Cultura

Duos III e The Book of Chet

Estes são os dois novos discos da paulistana Luciana Souza, indicada três vezes ao Grammy, radicada há 27 anos nos Estados Unidos

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Por Tárik de Souza

Luciana Souza


Sunnyside/Universal

 

 

Indicada três vezes ao Grammy, radicada há 27 anos nos Estados Unidos, para onde foi inicialmente estudar composição na célebre escola de música Berklee, a paulistana Luciana Souza não domina apenas dois idiomas. É igualmente fluente em MPB e jazz. Novos doutorados em ambas as matérias desembarcam em discos simultâneos no Brasil, onde a cantora ainda é conhecida apenas por um público restrito.

Duos III, como nos dois anteriores, liga sua meticulosa emissão de contralto a violonistas brasileiros (Marco Pereira, Romero Lubambo e Toninho Horta), num repertório cada vez mais amplo. Além de pré-bossas repletas de síncopas (Tim Tim por Tim Tim, Doralice) e baladas arejadas por silêncios (Inútil Paisagem, uma versão bluesy de Dindi e um Beijo Partido, partilhado com o autor, Toninho Horta), Luciana arrisca-se ao lirismo candente de Cartola (As Rosas não Falam) e à coloração rural de Mágoas de Caboclo (J. Cascata/Leonel Azevedo), emblema do plangente Orlando Silva, de 1936.

Filha da letrista e produtora Teresa Souza e do compositor e violonista Walter Santos, iniciado na música no grupo Enamorados do Ritmo, em Juazeiro, na Bahia, ao lado de um certo João Gilberto, Luciana também pontifica em The Book of Chet. Trata-se de uma coleção de canções americanas de romantismo dilacerado, desidratadas pelo canto sem vibrato do trompetista do cool jazz Chet Baker (1929-1988), em meados dos anos 1950. Elas teriam inspirado bossa-novistas como Walter e João, e fornecem a Luciana matéria-prima para um minimalismo requintado. Seu canto só lâmina flutua em standards como The very thought of you, I fall in love so easily, The touch of your lips, You go to my head. Mas também pode cortar corações.

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