Cultura

A autora! A autora!

A volta triunfal da história de uma tal sapa Cristina

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Esse mundo é mesmo pequeno! Ouço essa frase desde que era pequeno e desde que o mundo é mundo. Fiquei em dúvida se era mesmo pequeno quando coloquei os pés em Tóquio, depois de uma viagem de vinte e sete horas, voando a quase mil quilômetros por hora. Que pequeno que nada, pensei. 

Já contei aqui pra vocês a história da sapa Cristina, não é mesmo? Uma historinha que aconteceu lá em meados dos anos 1980, no bairro de Higienópolis, onde morava com os meus dois filhos do primeiro casamento. Eles adoravam a revista Recreio e foi no número 100 que topamos com a história da tal sapa Cristina. 

Costumava ler a revista pra eles, na cama, para que eles relaxassem um pouco e pegassem no sono. Quando comecei a ler, veio a revolta. A mãe da Cristina era muito rigorosa e a pobre sapa não podia colocar as patinhas na água, não podia sair no sereno, sequer engolir uma pequena aranha. Coisa que todo sapo faz. 

Meus filhos ficaram tão revoltados que, no dia seguinte, resolvemos escrever uma carta pra revista. Não vou contar a história toda porque vocês já sabem. Mas enfim, a resposta da Recreio chegou em poucos dias. 

Recebemos sua carta de 29 de abril passado e saiba que o seu protesto está aceito. Em termos pedagógicos, reconhecemos que a história da sapa Cristina é discutível em sua proposta. Suas colocações estão corretas e continue a escrever sempre que julgar conveniente.

Era uma cartinha em papel timbrado, assinada por Paulette Cohen, a editora-chefe da Recreio. 

Animados com a resposta, o Julião e a Sara resolveram mudar o final da história e uma segunda carta foi enviada para a Paulette, que respondeu. 

Este é um bilhete muito afetuoso. Obrigado! A ideia me deu um imenso prazer. À turminha unida, um grande abraço da Paulette.

Semana passada, a história de que esse mundo é mesmo pequeno, voltou à tona. Fui convidado para uma noite de caldo verde na casa de amigos do peito, no bairro de Pinheiros, aqui em São Paulo. Sete em ponto estava lá.   

Quando deu oito horas, chegou uma convidada muito especial, vinda da Bahia, com o marido português para, juntos, tomarmos o tal caldo verde.

Sandra, a anfitriã, sabendo da minha paixão por revistas, me apresentou a ela assim: 

– Essa é a querida Sonia Robatto, amiga de longa data. Foi ela quem criou a revista Recreio!

Fiquei encantado com a Sonia e depois de dizer que, lá no século passado, éramos apaixonados pela Recreio, fui logo contando a história da sapa Cristina.

O caldo verde foi colocado na mesa e durante alguns segundos, instalou-se um silêncio na sala. Ai a Sonia disse:

– Eu sou a autora da história da sapa Cristina!

Concluindo.

Rimos amarelo, contamos muitas histórias das nossas vidas, rasgamos elogios a Bahia, falamos da coleção completa da Taba, que eu tenho e foi ela também quem criou, ficamos amigos, rimos pra valer, tomamos o melhor caldo verde do mundo, tiramos uma fotografia para ilustrar essa crônica e chegamos a conclusão de que esse mundo é mesmo pequeno. 

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