores para o interesse estrangeiro no País. “A ascensão social devido à entrada de 30 milhões de pessoas na classe média, a janela demográfica com a população mais jovem da história e a ausência do boom imobiliário mundial nos últimos 20 anos.”

Neste cenário, São Paulo também ganhou destaque entre as cidades mais atraentes para o investimento do exterior. O município brasileiro desbancou diversas capitais europeias, entre elas Milão e Berlim, para assumir a quarta posição entre as cidades mais atraentes do mundo. Nova York aparece no topo, seguida por Londres e Washington.

Crestana destaca, ainda, que o salto da 26ª posição no último ano está fortemente relacionado com problemas naturais (terremotos e tsunamis, por exemplo) ou econômicos sofridos por cidades europeias em 2011. “Por outro lado, São Paulo vem assumindo uma visão de planejamento a longo prazo sem depender exclusivamente de governos locais.”

Imóveis residenciais

O mercado de imóveis residenciais brasileiro também registrou forte movimento em 2011. Um estudo da FipeZap mostrou que o preço do metro quadrado de apartamentos prontos em seis capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Fortaleza) e no Distrito Federal, registram aumento de 26% no último ano.

Crestana e Nogueira apontam que esse resultado tem relação com o baixo rendimento do setor nos anos 90, que começou a se recuperar no início dos anos 2000. Esse aumento também está relacionado a uma mudança do padrão dos empreendimentos desejado pelos consumidores, que desejam casas mais sofisticadas.

Apesar do aumento, os preços já entraram em desaceleração. No segundo semestre, houve variação de 10,2% contra 14,6% na primeira metade do ano. Os imóveis residenciais em São Paulo fecharam 2011 valendo 27% a mais que no ano anterior, enquanto no Rio de Janeiro o índice foi de 35%.

Mesmo com a alta demanda por residências, principalmente em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, que sofreram com falta de mão-de-obra e escassez de terrenos, o cenário não indica uma possível bolha imobiliária, como ocorreu nos EUA em 2008. “A bolha norte-americana veio de uma concessão de crédito irresponsável, depois vendida a fundos de investimento no exterior”, avalia Nogueira. E completa: “Na Espanha, que tinha 14 milhões de famílias e produziu 25 milhões de moradias, houve bolha por excesso de imóveis”.

Um cenário que parece distante do Brasil, onde será necessária a construção de mais de 20 milhões de habitações nos próximos 15 anos para superar o déficit e a demanda de novas famílias, diz Crestana. “Para uma bolha seria necessário crédito barato e financiamento de altos percentuais em relação ao valor do imóvel e os agentes brasileiros são muito conservadores”, afirma Nogueira.

“Estamos longe de uma bolha, mas alguns empreendimentos mal projetados em locais errados podem ter sua venda comprometida”, aponta Crestana.

O Brasil vai se transformar no segundo maior mercado de investimento imobiliário do mundo em 2012, segundo uma pesquisa da Associação de Investidores Estrangeiros no Setor Imobiliário (Afire, sigla em inglês). O País estava nos planos de investimento de 18,6% dos entrevistados, atrás apenas dos Estados Unidos, com 42,2%.

Os EUA ainda são considerados o país com condições mais estáveis e seguras para este tipo de investimento, mas o Brasil vem conquistando espaço. “Enquanto o mundo enfrenta problemas econômicos, passamos por um momento firme, com instituições democráticas concretas e segurança jurídica”, diz João Crestana, presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), a CartaCapital.

A diferença entre primeiro e segundo colocados na lista (23,8%), organizada no quarto trimestre do último ano com entrevistados que acumulam mais de 874 bilhões de dólares em propriedades de imóveis, é a menor desde 2008. EUA, China e Brasil concentraram 70% dos votos.

Fabio Nogueira, diretor fundador da Brazilian Finance e Real Estate (BFRE), empresa que atua na gestão de investimentos imobiliários, destaca a contribuição dos reflexos negativos das recentes crises mundiais nas economias mais desenvolvidas para o resultado brasileiro. “Os problemas acumulados na Europa e nos EUA reduziram o interesse dos investidores nestes mercados, mas o Brasil tem méritos próprios para viver este momento de destaque.”

Entre eles, aponta Crestana, estão a estabilidade política, monetária e bancária, além da influência recente da descoberta de petróleo na camada do pré-sal. O especialista também diz que o Brasil conseguiu atrair mais investimentos perdidos pelos EUA que outros países emergentes por ter melhores condições culturais e legais. “A China não tem instituições ou segurança jurídica confiáveis. A Índia tem diferenças culturais amplas com o Ocidente e a Rússia sofre com problemas sérios de estabilidade politica.”

Além disso, o presidente do Secovi-SP aponta que as cidades brasileiras de médio e grande porte com potencial de investimento deixaram de ser “apenas cinco ou seis” e passaram para mais de 100. “Há a possibilidade de empreendimentos residenciais, comerciais, shoppings, indústrias e logística.”

Nogueira vai adiante e destaca três fatores para o interesse estrangeiro no País. “A ascensão social devido à entrada de 30 milhões de pessoas na classe média, a janela demográfica com a população mais jovem da história e a ausência do boom imobiliário mundial nos últimos 20 anos.”

Neste cenário, São Paulo também ganhou destaque entre as cidades mais atraentes para o investimento do exterior. O município brasileiro desbancou diversas capitais europeias, entre elas Milão e Berlim, para assumir a quarta posição entre as cidades mais atraentes do mundo. Nova York aparece no topo, seguida por Londres e Washington.

Crestana destaca, ainda, que o salto da 26ª posição no último ano está fortemente relacionado com problemas naturais (terremotos e tsunamis, por exemplo) ou econômicos sofridos por cidades europeias em 2011. “Por outro lado, São Paulo vem assumindo uma visão de planejamento a longo prazo sem depender exclusivamente de governos locais.”

Imóveis residenciais

O mercado de imóveis residenciais brasileiro também registrou forte movimento em 2011. Um estudo da FipeZap mostrou que o preço do metro quadrado de apartamentos prontos em seis capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Fortaleza) e no Distrito Federal, registram aumento de 26% no último ano.

Crestana e Nogueira apontam que esse resultado tem relação com o baixo rendimento do setor nos anos 90, que começou a se recuperar no início dos anos 2000. Esse aumento também está relacionado a uma mudança do padrão dos empreendimentos desejado pelos consumidores, que desejam casas mais sofisticadas.

Apesar do aumento, os preços já entraram em desaceleração. No segundo semestre, houve variação de 10,2% contra 14,6% na primeira metade do ano. Os imóveis residenciais em São Paulo fecharam 2011 valendo 27% a mais que no ano anterior, enquanto no Rio de Janeiro o índice foi de 35%.

Mesmo com a alta demanda por residências, principalmente em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, que sofreram com falta de mão-de-obra e escassez de terrenos, o cenário não indica uma possível bolha imobiliária, como ocorreu nos EUA em 2008. “A bolha norte-americana veio de uma concessão de crédito irresponsável, depois vendida a fundos de investimento no exterior”, avalia Nogueira. E completa: “Na Espanha, que tinha 14 milhões de famílias e produziu 25 milhões de moradias, houve bolha por excesso de imóveis”.

Um cenário que parece distante do Brasil, onde será necessária a construção de mais de 20 milhões de habitações nos próximos 15 anos para superar o déficit e a demanda de novas famílias, diz Crestana. “Para uma bolha seria necessário crédito barato e financiamento de altos percentuais em relação ao valor do imóvel e os agentes brasileiros são muito conservadores”, afirma Nogueira.

“Estamos longe de uma bolha, mas alguns empreendimentos mal projetados em locais errados podem ter sua venda comprometida”, aponta Crestana.

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