Cultura

Reciclando papelão, prosa e poesia

Aos dez anos, a editora argentina Eloisa Cartonera, fundada em resposta à crise econômica, tem hoje produção pungente e exporta experiência pelo mundo

Prateleiras com os livros feitos com papelão reciclável. Foto: Diego Cordes
Apoie Siga-nos no

 

Por Natalia Barrenha

 

Quando Jorge Luís Borges concebeu, nos anos 1940, o universo todo como uma biblioteca, composta por um número indefinido e infinito de galerias onde todos os livros de todos os tempos e todos os lugares descansavam, não imaginou que os exemplares pudessem ser fabricados com folhas de sulfite grampeadas e capas de papelão coloridas a guache.

Parece conto fantástico, mas é uma produção vigorosa criada há dez anos exatamente na Buenos Aires amada de Borges: uma editora cujos livros são feitos de maneira artesanal, com papelão recolhido nas ruas por catadores conhecidos como “cartoneros”.

A editora Eloísa Cartonera veio ao mundo durante uma viagem de ônibus em 2002 entre Santiago e Buenos Aires, que durou o dobro do programado devido a problemas mecânicos. O artista plástico Javier Barilaro e o escritor Washington Cucurto voltavam de uma feira literária no país vizinho, onde haviam exposto os livros de cartolina da antiga Ediciones Eloísa.

Na época, a Argentina vivia um dos momentos mais críticos de sua história: após dez anos de farra neoliberal do governo Carlos Menem, a economia e a política do país estavam em frangalhos, com milhões de desempregados, milhares de indústrias falidas, cinco presidentes em 12 dias, centenas de pessoas morrendo do coração e susto com a repentina desvalorização da moeda e o limite de saques bancários.

Os argentinos tomavam o espaço público para protestar, e a revolta uniu multidões de maneira espontânea. Após o caos, a energia gerada nesses dias estimulou formas colaborativas para responder aos tempos difíceis. Formavam-se assim as assembleias de bairro, clubes de trocas e as uniões de operários lutando para salvar as fábricas onde trabalhavam – atitudes coletivas fundamentais no processo de recuperação do país.

Foi nesse momento que o preço do papel subiu às nuvens, inviabilizando as atividades da editora que Barilaro batizara com o nome de um antigo romance.

Também nessa época, os cartoneros – atividade nova entre os hermanos – transformavam-se em figuras comuns da paisagem urbana argentina. Cucurto e Barilaro, participantes já ativos das redes culturais em Buenos Aires, começaram a articular, naquele ônibus enguiçado, as possibilidades de fazer livros com capas de papelão.

Dez anos depois, os idealizadores do projeto tomaram rumos diferentes: Barilaro afastou-se da editora para dedicar-se ao seu trabalho de artista plástico, e Cucurto, apesar de não fazer parte oficialmente do staff, manteve a proximidade com a editora – que consolidava seu nome a cada dia e ganhava prestígio para além das próprias fronteiras.

Mucho más que libros. A primeira sede da Eloísa Cartonera era no bairro tangueiro de Almagro, perto do centro da cidade. Além da produção de livros, na qual eram incitados a participar qualquer um que estivesse por ali – leitores em potencial, escritores, cartoneros, filhos de cartoneros -, também funcionava no local uma verdulería, espécie de quitanda do bairro.

Segundo um depoimento do escritor e colaborador habitual Alan Pauls (autor de O passado), o fascínio que exalava da primeira casa de Eloísa provocava desconcerto: ele não sabia se estava em uma editora, quermesse, oficina gráfica, laboratório de projeto social, comunidade pós-hippie…

Um tempo depois, a Eloísa mudou-se para uma casa em La Boca, e há mais ou menos três anos está no novo endereço, a duas quadras de seu segundo lar. Fica agora em uma esquina colorida e luminosa cercada por galpões cinzentos perto do estádio La Bombonera, templo do Boca Juniors.

Apesar de manter a mesma atmosfera festiva que descreve Pauls, o ambiente da Eloísa atual é bem diferente: sim, é uma editora, embora não convencional. A Eloísa é uma cooperativa, com equipe fixa, e um catálogo que se aproxima dos 200 títulos a misturar autores famosos com jovens desconhecidos; vanguarda com clássicos que andavam esquecidos, sempre latino-americanos: criadores do México ao Chile, passando por Costa Rica, Venezuela, Peru, Colômbia, Uruguai…

Há poesias, contos, novelas breves, teatro e infantis. Cada texto chega à editora de uma forma: no início, Cucurto pedia a alguns escritores consagrados que colaborassem doando material.

Outros se aproximavam da iniciativa por conta própria e mandavam originais – diversos talentos da literatura contemporânea argentina tiveram sua primeira publicação ali. Alguns cartoneros também se animaram a escrever. Além de Alan Pauls, a Eloísa publica os argentinos César Aira, Ricardo Piglia, Tomás Eloy Martínez… Entre os brasileiros, que dão origem a edições bilíngues, estão Haroldo de Campos, Glauco Mattoso, Wally Salomão e Jorge Mautner.




Esteira de produção
. Durante uma visita à sede da editora, a reportagem encontrou três colaboradores montando freneticamente exemplares de um livro sobre o pintor Benito Quinquela Martín. Era uma encomenda para uma festa em comemoração ao 122º aniversário de nascimento do ícone de La Boca. Entre os colaboradores também estava Miriam “La Osa” (“A Ursa”), ex-cartonera e cozinheira de mão cheia que está no projeto desde o início,e outra colaboradora, Maria. Todos ali fazem um pouco de tudo: imprimem, montam os livros, pintam. Não há funções delegadas e, quando há muitas capas de papelão para pintar, outros dois colaboradores são chamados.

As funções de designer e editor foram abolidas. Como disse Maria durante uma entrevista em 2009, “nosso slogan é ‘Muito Mais que Livros’, e assim nós também somos muito mais que editores”.

Com o dinheiro das vendas, paga-se todas as despesas – do aluguel ao material -, e o que sobra é dividido entre os participantes. Os salários são inconstantes e pequenos, mas todos têm a editora como trabalho número um. Quando perguntado sobre o que mudou nesses dez anos de Eloísa, Alejandro, um dos colaboradores, responde: o compromisso.

Todos são enfáticos ao afirmar que não têm a intenção e transformar a Eloísa em uma editora tradicional, e nem de revolucionar o mercado editorial. “Nós somos como a mosquinha no lombo da vaca – não atrapalhamos as grandes editoras em nada. Elas têm seu nicho de leitores já estabelecido, e nós estamos em um campo de batalha distinto”, diz Alejandro.

O êxito de Eloísa Cartonera está justamente aí: na possibilidade de criar novos espaços de leitura e de resgatar quem geralmente se encontrava afastado da literatura. Os livros custam no máximo 12 pesos – mais ou menos 5 reais –, e as vendas não se concentram apenas nessa esquina: eles sempre estão em mostras literárias e eventos culturais, mas marcam forte presença principalmente em feiras populares, entre vendedores de flores e batatas.

Os exemplares podem ser encontrados também nas prateleiras de algumas livrarias da cidade. São poucas, apesar da incessante busca por variados canais de distribuição. Os livros sempre saem da Eloísa com o mesmo preço, e as livrarias podem vendê-los pelo valor que quiserem.

Logística. O papelão é comprado de fornecedores costumeiros, que já conhecem bem o material preferido pela Eloísa: tem que estar sempre limpo e não pode ser muito grosso. Na falta de matéria-prima, compra-se de qualquer cartonero – e a escassez de papelão não é coisa rara, conta Alejandro.

As capas, sempre do mesmo tamanho, são recortadas a partir de um molde, e todos participam da pintura. No início, o miolo era xerocado, até a doação de uma velha impressora pela embaixada da Suíça em Buenos Aires. Por um tempo, a embaixada da Espanha também contribuiu com verba para o papel – que não é reciclado, devido ao alto custo. Segundo a piada interna, o governo argentino só colaborou com a crise.

Com a experiência da Eloísa Cartonera, editoras similares se multiplicaram pela América Latina, e, mais recentemente, atravessaram o Atlântico. De Toulouse a Pequim, de Madri a Maputo (Moçambique), estima-se que haja atualmente cerca de 50 irmãs de Eloísa pelo mundo.

Elas compartilham princípios comuns, mas cada uma se volta para as circunstâncias e necessidades locais. No Brasil, a Dulcineia Catadora, em São Paulo, foi a pioneira. Nascida em 2007, após encontrar-se com integrantes da Eloísa na 27ª Bienal de Arte de São Paulo, a cartonera brasileira desenvolve um trabalho itinerante, indo às cooperativas de materiais recicláveis e armando grupos que se interessem pela produção dos livros, promovendo oficinas e realizando intervenções urbanas.

Há ainda a Sereia Ca(n) tadora, em SãoVicente (SP), a Katarina Kartonera, em Florianópolis (SC), a Dengo Dengo Cartonero, de Navegantes (SC), a Rubra Cartonera, em Londrina (PR),a Unila Cartonera, de Foz do Iguaçu (PR) – vinculada à Universidade Federal da Integração Latino-Americana -, a Catapoesia, de Serra Negra (SP) e algumas em cidades de Minas Gerais.

As editoras cartoneras se comunicam de maneira esporádica, e até se reuniram algumas vezes: primeiro, em 2009, em um evento organizado pela University of Wisconsin (EUA), que resultou até em publicação acadêmica.

No ano passado, voltaram a se encontrar no Paraguai – devido às comemorações pelo Bicentenário da Independência o país.

A sede em La Boca é hoje muito visitada por estrangeiros, e o site (www.eloisacartonera.com.ar) é a principal porta de entrada de novos interessados.

Os trabalhadores da Eloísa se incomodam quando dizem que a editora é um símbolo da crise de 2001. Eles pensam que a editora é um símbolo do trabalho e da organização, e do trabalho como transformação. O projeto também recebeu críticas por supostamente “estetizar a pobreza”. Mas ninguém dá bola pra isso. Em vez disso, os colaboradores dizem que, simplesmente, reutilizam o papelão das ruas e fazem livros.

Em sua trajetória, a Eloísa Cartonera fez da necessidade uma virtude – mas uma virtude jovial, entusiasmada, que descarta o rótulo de projeto social e aposta na ideia da coletividade, uma fronteira entre a vida social e a arte.

 

Confira a galeria de fotos da editora:

 

 

 

Por Natalia Barrenha

 

Quando Jorge Luís Borges concebeu, nos anos 1940, o universo todo como uma biblioteca, composta por um número indefinido e infinito de galerias onde todos os livros de todos os tempos e todos os lugares descansavam, não imaginou que os exemplares pudessem ser fabricados com folhas de sulfite grampeadas e capas de papelão coloridas a guache.

Parece conto fantástico, mas é uma produção vigorosa criada há dez anos exatamente na Buenos Aires amada de Borges: uma editora cujos livros são feitos de maneira artesanal, com papelão recolhido nas ruas por catadores conhecidos como “cartoneros”.

A editora Eloísa Cartonera veio ao mundo durante uma viagem de ônibus em 2002 entre Santiago e Buenos Aires, que durou o dobro do programado devido a problemas mecânicos. O artista plástico Javier Barilaro e o escritor Washington Cucurto voltavam de uma feira literária no país vizinho, onde haviam exposto os livros de cartolina da antiga Ediciones Eloísa.

Na época, a Argentina vivia um dos momentos mais críticos de sua história: após dez anos de farra neoliberal do governo Carlos Menem, a economia e a política do país estavam em frangalhos, com milhões de desempregados, milhares de indústrias falidas, cinco presidentes em 12 dias, centenas de pessoas morrendo do coração e susto com a repentina desvalorização da moeda e o limite de saques bancários.

Os argentinos tomavam o espaço público para protestar, e a revolta uniu multidões de maneira espontânea. Após o caos, a energia gerada nesses dias estimulou formas colaborativas para responder aos tempos difíceis. Formavam-se assim as assembleias de bairro, clubes de trocas e as uniões de operários lutando para salvar as fábricas onde trabalhavam – atitudes coletivas fundamentais no processo de recuperação do país.

Foi nesse momento que o preço do papel subiu às nuvens, inviabilizando as atividades da editora que Barilaro batizara com o nome de um antigo romance.

Também nessa época, os cartoneros – atividade nova entre os hermanos – transformavam-se em figuras comuns da paisagem urbana argentina. Cucurto e Barilaro, participantes já ativos das redes culturais em Buenos Aires, começaram a articular, naquele ônibus enguiçado, as possibilidades de fazer livros com capas de papelão.

Dez anos depois, os idealizadores do projeto tomaram rumos diferentes: Barilaro afastou-se da editora para dedicar-se ao seu trabalho de artista plástico, e Cucurto, apesar de não fazer parte oficialmente do staff, manteve a proximidade com a editora – que consolidava seu nome a cada dia e ganhava prestígio para além das próprias fronteiras.

Mucho más que libros. A primeira sede da Eloísa Cartonera era no bairro tangueiro de Almagro, perto do centro da cidade. Além da produção de livros, na qual eram incitados a participar qualquer um que estivesse por ali – leitores em potencial, escritores, cartoneros, filhos de cartoneros -, também funcionava no local uma verdulería, espécie de quitanda do bairro.

Segundo um depoimento do escritor e colaborador habitual Alan Pauls (autor de O passado), o fascínio que exalava da primeira casa de Eloísa provocava desconcerto: ele não sabia se estava em uma editora, quermesse, oficina gráfica, laboratório de projeto social, comunidade pós-hippie…

Um tempo depois, a Eloísa mudou-se para uma casa em La Boca, e há mais ou menos três anos está no novo endereço, a duas quadras de seu segundo lar. Fica agora em uma esquina colorida e luminosa cercada por galpões cinzentos perto do estádio La Bombonera, templo do Boca Juniors.

Apesar de manter a mesma atmosfera festiva que descreve Pauls, o ambiente da Eloísa atual é bem diferente: sim, é uma editora, embora não convencional. A Eloísa é uma cooperativa, com equipe fixa, e um catálogo que se aproxima dos 200 títulos a misturar autores famosos com jovens desconhecidos; vanguarda com clássicos que andavam esquecidos, sempre latino-americanos: criadores do México ao Chile, passando por Costa Rica, Venezuela, Peru, Colômbia, Uruguai…

Há poesias, contos, novelas breves, teatro e infantis. Cada texto chega à editora de uma forma: no início, Cucurto pedia a alguns escritores consagrados que colaborassem doando material.

Outros se aproximavam da iniciativa por conta própria e mandavam originais – diversos talentos da literatura contemporânea argentina tiveram sua primeira publicação ali. Alguns cartoneros também se animaram a escrever. Além de Alan Pauls, a Eloísa publica os argentinos César Aira, Ricardo Piglia, Tomás Eloy Martínez… Entre os brasileiros, que dão origem a edições bilíngues, estão Haroldo de Campos, Glauco Mattoso, Wally Salomão e Jorge Mautner.




Esteira de produção
. Durante uma visita à sede da editora, a reportagem encontrou três colaboradores montando freneticamente exemplares de um livro sobre o pintor Benito Quinquela Martín. Era uma encomenda para uma festa em comemoração ao 122º aniversário de nascimento do ícone de La Boca. Entre os colaboradores também estava Miriam “La Osa” (“A Ursa”), ex-cartonera e cozinheira de mão cheia que está no projeto desde o início,e outra colaboradora, Maria. Todos ali fazem um pouco de tudo: imprimem, montam os livros, pintam. Não há funções delegadas e, quando há muitas capas de papelão para pintar, outros dois colaboradores são chamados.

As funções de designer e editor foram abolidas. Como disse Maria durante uma entrevista em 2009, “nosso slogan é ‘Muito Mais que Livros’, e assim nós também somos muito mais que editores”.

Com o dinheiro das vendas, paga-se todas as despesas – do aluguel ao material -, e o que sobra é dividido entre os participantes. Os salários são inconstantes e pequenos, mas todos têm a editora como trabalho número um. Quando perguntado sobre o que mudou nesses dez anos de Eloísa, Alejandro, um dos colaboradores, responde: o compromisso.

Todos são enfáticos ao afirmar que não têm a intenção e transformar a Eloísa em uma editora tradicional, e nem de revolucionar o mercado editorial. “Nós somos como a mosquinha no lombo da vaca – não atrapalhamos as grandes editoras em nada. Elas têm seu nicho de leitores já estabelecido, e nós estamos em um campo de batalha distinto”, diz Alejandro.

O êxito de Eloísa Cartonera está justamente aí: na possibilidade de criar novos espaços de leitura e de resgatar quem geralmente se encontrava afastado da literatura. Os livros custam no máximo 12 pesos – mais ou menos 5 reais –, e as vendas não se concentram apenas nessa esquina: eles sempre estão em mostras literárias e eventos culturais, mas marcam forte presença principalmente em feiras populares, entre vendedores de flores e batatas.

Os exemplares podem ser encontrados também nas prateleiras de algumas livrarias da cidade. São poucas, apesar da incessante busca por variados canais de distribuição. Os livros sempre saem da Eloísa com o mesmo preço, e as livrarias podem vendê-los pelo valor que quiserem.

Logística. O papelão é comprado de fornecedores costumeiros, que já conhecem bem o material preferido pela Eloísa: tem que estar sempre limpo e não pode ser muito grosso. Na falta de matéria-prima, compra-se de qualquer cartonero – e a escassez de papelão não é coisa rara, conta Alejandro.

As capas, sempre do mesmo tamanho, são recortadas a partir de um molde, e todos participam da pintura. No início, o miolo era xerocado, até a doação de uma velha impressora pela embaixada da Suíça em Buenos Aires. Por um tempo, a embaixada da Espanha também contribuiu com verba para o papel – que não é reciclado, devido ao alto custo. Segundo a piada interna, o governo argentino só colaborou com a crise.

Com a experiência da Eloísa Cartonera, editoras similares se multiplicaram pela América Latina, e, mais recentemente, atravessaram o Atlântico. De Toulouse a Pequim, de Madri a Maputo (Moçambique), estima-se que haja atualmente cerca de 50 irmãs de Eloísa pelo mundo.

Elas compartilham princípios comuns, mas cada uma se volta para as circunstâncias e necessidades locais. No Brasil, a Dulcineia Catadora, em São Paulo, foi a pioneira. Nascida em 2007, após encontrar-se com integrantes da Eloísa na 27ª Bienal de Arte de São Paulo, a cartonera brasileira desenvolve um trabalho itinerante, indo às cooperativas de materiais recicláveis e armando grupos que se interessem pela produção dos livros, promovendo oficinas e realizando intervenções urbanas.

Há ainda a Sereia Ca(n) tadora, em SãoVicente (SP), a Katarina Kartonera, em Florianópolis (SC), a Dengo Dengo Cartonero, de Navegantes (SC), a Rubra Cartonera, em Londrina (PR),a Unila Cartonera, de Foz do Iguaçu (PR) – vinculada à Universidade Federal da Integração Latino-Americana -, a Catapoesia, de Serra Negra (SP) e algumas em cidades de Minas Gerais.

As editoras cartoneras se comunicam de maneira esporádica, e até se reuniram algumas vezes: primeiro, em 2009, em um evento organizado pela University of Wisconsin (EUA), que resultou até em publicação acadêmica.

No ano passado, voltaram a se encontrar no Paraguai – devido às comemorações pelo Bicentenário da Independência o país.

A sede em La Boca é hoje muito visitada por estrangeiros, e o site (www.eloisacartonera.com.ar) é a principal porta de entrada de novos interessados.

Os trabalhadores da Eloísa se incomodam quando dizem que a editora é um símbolo da crise de 2001. Eles pensam que a editora é um símbolo do trabalho e da organização, e do trabalho como transformação. O projeto também recebeu críticas por supostamente “estetizar a pobreza”. Mas ninguém dá bola pra isso. Em vez disso, os colaboradores dizem que, simplesmente, reutilizam o papelão das ruas e fazem livros.

Em sua trajetória, a Eloísa Cartonera fez da necessidade uma virtude – mas uma virtude jovial, entusiasmada, que descarta o rótulo de projeto social e aposta na ideia da coletividade, uma fronteira entre a vida social e a arte.

 

Confira a galeria de fotos da editora:

 

 

ENTENDA MAIS SOBRE: ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.