Economia

Após discurso de Meirelles, chefe do FMI ressalta desigualdade mundial

Segundo Christine Lagarde, injustiça social é entrave para o crescimento sustentável. Em 2016, o fundo declarou-se, porém, favorável à PEC 55

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A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse na quarta-feira 18 no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), que a desigualdade social é “contraproducente” para o crescimento sustentável e que a saída da crise passa necessariamente por uma maior distribuição de renda.

As declarações foram dadas após fala do ministro da Fazenda do governo Michel Temer, Henrique Meirelles, que também participava de um painel intitulado “Como resolver a crise da classe média?”.

Em sua primeira manifestação, Meirelles afirmou que o crescimento da classe média é um “fenômeno recente” no Brasil, da última década, mas que foi interrompido pela recessão dos últimos anos. De acordo com o ministro, a retomada do crescimento econômico é a chave para a melhora da economia do País.

“A saída para uma economia como a do Brasil é voltar a crescer, voltar a criar empregos, modernizando a economia e abrindo o mercado, de forma a se tornar mais eficiente”, disse Meirelles. Segundo ele, a crise econômica atingiu a classe a média brasileira e, particularmente, a população de baixa renda.

Na sequência, sem se dirigir diretamente ao ministro, Lagarde foi taxativa. “Nosso ponto é: se há desigualdade excessiva, isso é contraproducente para o crescimento sustentável dos membros do G20 [grupo do qual o Brasil faz parte].”

“Se nós queremos um pedaço maior da torta, nós precisamos de uma torta maior para todos”, continuou a chefe do FMI. “A desigualdade excessiva está impondo uma pausa a esse crescimento sustentável.”

Continuando sua argumentação, Lagarde defendeu a necessidade de olhar com cuidado a questão da desigualdade social.

“Há forte reação dos economistas, que dizem que esse tipo de coisa não é problema deles. Inclusive na minha própria instituição, que tem sido convertida a aceitar a importância de estudar a desigualdade e promover políticas em resposta a ela”, afirmou. “Estamos em um momento muito oportuno para colocar em prática as políticas que nós sabemos que irão ajudar.”

Lagarde, então, dirigiu-se a Meirelles. “Na minha opinião, ministro, e o senhor indicou isso, quando há uma crise real é realmente a hora de dizer: Quais políticas nós temos? O que mais nós podemos fazer? Que tipo de medidas nós podemos tomar para reduzir a desigualdade? Que tipo de educação e treinamento nós temos para responder, não apenas à globalização, mas às tecnologias que irão transformar o trabalho no longo prazo.”

Por fim, a chefe do FMI defendeu a necessidade de uma maior distribuição de renda. “Há coisas que podem ser feitas: reformas fiscais e políticas monetárias. Mas elas devem ser graduais, regionais. E isso provavelmente quer dizer maior distribuição de renda do que o que nós temos no momento.”

FMI defendeu a PEC 55

No momento em que pode se manifestar a respeito da PEC 55, contudo, o FMI foi favorável à criação de um teto para os gastos sociais no País.

Em comunicado divulgado em setembro após visita oficial ao Brasil, o fundo elogiou a proposta. “A aprovação e imediata implementação do teto de gastos (…) ajudaria a melhorar a trajetória do gasto público no longo prazo e permitiria a estabilização e eventual redução da participação da dívida pública no PIB”.

A Organização das Nações Unidas (ONU), por outro lado, manifestou preocupação com a PEC 55. Em dezembro, o australiano Philip Alston, relator especial da ONU para a Pobreza Extrema e os Direitos Humanos, afirmou que a aprovação do teto de gastos é um “erro histórico” que provocará “retrocesso social”. “Toda uma geração está condenada“, disse Alston à CartaCapital.

Assista ao vídeo de Davos (em inglês):

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