Cultura

Inventor de sonhos sem fim

William Shakespeare viveu três séculos antes da invenção do cinema, mas não existe outro autor que tenha sido levado tantas vezes às telas

Inspiração eterna. Shakespeare, o mestre cujas peças servem ao cinema desde 1899. Imagem: Photos.com
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Por José Geraldo Couto

William Shakespeare (1564-1616) viveu três séculos antes da invenção do cinema, mas não existe outro autor que tenha sido levado tantas vezes às telas: o Internet Movie Database (IMDb) registra nada menos que 858 títulos, entre longas-metragens, telefilmes e minisséries.

A primeira adaptação cinematográfica de Shakespeare de que se tem notícia é o curta britânico King John, de 1899, que mostrava apenas a cena da morte do protagonista. De lá para cá, cineastas de todos os cantos do mundo mergulharam no universo shakespeariano em busca de inspiração.

As peças mais revisitadas do bardo foram Hamlet, Macbeth e, claro, Romeu e Julieta. Alguns diretores de primeiro time, como Laurence Olivier, Orson Welles e Akira Kurosawa, têm vários Shakespeares em sua filmografia.

Do homem William Shakespeare não há muito o que dizer, até porque sua biografia é repleta de sombras e pontos cegos. Sabemos que nasceu em Stratford-upon-Avon e aos 18 anos engravidou a amante Anne Hathaway, oito anos mais velha, com quem casou e teve três filhos.

Aos 28 anos, já era um ator e dramaturgo conhecido em Londres. Em 1599 se tornou sócio do Globe Theatre, que ganhou patrocínio real quando o rei James subiu ao trono, em 1603.

O fato de Shakespeare ter suas obras saqueadas das mais diversas maneiras em nossa época não deixa de ser irônico, já que ele próprio se servia sem cerimônia das fontes mais variadas, inclusive da literatura de seus antecessores e contemporâneos. “Somos da mesma substância de que são feitos


os sonhos”, escreveu em A Tempestade. Parecia estar falando, profeticamente, do cinema.

 

Henrique V (1944)

Realizada no calor da luta contra o nazismo, a versão de Laurence Olivier do épico patriótico de Shakespeare sobre a Batalha de Agincourt (1415) começa


com uma encenação da peça no Globe Theatre e ganha aos poucos a liberdade do cinema. Olivier dirigiu e protagonizou também Hamlet (1948) e Ricardo III (1955).

 

 

 

Macbeth (1948)

Macbeth (Orson Welles), nobre escocês do século XI, mata seu soberano e seus rivais para realizar a profecia ouvida de bruxas de que se tornaria rei. A versão de Welles, de baixo orçamento e com elenco teatral, tem uma ambientação selvagem e fantasmagórica. O diretor voltaria a Shakespeare com Otelo (1952) e Falstaff (1965).

 

 

 

Ran (1985)

Ao transpor a tragédia Rei Lear para o Japão medieval, Kurosawa fez uma mudança: em vez de filhas, o protagonista (Tatsuya Nakadai) tem três filhos que se digladiam pelo poder e pelas terras. Um dos filmes mais exuberantes de Kurosawa, é também um libelo pacifista. O diretor já adaptara Macbeth em Trono Manchado de Sangue (1957).

Por José Geraldo Couto

William Shakespeare (1564-1616) viveu três séculos antes da invenção do cinema, mas não existe outro autor que tenha sido levado tantas vezes às telas: o Internet Movie Database (IMDb) registra nada menos que 858 títulos, entre longas-metragens, telefilmes e minisséries.

A primeira adaptação cinematográfica de Shakespeare de que se tem notícia é o curta britânico King John, de 1899, que mostrava apenas a cena da morte do protagonista. De lá para cá, cineastas de todos os cantos do mundo mergulharam no universo shakespeariano em busca de inspiração.

As peças mais revisitadas do bardo foram Hamlet, Macbeth e, claro, Romeu e Julieta. Alguns diretores de primeiro time, como Laurence Olivier, Orson Welles e Akira Kurosawa, têm vários Shakespeares em sua filmografia.

Do homem William Shakespeare não há muito o que dizer, até porque sua biografia é repleta de sombras e pontos cegos. Sabemos que nasceu em Stratford-upon-Avon e aos 18 anos engravidou a amante Anne Hathaway, oito anos mais velha, com quem casou e teve três filhos.

Aos 28 anos, já era um ator e dramaturgo conhecido em Londres. Em 1599 se tornou sócio do Globe Theatre, que ganhou patrocínio real quando o rei James subiu ao trono, em 1603.

O fato de Shakespeare ter suas obras saqueadas das mais diversas maneiras em nossa época não deixa de ser irônico, já que ele próprio se servia sem cerimônia das fontes mais variadas, inclusive da literatura de seus antecessores e contemporâneos. “Somos da mesma substância de que são feitos


os sonhos”, escreveu em A Tempestade. Parecia estar falando, profeticamente, do cinema.

 

Henrique V (1944)

Realizada no calor da luta contra o nazismo, a versão de Laurence Olivier do épico patriótico de Shakespeare sobre a Batalha de Agincourt (1415) começa


com uma encenação da peça no Globe Theatre e ganha aos poucos a liberdade do cinema. Olivier dirigiu e protagonizou também Hamlet (1948) e Ricardo III (1955).

 

 

 

Macbeth (1948)

Macbeth (Orson Welles), nobre escocês do século XI, mata seu soberano e seus rivais para realizar a profecia ouvida de bruxas de que se tornaria rei. A versão de Welles, de baixo orçamento e com elenco teatral, tem uma ambientação selvagem e fantasmagórica. O diretor voltaria a Shakespeare com Otelo (1952) e Falstaff (1965).

 

 

 

Ran (1985)

Ao transpor a tragédia Rei Lear para o Japão medieval, Kurosawa fez uma mudança: em vez de filhas, o protagonista (Tatsuya Nakadai) tem três filhos que se digladiam pelo poder e pelas terras. Um dos filmes mais exuberantes de Kurosawa, é também um libelo pacifista. O diretor já adaptara Macbeth em Trono Manchado de Sangue (1957).

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