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O simbolismo e os sabores da festa junina

Explorar as tradições e cozinhar pratos típicos da festividade é um modo de valorizar nossa cultura

|Quadrilha|
Dependendo da região ||
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Festa junina. Essas duas palavras nos levam ao mês de junho, ao frio, a pensar em fogueiras, bandeirinhas, quadrilha, barraquinhas com brincadeiras e, principalmente, nas gostosas comidas que ocupam uma parte central da festa. Mas qual a origem da festividade e seus tantos símbolos?

É sabido que os povos da Antiguidade comemoravam a época da fecundidade das terras e colheitas ao redor de fogueiras. Esse período do ano correspondia ao solstício, momento em que o Sol incide com maior intensidade sobre um dos dois hemisférios. Os solstícios ocorrem duas vezes ao ano: dezembro e junho.

Nas remotas comemorações de povos pagãos, as fogueiras eram acesas com o objetivo de afastar pestes, estiagens e outros males. Já na cultura cristã, a fogueira representa o meio utilizado por Isabel, prima de Maria (mãe de Jesus), para avisá-la em 24 de junho do nascimento de seu filho, João Batista, o São João.

As festas juninas são, portanto, em sua essência multiculturais. Em cada lugar do mundo comemora-se de forma diferente. Por influência da colonização portuguesa e católica (em Portugal, denominam-se Festas Joaninas), durante nossas festas juninas homenageamos santos como Santo Antônio, São Pedro e São João.

Mistura sendo triturada para dar origem à paçoca (Foto: Pixabay) Mistura sendo triturada para dar origem à paçoca (Foto: Pixabay)

São João é o único santo da igreja católica cuja a comemoração se dá no dia do seu nascimento e não da sua morte. É o santo mais comemorado por todo o Brasil e atribui-se a ele as boas colheitas, as fogueiras e o estouro dos rojões que afastam os maus agouros.

O solstício comemorado em junho no nosso País é o de inverno e a época coincide com a colheita do milho em todo território, o que explica a forte presença do alimento nas comemorações de norte ao sul, seja assado, cozido ou em forma de pipoca, pamonha, curau, bolo e cuscuz. Amendoim e mandioca também são ingredientes presentes nos quitutes destas festas. Tudo com muito açúcar, lembrando nossa herança portuguesa. Canjica, arroz doce, paçoca, maçã do amor, pé de moleque, quentão e vinho quente também costumam estar presentes nas festas.

Por sua vez, as bandeirinhas coloridas simbolizam o costume antigo de homenagear os santos colocando bandeiras com suas imagens no alto de mastros. Os balões teriam a missão de levar as mensagens da terra aos céus. As danças juninas, segundo consta, são inspiradas nos bailes das cortes transpostos para as festas rurais em forma de quadrilhas.

Dependendo da região, a festa junina apresenta um caráter peculiar em consonância com a cultura local e a comida segue o mesmo caminho. Para citar preparos mais regionais, podemos falar em munguzá na região Norte, mané pelado no Nordeste, Centro Oeste e Sudeste e bolinho caipira e pinhão que têm forte presença no Sul.

Para entrar no clima junino, propomos a seguir uma oficina de cozinha na qual explora-se a descoberta de cada ingrediente e seus processos de transformação.

Ano do Ciclo: Educação Infantil e 1º a 5º anos do Ensino Fundamental
Áreas Envolvidas: História e Língua Portuguesa
Tempo de Duração: variável em função da receita selecionada
Objetivos de aprendizagem: Identificar diferentes contribuições culturais na formação da população brasileira, valorizando as diferenças de costumes dos grupos sociais e étnicos. Ler textos instrucionais, aprendendo orientar-se para a realização determinados procedimentos.

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Receita de cuscuz de milho no pano (do professor Carlos Siffert)
Rendimento: 2 porções
Tempo aproximado de preparo: 50 minutos
Dinâmica de trabalho: 1 receita por dupla
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Utensílios necessários para cada dupla:
1 boca de fogão
1 tigela média
1 prato
1 panela com boca em que o prato encaixe com folga
1 pano limpo (aprox. 40 cm x 40 cm)
1 colher de sopa

Ingredientes:
1 e 1/2 xícaras (de chá) de flocos de milho
1 colher de sopa de tapioca
1 colher de café de sal
¾ xícara (de chá) de água
Para servir, sal a gosto, leite de coco ou manteiga de garrafa

Preparo:
1 Na tigela, misture com as pontas dos dedos os flocos de milho com a tapioca, água e sal aos poucos até ficar úmido

2 Deixe repousar por 5 minutos para que a mistura hidrate bem

3 Depois deste período, disponha em um prato de sobremesa sem apertar demais e cubra com um pano limpo, amarrando por baixo do prato

4 Coloque sobre a boca de uma panela com água, com a parte de cima do prato virada para baixo

5 Cozinhe em fogo brando, sem deixar a água tocar no pano, por 20 minutos aproximadamente

6 Retire do fogo, vire o prato e retire o pano cuidadosamente

7 Sirva quente regado com leite de coco ou manteiga de garrafa
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Receita de sopa de pipoca (das professoras Betty Kövesi e Gabriela Martinoli)
Rendimento: 4 a 6 porções
Tempo aproximado de preparo: 40 minutos
Dinâmica de trabalho: 1 receita para 4 pessoas
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Utensílios necessários para cada 4 pessoas:
1 liquidificador
1 panela média
1 panela média com tampa
1 peneira
1 espátula/colher de pau
1 colher de sopa
1 tesoura sem ponta

Ingredientes:
3 espigas de milho verde/400 g milho verde congelado
1 xícara (de chá) de leite
1/2 xícara (de chá) de cebola picada
1 folha de louro
1/4 (de chá) sal
1 pitada de pimenta-do-reino e de noz-moscada (se quiser)
3 colheres (sopa) de requeijão cremoso
2 colheres (sopa) de cebolinha verde lavada e picada (com tesoura)
1 xícara de café de milho para pipoca
1 colher de sopa de óleo sal a gosto Preparo:

1 Debulhe a espiga de milho verde com auxílio de uma faca

2 Coloque o milho com o leite e a cebola no copo do liquidificador. Bata até formar um creme liso

3 Coe a mistura em uma panela, apertando as cascas dos grãos. Acrescente a folha de louro

4 Leve ao fogo baixo, por 15 minutos

5 Acerte o sal e, se quiser, a pimenta e a noz-moscada

6 Desligue.

7 Faça a pipoca e reserve

8 Coloque e a cebolinha na sopa e misture bem

9 Sirva nos pratos de sopa e por último coloque um punhado de pipocas e consuma imediatamente
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[bs_row class=”row”][bs_col class=”col-xs-2″][/bs_col][bs_col class=”col-xs-10 azul”]
Receita de broa de milho (da professora Marina Hernandez)
Rendimento: 12 unidades médias
Tempo aproximado de preparo: 40 minutos
Dinâmica de trabalho: 1 receita para 4 pessoas
[bs_citem title=”” id=”citem_5422-8f95″ parent=”collapse_e98f-4f2c”]
Utensílios necessários:
1 panela média
1 espátula ou colher de pau
1 tigela
1 xícara de chá para moldar as broas
1 tigela pequena para quebrar os ovos
1 assadeira retangular de 20 x 30 cm
Forno

Ingredientes:

½ xícara (de chá) de leite
½ xícara (de chá) de água
4 colheres (de sopa) de manteiga ou óleo de milho
4 colheres (de sopa) de açúcar
1 colher (de chá) de erva doce em sementes
1 pitada de sal
1/3 xícara (de chá) de fubá mimoso (mais fino)
2/3 xícara (de chá) de farinha de trigo
3 ovos
Farinha de trigo para polvilhar

Preparo:
1 Na panela ferva o leite, a água, a manteiga, a erva doce, o açúcar e uma pitada de sal. Assim que ferver acrescente de uma vez a farinha de trigo e o fubá

2 Cozinhe em fogo médio/baixo mexendo sempre até que a massa comece a desgrudar do fundo da panela

3 Coloque a mistura em uma tigela deixe amornar por alguns instantes

4 Acrescente os ovos um a um, mexendo vigorosamente entre cada adição

5 Unte uma assadeira com manteiga e polvilhe com farinha de trigo retirando bem o excesso

6 Pré-aqueça o forno a temperatura de 200˚C

7 Umedeça uma xícara de chá com água e polvilhe farinha de trigo. Com uma colher de sopa, retire colheradas da massa e coloque dentro da xícara enfarinhada, fazendo movimentos circulares até obter uma bolinha

8 Passe a bolinha para a assadeira preparada. Repita este procedimento para toda massa enfarinhando a xícara sempre que necessário

9 Deixe um espaço entre cada uma das bolinhas pois esta massa irá crescer e dobrar de volume

10 Leve ao forno para assar por 30 minutos até dourarem e ficarem com a casca levemente rachada, crocante e completamente cozida por dentro.

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[bs_row class=”row”][bs_col class=”col-xs-2″][/bs_col][bs_col class=”col-xs-10 azul”]
Receita de paçoca (da professora Marina Hernandez)

Do tupi “po-çoc”, que significa esmigalhar, é um doce tradicional brasileiro feito a partir de base de amendoim ou outra oleaginosa, farinha de mandioca e açúcar. Típico da comida caipira dos estados de Goiás e São Paulo.

Rendimento: 40 unidades pequenas
Tempo aproximado de preparo: 30 minutos
Dinâmica de trabalho: 1 receita ou ½ receita para 4 pessoas
[bs_citem title=”” id=”citem_5422-8f94″ parent=”collapse_e98f-4f2c”]

Utensílios necessários:
1 liquidificador
1 colher de pau
1 tigela média
Aros de inox 2 a 3 cm de diâmetro ou canos de PVC 2 a 3 cm de diâmetro ou papel manteiga (enrolados em forma de cones)

Ingredientes:
2 xícaras (de chá) de amendoim torrado e sem casca
2 xícaras (de chá) de açúcar
2 xícaras (de chá) de farinha de mandioca torrada
1 pitada de sal

Preparo:
1 Moa o amendoim no liquidificador

2 Junte o açúcar e bata até ficar homogêneo

3 Junte a farinha de mandioca, a pitada de sal e misture bem

4 Coloque todos os ingredientes em uma tigela e amasse bem com as mãos, para que o óleo do amendoim se solte para poder grudar bem

5 Coloque em forminhas para moldar ou em canudinhos de papel. Pode-se usar canos de PVC cortados ou aros de inox de 2 – 3 cm de diâmetro

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*Betty Kövesi é diretora da Escola Wilma Kövesi de Cozinha, em São Paulo. Professora de cozinha com foco em crianças e adolescentes, é coautora ao lado de Gabriela Martinoli do livro ‘Vamos pra Cozinha?’ (Editora DBA, 2011)

**Marina Hernandez é chef de cozinha, professora em gastronomia e consultora para desenvolvimento de conteúdo gastronômico para diversas mídias. Integra o corpo docente da Escola Wilma Kövesi de Cozinha, da Faculdade Univali em Santa Catarina e presta consultoria para restaurantes e empresas de alimentação.

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