Cultura

A marca humana

Notável contador de histórias, Audálio Dantas lança livro com reportagens que marcaram época

Cláusula pétrea. "Não consigo escrever se o tema não me tocar". Foto: Olga Vlahou
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Na parede à direita de quem entra no apartamento de Audálio Dantas em São Paulo, um quadro magnetiza o olhar. Ali está retratada Baleia, a cadela de Vidas Secas, obra-prima de Graciliano Ramos, sensivelmente bem interpretada por Aldemir Martins. Emagrecido, um sol muito grande e muito próximo a lhe causticar o pelo ralo, o pobre animal caminha sem rumo ou esperança. Baleia não ocupa lugar de destaque por acaso. Ela homenageia o autor que lhe despertou o gosto pela escrita. Audálio Dantas se iniciou na literatura com Jorge Amado e aos 12 anos descobriu que a linguagem de Graciliano tinha mais a lhe dizer. Fora as semelhanças: ambos de Alagoas, ambos de pequenas cidades, ambos alfabetizados um pouco mais tarde que a maioria.

Dissecado Graciliano, aos 18 anos Dantas mergulhou nos romancistas norte-americanos e a premência de escrever sobreveio. “Até então ensaiava textos, poeminhas, coisas que não mostrava a ninguém.” O gosto pela ficção açodou a necessidade de relatar a realidade. “Contar histórias sempre foi minha vocação”, diz Dantas, jornalista e escritor, 80 anos, dez livros, inabalável interesse pela humanidade e uma infinidade de reportagens emblemáticas publicadas nas revistas em que o jornalismo mais encontrou seu hábitat, O Cruzeiro e Realidade. Treze delas estão reunidas no recém-lançado Tempo de Reportagem – Histórias que marcaram época no jornalismo brasileiro (Leya, 288 págs., R$ 39,90).

Autodidata, o alagoano de Tanque d’Arca começou a sonhar com jornal ao ler as crônicas de Rachel de Queiroz na última página da revista O Cruzeiro. O emprego num laboratório fotográfico em São Paulo onde conheceu Luigi Manprin foi a ponte para sua entrada na imprensa. “Luigi foi para a Folha e me levou. Comecei a substituir alguns fotógrafos, fiz uns textos, gostaram e pronto. Em 1954, aos 22 anos, estava efetivado na reportagem do jornal.”

O grande momento viria dois anos depois, quando o diretor de redação da Folha da Manhã, Mário Mazzei Guimarães, o encarregou de fazer a cobertura dos efeitos da chegada da energia elétrica ao Sertão. As primeiras reportagens focaram as mudanças no quadro econômico da região. A seguir veio o que faz brilhar os olhos do repórter, a geografia humana. “O primeiro caso que peguei foi emblemático, a história da primeira energia arrancada do São Francisco, obra do empresário e pioneiro Delmiro Gouveia.” Com a força gerada no cânion do rio o industrial construiu uma tecelagem e no entorno uma cidade. “Era o Brasil que chegava a uma espécie de Primeiro Mundo. As casas, as escolas, aquela gente foi formando Paulo Afonso.”

Assim se consolidou sua fama de repórter farejador de boas pautas e zeloso do texto, do tipo que não hesitava em arrancar as laudas da máquina e recomeçar do zero, caso o resultado não estivesse a contento. Compromisso com o assunto, rigor na apuração, respeito aos valores humanos fundamentais são para ele cláusulas pétreas. Sobretudo humildade: “Esse é um problema do jornalista, achar que sabe tudo. Ouvir um homem do fundo do Sertão para mim sempre foi um aprendizado, pois ele sabe coisas que eu não sei”.

Foi com um texto que hoje avalia como “repleto de falhas”, essencialmente mal escrito, publicado em 1958 na Folha da Noite, que o repórter ganhou projeção e um convite no ano seguinte para integrar a equipe de O Cruzeiro. O objetivo era mostrar como viviam os moradores da Favela do Canindé, às margens do Rio Tietê, em São Paulo. Uma semana de convívio seria o suficiente para levantar histórias, conhecer as dificuldades, percorrer as ruelas a emanar esgoto. Bastaram três dias. De volta à redação, o repórter trazia um caderno que parecia saído do lixo, repleto de pequenos textos em caligrafia nervosa. Poemas até. Dantas encontrara alguém melhor que ele para narrar a realidade. Deu voz à favelada Carolina Maria de Jesus, de 44 anos, catadora de papel, três filhos invariavelmente a comer menos do que o necessário. “Publicamos o diário dela sob o título O drama da favela escrito por uma favelada.” A repercussão foi enorme. Até então, Carolina havia sido ignorada. Percorrera redações e editoras na esperança de ver seus escritos publicados. O máximo que conseguira foram palavras de “incentivo formal”.

Na redação de O Cruzeiro, escreveu uma reportagem mais detalhada sobre Carolina e novos trechos de seu diário foram publicados. Para o repórter, estar ali era dar um longo passo adiante na carreira. “A revista permitia nos estendermos ainda mais nos assuntos, proporcionava viagens, saí pela primeira vez do Brasil. Ali ampliei meus horizontes e convivi com gente como Ziraldo, que na época era diagramador, Millôr Fernandes, Zuenir Ventura e Jânio de Freitas.”

Durante um ano, o repórter compilou os textos da nova escritora revelada ao mundo. O resultado foi o livro Quarto de Despejo, publicado em 1960, cujos 10 mil exemplares da primeira edição desapareceram das livrarias no prazo recorde de uma semana. O episódio transformou a vida de Carolina, que passou a ser solicitada, adulada, convidada a tudo ver e a todos conhecer. Voou pela primeira vez de avião, se hospedou em hotel de luxo, experimentou iguarias, arranjou um namorado, brigou com Jorge Amado.

Seu diário continuava a ser alimentado e saiu em forma de segundo livro, Casa de Alvenaria. “Essa história até hoje me persegue”, brinca o jornalista, que chegou a ser acusado de forjar os textos. Para os que desconhecem quão lúcidos podem ser os loucos era difícil crer que uma semianalfabeta de mente em constante torvelinho pudesse escrever coisas como “suporto as contingências da vida, resoluta. Eu não consegui armazenar dinheiro para viver. Resolvi armazenar paciência”.

Comparar o jornalismo praticado nos anos 1960 e 1970 com o que se faz hoje pode soar melancólico. “As empresas jornalísticas investiam muito, inclusive no nome dos jornalistas. Havia semanas em que O Cruzeiro tinha gente nos cinco continentes. Tive oportunidade de fazer matéria sobre o Rio São Francisco cuja apuração durou 45 dias”, conta. “A reportagem não acabou, acabaram as condições, o interesse das empresas”, avalia. “A diversificação de títulos segmentou o mercado e dispersou o interesse. Para isso contribuiu a tevê no sentido perverso, porque passou a fazer espetáculo de tudo, do jornalismo inclusive.”

O jornalismo como prestação de serviço público, que Audálio Dantas sempre praticou e defendeu, esboroou ao longo das décadas. “Esse ideal se dissipa no momento em que a informação passa a ser manipulada. E isso acontece barbaramente no Brasil. A manipulação para obter determinados resultados passou a ser o jornalismo de denúncia, uma coisa quase policial. É uma pretensão.”

Em 2002, Dantas foi ao Iraque participar de um simpósio sobre os efeitos da globalização da economia do Terceiro Mundo. “Lá senti com clareza o que é a manipulação da informação. Havia anos que ouvíamos as histórias de Saddam Hussein preparando uma guerra de extermínio com armas químicas. Então você chega ao país e vê o povo sofrendo, primeiro porque o regime era muito fechado e também porque estavam à espera de uma nova guerra. Ninguém se sente com os pés no chão à espera de um ataque.” O jornalista se lembra da transmissão da Guerra do Golfo pela tevê, os mísseis cruzando os céus num perverso videogame. “Não se mostrava o povo.” Ao visitar um abrigo antiaéreo construído para acolher mulheres, velhos e crianças, teve um choque de realidade. Uma bomba havia acertado o local e as marcas dos corpos jogados ainda estavam nas paredes. “Ninguém mostrou isso.”

Seu próximo livro, A Segunda Guerra de Vlado, será lançado em outubro pela editora Civilização Brasileira. “Se eu quiser fazer uma frase direi que trabalho nesse projeto há 36 anos”, afirma acerca da obra que tem como personagem principal o jornalista Vladimir Herzog, diretor de Jornalismo da TV Cultura, assassinado em 1975 na sede do Destacamento de Operações de Informações e Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do 2º Exército, em São Paulo. “Queria dar a minha versão, pois muitas vezes me indignei com as versões que deram ao caso”, diz. À época, Dantas presidia o Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo.

“Quando se diz que a sociedade reagiu ao assassinato do Herzog é uma generalização absurda. Ela reagiu em razão de uma atuação firme do sindicato. Estávamos lá havia cinco meses, empenhados em denunciar as arbitrariedades da ditadura. Vínhamos num processo de denúncia de sequestros de jornalistas cometidos desde o início de outubro, 12 no total. Mino Carta teve um papel importantíssimo nesse contexto, foi uma espécie de elo. Procurou dom Paulo Evaristo Arns, viajou a Santos em busca do coronel Erasmo Dias (leia o editorial na pág. 12). No dia seguinte à morte do Vlado, uma nota do sindicato informava que não aceitávamos a versão de suicídio. As consequências são históricas.”

Para esta reportagem, o jornalista enfrentou um forte bloqueio emocional e a falta de anotações. Tudo teria de ser recolhido de sua memória e daquelas de participantes da história. Fez 50 entrevistas, analisou o que foi publicado, reviveu os muitos medos enfrentados naqueles anos terríveis. Novamente era o repórter diante da matéria-prima primordial, a emoção. “Não consigo escrever se o tema não me tocar. Eu devia isso a mim mesmo. Foi uma catarse. O momento de maior alívio na minha vida foi colocar o ponto final nesse livro.”

Na parede à direita de quem entra no apartamento de Audálio Dantas em São Paulo, um quadro magnetiza o olhar. Ali está retratada Baleia, a cadela de Vidas Secas, obra-prima de Graciliano Ramos, sensivelmente bem interpretada por Aldemir Martins. Emagrecido, um sol muito grande e muito próximo a lhe causticar o pelo ralo, o pobre animal caminha sem rumo ou esperança. Baleia não ocupa lugar de destaque por acaso. Ela homenageia o autor que lhe despertou o gosto pela escrita. Audálio Dantas se iniciou na literatura com Jorge Amado e aos 12 anos descobriu que a linguagem de Graciliano tinha mais a lhe dizer. Fora as semelhanças: ambos de Alagoas, ambos de pequenas cidades, ambos alfabetizados um pouco mais tarde que a maioria.

Dissecado Graciliano, aos 18 anos Dantas mergulhou nos romancistas norte-americanos e a premência de escrever sobreveio. “Até então ensaiava textos, poeminhas, coisas que não mostrava a ninguém.” O gosto pela ficção açodou a necessidade de relatar a realidade. “Contar histórias sempre foi minha vocação”, diz Dantas, jornalista e escritor, 80 anos, dez livros, inabalável interesse pela humanidade e uma infinidade de reportagens emblemáticas publicadas nas revistas em que o jornalismo mais encontrou seu hábitat, O Cruzeiro e Realidade. Treze delas estão reunidas no recém-lançado Tempo de Reportagem – Histórias que marcaram época no jornalismo brasileiro (Leya, 288 págs., R$ 39,90).

Autodidata, o alagoano de Tanque d’Arca começou a sonhar com jornal ao ler as crônicas de Rachel de Queiroz na última página da revista O Cruzeiro. O emprego num laboratório fotográfico em São Paulo onde conheceu Luigi Manprin foi a ponte para sua entrada na imprensa. “Luigi foi para a Folha e me levou. Comecei a substituir alguns fotógrafos, fiz uns textos, gostaram e pronto. Em 1954, aos 22 anos, estava efetivado na reportagem do jornal.”

O grande momento viria dois anos depois, quando o diretor de redação da Folha da Manhã, Mário Mazzei Guimarães, o encarregou de fazer a cobertura dos efeitos da chegada da energia elétrica ao Sertão. As primeiras reportagens focaram as mudanças no quadro econômico da região. A seguir veio o que faz brilhar os olhos do repórter, a geografia humana. “O primeiro caso que peguei foi emblemático, a história da primeira energia arrancada do São Francisco, obra do empresário e pioneiro Delmiro Gouveia.” Com a força gerada no cânion do rio o industrial construiu uma tecelagem e no entorno uma cidade. “Era o Brasil que chegava a uma espécie de Primeiro Mundo. As casas, as escolas, aquela gente foi formando Paulo Afonso.”

Assim se consolidou sua fama de repórter farejador de boas pautas e zeloso do texto, do tipo que não hesitava em arrancar as laudas da máquina e recomeçar do zero, caso o resultado não estivesse a contento. Compromisso com o assunto, rigor na apuração, respeito aos valores humanos fundamentais são para ele cláusulas pétreas. Sobretudo humildade: “Esse é um problema do jornalista, achar que sabe tudo. Ouvir um homem do fundo do Sertão para mim sempre foi um aprendizado, pois ele sabe coisas que eu não sei”.

Foi com um texto que hoje avalia como “repleto de falhas”, essencialmente mal escrito, publicado em 1958 na Folha da Noite, que o repórter ganhou projeção e um convite no ano seguinte para integrar a equipe de O Cruzeiro. O objetivo era mostrar como viviam os moradores da Favela do Canindé, às margens do Rio Tietê, em São Paulo. Uma semana de convívio seria o suficiente para levantar histórias, conhecer as dificuldades, percorrer as ruelas a emanar esgoto. Bastaram três dias. De volta à redação, o repórter trazia um caderno que parecia saído do lixo, repleto de pequenos textos em caligrafia nervosa. Poemas até. Dantas encontrara alguém melhor que ele para narrar a realidade. Deu voz à favelada Carolina Maria de Jesus, de 44 anos, catadora de papel, três filhos invariavelmente a comer menos do que o necessário. “Publicamos o diário dela sob o título O drama da favela escrito por uma favelada.” A repercussão foi enorme. Até então, Carolina havia sido ignorada. Percorrera redações e editoras na esperança de ver seus escritos publicados. O máximo que conseguira foram palavras de “incentivo formal”.

Na redação de O Cruzeiro, escreveu uma reportagem mais detalhada sobre Carolina e novos trechos de seu diário foram publicados. Para o repórter, estar ali era dar um longo passo adiante na carreira. “A revista permitia nos estendermos ainda mais nos assuntos, proporcionava viagens, saí pela primeira vez do Brasil. Ali ampliei meus horizontes e convivi com gente como Ziraldo, que na época era diagramador, Millôr Fernandes, Zuenir Ventura e Jânio de Freitas.”

Durante um ano, o repórter compilou os textos da nova escritora revelada ao mundo. O resultado foi o livro Quarto de Despejo, publicado em 1960, cujos 10 mil exemplares da primeira edição desapareceram das livrarias no prazo recorde de uma semana. O episódio transformou a vida de Carolina, que passou a ser solicitada, adulada, convidada a tudo ver e a todos conhecer. Voou pela primeira vez de avião, se hospedou em hotel de luxo, experimentou iguarias, arranjou um namorado, brigou com Jorge Amado.

Seu diário continuava a ser alimentado e saiu em forma de segundo livro, Casa de Alvenaria. “Essa história até hoje me persegue”, brinca o jornalista, que chegou a ser acusado de forjar os textos. Para os que desconhecem quão lúcidos podem ser os loucos era difícil crer que uma semianalfabeta de mente em constante torvelinho pudesse escrever coisas como “suporto as contingências da vida, resoluta. Eu não consegui armazenar dinheiro para viver. Resolvi armazenar paciência”.

Comparar o jornalismo praticado nos anos 1960 e 1970 com o que se faz hoje pode soar melancólico. “As empresas jornalísticas investiam muito, inclusive no nome dos jornalistas. Havia semanas em que O Cruzeiro tinha gente nos cinco continentes. Tive oportunidade de fazer matéria sobre o Rio São Francisco cuja apuração durou 45 dias”, conta. “A reportagem não acabou, acabaram as condições, o interesse das empresas”, avalia. “A diversificação de títulos segmentou o mercado e dispersou o interesse. Para isso contribuiu a tevê no sentido perverso, porque passou a fazer espetáculo de tudo, do jornalismo inclusive.”

O jornalismo como prestação de serviço público, que Audálio Dantas sempre praticou e defendeu, esboroou ao longo das décadas. “Esse ideal se dissipa no momento em que a informação passa a ser manipulada. E isso acontece barbaramente no Brasil. A manipulação para obter determinados resultados passou a ser o jornalismo de denúncia, uma coisa quase policial. É uma pretensão.”

Em 2002, Dantas foi ao Iraque participar de um simpósio sobre os efeitos da globalização da economia do Terceiro Mundo. “Lá senti com clareza o que é a manipulação da informação. Havia anos que ouvíamos as histórias de Saddam Hussein preparando uma guerra de extermínio com armas químicas. Então você chega ao país e vê o povo sofrendo, primeiro porque o regime era muito fechado e também porque estavam à espera de uma nova guerra. Ninguém se sente com os pés no chão à espera de um ataque.” O jornalista se lembra da transmissão da Guerra do Golfo pela tevê, os mísseis cruzando os céus num perverso videogame. “Não se mostrava o povo.” Ao visitar um abrigo antiaéreo construído para acolher mulheres, velhos e crianças, teve um choque de realidade. Uma bomba havia acertado o local e as marcas dos corpos jogados ainda estavam nas paredes. “Ninguém mostrou isso.”

Seu próximo livro, A Segunda Guerra de Vlado, será lançado em outubro pela editora Civilização Brasileira. “Se eu quiser fazer uma frase direi que trabalho nesse projeto há 36 anos”, afirma acerca da obra que tem como personagem principal o jornalista Vladimir Herzog, diretor de Jornalismo da TV Cultura, assassinado em 1975 na sede do Destacamento de Operações de Informações e Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do 2º Exército, em São Paulo. “Queria dar a minha versão, pois muitas vezes me indignei com as versões que deram ao caso”, diz. À época, Dantas presidia o Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo.

“Quando se diz que a sociedade reagiu ao assassinato do Herzog é uma generalização absurda. Ela reagiu em razão de uma atuação firme do sindicato. Estávamos lá havia cinco meses, empenhados em denunciar as arbitrariedades da ditadura. Vínhamos num processo de denúncia de sequestros de jornalistas cometidos desde o início de outubro, 12 no total. Mino Carta teve um papel importantíssimo nesse contexto, foi uma espécie de elo. Procurou dom Paulo Evaristo Arns, viajou a Santos em busca do coronel Erasmo Dias (leia o editorial na pág. 12). No dia seguinte à morte do Vlado, uma nota do sindicato informava que não aceitávamos a versão de suicídio. As consequências são históricas.”

Para esta reportagem, o jornalista enfrentou um forte bloqueio emocional e a falta de anotações. Tudo teria de ser recolhido de sua memória e daquelas de participantes da história. Fez 50 entrevistas, analisou o que foi publicado, reviveu os muitos medos enfrentados naqueles anos terríveis. Novamente era o repórter diante da matéria-prima primordial, a emoção. “Não consigo escrever se o tema não me tocar. Eu devia isso a mim mesmo. Foi uma catarse. O momento de maior alívio na minha vida foi colocar o ponto final nesse livro.”

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