Cultura

Atrás de grades

No longa “Reality”, destaque da Mostra de Cinema de São Paulo, comerciante humilde de Nápoles vira prisioneiro de culto às celebridades após ser rejeitado por um reality show

Dolado de cá. Aniello Arena interpreta o protagonista encantado por celebridades
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Reality


Matteo Garrone

Em Reality, o diretor Matteo Garrone (Gomorra) propõe um recurso irônico que talvez seja mais valioso ao filme do que o drama em cena. Este diz respeito a um pai de família e comerciante humilde de Nápoles que, certo dia, se vê enredado num programa televisivo do tipo reality show no qual a Itália é pródiga. Luciano sonha entrar para o lado de lá da telinha, digamos assim, mas o intento não passará de mera sondagem por parte dos organizadores. Deprimido, ele se recolhe, torna-se um obsessivo a ponto de largar o trabalho e perder a família. Vira um autômato, enfim, prisioneiro do culto às celebridades.

Uma análise de fenômenos afins já daria muito pano para discussão, mas Garrone quis trazer maior complexidade ao tema e convidou Aniello Arena para interpretar o protagonista. Arena é um detento na Itália e foi por encantar-se com sua trajetória que Garrone decidiu fazer um filme no qual há outro tipo de prisão. A cena final imanta os dois destinos, o de Arena e seu personagem.

Ajusta-se também a bela tomada inicial, quando um helicóptero sobrevoa a cidade até alcançar um casamento. No Festival de Cannes, o diretor ganhou o Grande Prêmio do Júri, em edição presidida por Nanni Moretti. O cineasta italiano é distribuidor de César Deve Morrer, o filme dos irmãos Taviani também interpretado por presidiários e vencedor em Berlim. Outro ciclo que se fecha. O impactante trabalho dos Taviani não veio à Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. A provocação de Garrone pode ser vista sexta 19, às 15h50, no Espaço Itaú/Frei Caneca, dia 22, às 21h30, no Espaço Itaú/Pompeia, e em mais três sessões no decorrer do evento.

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Em Reality, o diretor Matteo Garrone (Gomorra) propõe um recurso irônico que talvez seja mais valioso ao filme do que o drama em cena. Este diz respeito a um pai de família e comerciante humilde de Nápoles que, certo dia, se vê enredado num programa televisivo do tipo reality show no qual a Itália é pródiga. Luciano sonha entrar para o lado de lá da telinha, digamos assim, mas o intento não passará de mera sondagem por parte dos organizadores. Deprimido, ele se recolhe, torna-se um obsessivo a ponto de largar o trabalho e perder a família. Vira um autômato, enfim, prisioneiro do culto às celebridades.

Uma análise de fenômenos afins já daria muito pano para discussão, mas Garrone quis trazer maior complexidade ao tema e convidou Aniello Arena para interpretar o protagonista. Arena é um detento na Itália e foi por encantar-se com sua trajetória que Garrone decidiu fazer um filme no qual há outro tipo de prisão. A cena final imanta os dois destinos, o de Arena e seu personagem.

Ajusta-se também a bela tomada inicial, quando um helicóptero sobrevoa a cidade até alcançar um casamento. No Festival de Cannes, o diretor ganhou o Grande Prêmio do Júri, em edição presidida por Nanni Moretti. O cineasta italiano é distribuidor de César Deve Morrer, o filme dos irmãos Taviani também interpretado por presidiários e vencedor em Berlim. Outro ciclo que se fecha. O impactante trabalho dos Taviani não veio à Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. A provocação de Garrone pode ser vista sexta 19, às 15h50, no Espaço Itaú/Frei Caneca, dia 22, às 21h30, no Espaço Itaú/Pompeia, e em mais três sessões no decorrer do evento.

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