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Porta-voz da PM-SP insinua vínculo entre site e crime e depois recua

Em público, Emerson Massera sugeriu que a Ponte Jornalismo teria vínculos com o crime organizado; em privado, pediu desculpas

Massera: insinuação e desculpas
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Emerson Massera, major e porta-voz da Polícia Militar de São Paulo, usou seu perfil no Facebook para acusar a Ponte Jornalismo, site dedicado à cobertura de temas de segurança pública e direitos humanos, de ter vínculos com o crime organizado. Horas depois de fazer o comentário, Massera removeu a postagem e, em privado, pediu desculpas a uma jornalista da Ponte.

A opinião de Massera foi publicada na rede social na noite de terça-feira 4. Ao compartilhar um texto do desembargador Ivan Sartori, titular da 4ª Câmara do Tribunal de Justiça de São Paulo, o major da PM escreveu: “Haveria uma Ponte entre o jornalismo e o crime?”

Horas depois, o policial militar removeu seu comentário do Facebook. Por e-mail, afirmou a uma jornalista que gostaria de se retratar. “O trabalho sério e competente que você faz”, escreveu Massera, o levou “a escrever esta carta para pedir desculpas pela declaração (…) que foi interpretada como insinuação de que a Ponte Jornalismo recebe dinheiro do crime”.

Massera O major afirma ter “relação de cordialidade com alguns profissionais que colaboram com o site” e “lamenta” ter se “expressado de forma infeliz e injusta”.

Massera é conhecido por suas posições polêmicas. Como mostrou a própria Ponte Jornalismo em junho, o porta-voz da PM afirmou, somente neste ano, que o ouvidor da Polícia, Julio Cesar Neves, não é honesto, que o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) não é um órgão isento, que um advogado teria feito algo ilegal para proteger uma vítima e acusar PMs, e que machismo e feminismo são a mesma coisa.

O comentário de Massera serviu como complemento ao que escreveu o desembargador Ivan Sartori na tarde de terça-feira 4. Na postagem compartilhada pelo porta-voz da PM, Sartori, um dos responsáveis pela anulação do julgamento dos PMs considerados culpados pelo massacre do Carandiru, sugeriu que parte dos jornalistas brasileiros são financiados por criminosos.

“Diante da cobertura tendenciosa da imprensa sobre o caso Carandiru, fico me perguntando se não há dinheiro do crime organizado financiando parte dela, assim como boa parte das autodenominadas organizações de direitos humanos”, escreveu o magistrado.

A posição de Sartori teve grande destaque na mídia, pois além de considerar que o juri deveria ter sido anulado, como fizeram seus colegas na 4ª Câmara do TJ (Camilo Léllis e Edison Brandão), ele defendeu a absolvição dos PMs responsáveis pela ação que culminou na morte de 111 presos, a maior parte com tiros na cabeça e no pescoço. “Não houve massacre, houve legítima defesa“, afirmou.

Chamou atenção, também, o perfil de Sartori. Conhecido como um juiz linha-dura, responsável por condenar a seis meses de prisão um homem que, alegando fome, roubou cinco salames de um supermercado em Poá (SP), ele se mostrou clemente com os policiais militares e com a Polícia Militar, instituição que considera “parceira”.

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