Cultura

Contra a voragem do tempo

Numa fase de supremacia dos bits acelerados da eletrônica, Jack White parece engolir uma enciclopédia do rock

Blunderbuss, novo disco de Jack White
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por Tárik de Souza

Blunderbuss


Jack White


Sony Music

O guitarrista, compositor e cantor americano Jack White parece ter engolido uma enciclopédia do rock. Numa fase de supremacia dos bits acelerados da eletrônica e da verborragia metralhada do rap, este desgarrado herói da guitarra (também capaz de tilintar um honk tonky piano, como em Trash Tongue Talker) desdobra-se em suprir as lacunas dos mitos do ramo, mortos ou quase aposentados, como a antiga rainha do rock Wanda Jackson, de 74 anos, para quem produziu um disco. Jack começou na sucinta banda dueto White Stripes, com a primeira mulher, Meg White, na bateria, em 1997, com quem gravou seis discos. Desguiou para projetos paralelos, o quarteto Racounteurs, em 2005, e o supergrupo Dead Weather, em 2009, ao lado de integrantes das bandas Kills e Queens of the Stone Age. Agora solo, segue múltiplo. Apesar dos urubus e assombrações das monocromáticas capa e encarte, Blunderbuss deplora perdas nas letras (a morte de um irmão e a separação da segunda mulher, Karen Elson, com quem se casou na Amazônia), mas faz girar um feérico carrossel de estilos a cada uma das 13 faixas.

Do primitivo rockabilly com breques e corinho (I’m shakin’) ao baladismo grandiloquente de Hypocritical kiss e as chicotadas de guitarra de Sixteen saltines sucedem-se os sobressaltos. Enevoada por violão folk e clarinete, Love interruption propõe formas de flagelação, enquanto a autopiedade salpica o suingue de Hip (Eponimous) poor boy. nstalado em Nashville, a sede da country music americana, onde mantém sua gravadora e lança discos de vinil, Jack opera como um artista da Renascença em aceso confronto com a voragem do tempo.

 

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Blunderbuss


Jack White


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O guitarrista, compositor e cantor americano Jack White parece ter engolido uma enciclopédia do rock. Numa fase de supremacia dos bits acelerados da eletrônica e da verborragia metralhada do rap, este desgarrado herói da guitarra (também capaz de tilintar um honk tonky piano, como em Trash Tongue Talker) desdobra-se em suprir as lacunas dos mitos do ramo, mortos ou quase aposentados, como a antiga rainha do rock Wanda Jackson, de 74 anos, para quem produziu um disco. Jack começou na sucinta banda dueto White Stripes, com a primeira mulher, Meg White, na bateria, em 1997, com quem gravou seis discos. Desguiou para projetos paralelos, o quarteto Racounteurs, em 2005, e o supergrupo Dead Weather, em 2009, ao lado de integrantes das bandas Kills e Queens of the Stone Age. Agora solo, segue múltiplo. Apesar dos urubus e assombrações das monocromáticas capa e encarte, Blunderbuss deplora perdas nas letras (a morte de um irmão e a separação da segunda mulher, Karen Elson, com quem se casou na Amazônia), mas faz girar um feérico carrossel de estilos a cada uma das 13 faixas.

Do primitivo rockabilly com breques e corinho (I’m shakin’) ao baladismo grandiloquente de Hypocritical kiss e as chicotadas de guitarra de Sixteen saltines sucedem-se os sobressaltos. Enevoada por violão folk e clarinete, Love interruption propõe formas de flagelação, enquanto a autopiedade salpica o suingue de Hip (Eponimous) poor boy. nstalado em Nashville, a sede da country music americana, onde mantém sua gravadora e lança discos de vinil, Jack opera como um artista da Renascença em aceso confronto com a voragem do tempo.

 

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