Cultura

Viagem mochileira

Em seu terceiro disco, Andreia Dias buscou fora do eixo Rio-São Paulo parcerias com novos sotaques urbanos

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Pelos trópicos


Andreia Dias


Scubidu Music

Por Tárik de Souza

A internet ajudou a descentralizar o poder cultural e não é mais necessário emigrar para o eixo Rio-São Paulo para construir uma carreira artística. Ex-integrante das bandas Glória e DonaZica, a cantora paulistana Andreia Dias, na mão inversa, foi à cata de outros centros musicais produtores, numa peregrinação divergente do turismo aprendiz do ensaísta e escritor conterrâneo Mário de Andrade (1893-1945), interessado em mapear o folclore do País. Andreia buscou parcerias com os novos sotaques urbanos neste terceiro disco-solo, Pelos Trópicos, numa iniciativa quase mochileira, sem plano ou financiamento.

Partiu de uma estadia de três meses na casa da cantora e compositora Thalma de Freitas, em Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Com ela, gravou Corpo e Mente, parceria assoviada das duas, destinada pelo ambiente a terminar em samba, embora assimétrico, regado a copo e cuíca. Também no Rio foi gravada a coleante marchinha Xuxu Beleza, com as guitarras distorcidas do grupo Do Amor.

A escala seguinte, a convite de uma parente, foi a efervescente Belém pós-guitarrada de Felipe Cordeiro, de Beijin na Nuca, e também do saltitante iê-iê-iê Feliz e Mareado (com Leo Chermont e Arthur Kunz), mais um convite à dança. De São Luís, soprou a Brisa Tropicana, de inclinação caribenha, com a dupla Criolina. No baixo, bandolim, banjo e viola, o pernambucano Zé Cafofinho, cult local, foi o parceiro do xote desidratado Luva Pele, de letra epitelial (banhados no lençol/ surrada carne urra/ vem e me abusa/ requebra e me abdusa). Gravada em Belém e SP, a faixa-título palpita nas programações do grupo Baiana System, enquanto Cabruêra, de João Pessoa, coassina em Vai e Volta o manifesto da arte semovente de Andreia: ame, doe, cresça e floresça/mude, pule, crie e apareça.

                

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